Em ambientes naturais as abelhas nativas, dentre outros agentes polinizadores, são responsáveis pela reprodução vegetal de diversas famílias da flora, aumentando a produtividade e a variabilidade dos vegetais através da polinização cruzada. Seu trabalho é tido como um serviço ecológico-chave para a manutenção e a conservação dos ecossistemas. Possuem papel estratégico na reconstituição de florestas tropicais e conservação de remanescentes florestais, podendo voar até as árvores mais altas e trabalhar na regeneração das florestas primárias.
Um bom exemplo deste cenário é a castanheira, árvore alta, nativa da Amazônia, que é vinculada à polinização cruzada (grãos de pólen de uma flor são transportados para estruturas reprodutivas femininas de outra flor da mesma espécie). Ela depende completamente dos serviços de polinização realizadas por abelhas para a formação da castanha-do-pará (castanha-do-brasil). Com a colônia instalada em certo local, as abelhas conseguem saber qual o melhor horário para coletar pólen, elas observam a flora próxima à colmeia e associam com a intensidade da luz do dia.
Além disso, a conservação de árvores como locais para alojamento de ninhos é crucial para a sobrevivência das abelhas em ambientes naturais. No entanto, mesmo com a grande importância ecológica, muitas espécies são dizimadas pelo desmatamento que resulta na eliminação do recurso floral responsável pela alimentação dos polinizadores e outros animais, além da destruição dos ninhos abrigados nas árvores derrubadas. Ações combinadas de reflorestamento, proteção das margens e encostas dos rios, programas de educação ambiental, além do manejo racional de abelhas nativas, principais polinizadores da floresta, são fundamentais para reverter o cenário no Brasil.
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Na busca de pólen, sua refeição, estes insetos polinizam plantações de frutas, legumes e grãos. Esta polinização é indispensável, pois é através dela que cerca de 80% das plantas se reproduzem. Como alertava Einstein “se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.” Assim, as abelhas afetam a nossa vida diariamente sem que percebemos. A nível alimentar, aproximadamente dois terços dos alimentos que ingerimos são produzidos com a ajuda da polinização das abelhas.
É sugerido que todos os apicultores devem manter uma colmeia nas suas propriedades para aumentar a produtividade das culturas tradicionais, como o milho e feijão, garantindo a produção de alimentos que dependem da polinização das abelhas. Este é o reconhecimento de que, sem as abelhas, a segurança alimentar da Humanidade fica ameaçada. Sem elas, tanto a renovação das matas e florestas, como a produção mundial de frutas e grãos ficariam comprometidas. O equilíbrio dos ecossistemas e da biodiversidade sofreria um sério impacto, o que afetaria diretamente o ser humano de diversas maneiras.
Abelha europeia ou melífera
A famosa listradinha de preto e amarelo é a preferida dos apicultores, porque é a melhor produtora de mel. Entretanto, também tem um papel fundamental na agricultura, sendo a maior polinizadora das abóboras, por exemplo, e de muitos outros vegetais.
Abelha sem ferrão
Existem muitas espécies de abelhas que não possuem ferrão. As principais são: a irapuã, que também é bastante utilizada na produção de mel e também tem uma grande atuação na agricultura; a jataí, que é fã de flores ornamentais; e a mirim, que os produtores de morangos levam para morar na plantação deles e impedir deformidades genéticas nos frutos, porque a polinização leva genes de uma planta para outra, impedindo a consanguinidade, isto é, a mistura de genes semelhantes entre flores de uma mesma planta, que são como “flores irmãs”.
As abelhas conhecidas como mamangavas, não são utilizadas na extração de mel, mas são indispensáveis no cultivo dos maracujás. A fruta raramente se desenvolve sem polinização, e essa abelha é tão relacionada a ela, que não reconhece variedades transgênicas e só aceita maracujás “originais”.
Economia
Nossa agricultura cresceu consideravelmente na parte de produção e qualidade técnica nas últimas décadas, estabelecendo o Brasil como um dos polos produtores mundiais de alimentos. Sem as abelhas, não perderíamos só o mel e os produtos agrícolas.
A produção de animais para consumo sofreria grandes perdas, a vida selvagem de uma forma geral também sofreria, sem elas a vegetação seria drasticamente reduzida e, assim, a vida em geral.
Estima-se que os serviços ecossistêmicos da polinização correspondam a cerca de 10% do PIB agrícola, representando a incrível cifra superior a U$ 200 bilhões por ano, no mundo, segundo o site “Sem abelha, sem alimento”.
Atualmente, a economia brasileira se fortaleceu muito com a exportação de mel, venda das abelhas nativas e a utilização da cera e do mel como remédio.
Razões para preocupação
Utilização excessiva de pesticidas ou agrotóxicos destinados a matar alguns animais que afetam a agricultura, tem vindo, igualmente, a matar abelhas. De forma semelhante, outros químicos, utilizados para promover um maior crescimento das plantas, prejudicam a polinização, colocando em risco o próprio ecossistema.
As ameaças sobre as abelhas incluem a própria apicultura. O número de apicultores tem aumentado progressivamente, sendo que muitos desrespeitam as regras de distância de 800 metros entre apiários, levando as abelhas a entrar em competição e registando-se, também, muitas perdas devido à fome e má nutrição.
Programa Nacional de Abelhas Nativas ( PNAN)
A função do PNAN é trabalhar em ações de longo prazo voltadas para a conservação das abelhas nativas. O programa tem sede no Departamento de Biologia da Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e conta com o auxílio de colaboradores, pesquisadores, estudantes, gestores públicos e produtores rurais de todo o Brasil.
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