O Manejo Florestal é um conjunto de técnicas e práticas de gestão empregadas para administrar a floresta cuidadosamente considerando-se suas características e condicionantes ambientais e econômicas e o conhecimento técnico e científico existente, visando com que a produção da floresta seja contínua ao longo dos anos.
A sustentabilidade deve ser avaliada pelos critérios econômico, social e ambiental. Melhor dizendo, a sustentabilidade a longo prazo do manejo florestal dependerá da viabilidade econômica, que não é fundamental somente para conservá-las, mas também auxilia nas funções ecológicas e sociais da floresta.
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Em análises econômicas de projetos, muitas vezes, valorizam-se somente a madeira. O custo decorrente da produção feita de forma insustentável, com desmatamentos e explorações seletivas predatórias, com consequente impacto ecológico, social e econômico, não são contabilizados e incorporados aos preços de mercado das madeiras, ocasionando distorções que comprometem a competitividade do produto originado de processos de manejo sustentável.
Toda atividade de manejo tem um potencial de gerar custos e benefícios diretos e indiretos no ambiente ecológico e socioeconômico, tornando complexa a realização de análises econômicas de projetos de manejo sustentável de florestas. Entretanto, existem métodos e técnicas de valoração de florestas naturais que colaboram para a análise integrada das funções da floresta, agregando valores aos projetos de manejo.
O valor econômico de uma floresta natural e dos demais recursos é uma medida da sua contribuição para o bem-estar social, à proporção que seu uso altera o nível de produção e consumo da sociedade, podendo ou não estar associado diretamente ao seu uso. Desse modo, o valor econômico total de uma floresta natural (VEF), engloba valores de uso (VU) e de não uso(VNU) e é obtido por meio da aplicação de técnicas e métodos que permitem medir e estimar seus atributos em valores monetários como medida-padrão da economia.
VEF=VU+ VNU
Os valores de uso envolvem os valores de uso direto (atividades de colheita de produtos madeireiros e não-madeireiros, recreação, caça, pesca), os valores de uso indireto, que fazem referência às funções ecológicas e o valor de opção, resultante da opção de usar a floresta no futuro.
Os valores de não uso referem-se aos valores dos recursos florestais não vinculados a nenhum de seus usos. Neles incluímos o valor de herança, que fazem referência aos benefícios econômicos de saber que outros se beneficiarão dos recursos florestais no futuro, e o valor de existência, que é o benefício econômico da existência de um recurso ambiental, embora ele não seja conhecido e nem usado.
Métodos de Valoração Econômica de Florestas
Diferentes métodos podem ser utilizados para a avaliação econômica de projetos de manejo florestal.
Para estimar o valor monetário de um produto florestal, primeiro avalia-se o estoque do produto florestal, por espécie, classe e tamanho e, classe de qualidade, mediante a realização de inventário florestal, depois, obtém-se os preços de mercado mediante uma pesquisa dos preços praticados, em que são realizadas as compras e vendas do referido produto e, por último, calcula-se o valor monetário por hectare, mediante a multiplicação do valor do estoque, pelo preço de mercado.
Algebricamente, o valor monetário do j-ésimo produto e o valor monetário total da floresta podem ser estimados pela solução das expressões:
VMPj = Qj × Pj e VMF= ∑VMj
Onde, Qj é a quantidade do j-ésimo produto ou bem, Pj é o preço ou valor de mercado do j-ésimo produto ou bem, VMPj é o valor monetário do j-ésimo produto, em R$/ha ou em US$/há e VMF é o valor monetário total da floresta, em R$/ha ou em US$/ha.
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É um método simples e fácil de estimar. Sua maior restrição refere-se ao fato do mesmo não incluir os benefícios futuros da produção florestal. É empregado com frequência pelas empresas, como meio de orientar suas transações comerciais.
Valor Presente Líquido
A viabilidade econômica de um projeto analisada pelo valor presente líquido (VPL), é indicada pela diferença positiva entre receitas (R) e custos (C)atualizados para determinada taxa de desconto:
O VPL positivo, indica que o projeto é economicamente viável para determinada taxa de desconto, ou seja, trata-se de um projeto mais atrativo.
Valor anual equivalente
O Valor Anual Equivalente (VAE) é a parcela periódica e constante necessária ao pagamento de uma quantia igual ao VPL da opção de investimento em análise, ao longo de sua vida útil. Ou seja, o VAE transforma o valor atual do projeto ou o seu VPL em fluxo de receitas ou custos periódicos e contínuos, equivalentes ao valor atual, durante a vida útil do projeto.
Para uma taxa de juros “i” unitária, relativa ao mesmo período que o adotado para o intervalo entre os fluxos de caixa, o VAE de um projeto pode ser calculado pela seguinte fórmula:
Onde,”i” é a taxa de desconto ao ano e “n” é a duração do projeto em anos.
Valor esperado da terra
O valor esperado da terra é um termo florestal usado para representar o valor atual líquido de uma área de terra nua, a ser utilizada para a produção de madeira, calculado com base numa série infinita de rotações. Ele é utilizado também para determinar a rotação econômica e o preço máximo de compra de terra nua, considerando uma série infinita, bem como para selecionar projetos com diferentes horizontes de planejamento.
Além dos cálculos já citados, a taxa interna de retorno, a razão benefício/custo, o custo médio de produção, e a análise de sensibilidade devem ser avaliados. Mas trataremos desses outros tópicos numa outra oportunidade.
Veja também:
- Como estabelecer o custo do Inventário Florestal
- Manejo Florestal de Precisão
- Sistemas de colheita para o manejo florestal
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