O Levantamento Fitossociológico tem por objetivo a quantificação da composição florística, estrutura, funcionamento, dinâmica e distribuição de uma determinada vegetação.
Para descrever essas características da comunidade vegetal é usual utilizar parâmetros fitossociológicos que, em última análise, hierarquizam as espécies segundo sua importância na estruturação da comunidade.
A lógica aqui é que diferentes comunidades terão contribuição diferente de distintas espécies, com relação ao número de indivíduos, sua biomassa ou sua distribuição. Ou seja, duas florestas podem ter a mesma densidade média, altura média, área basal, ou mesmo a mesma composição de espécies e mesmo assim apresentar hierarquia de espécies completamente distinta, representando portanto comunidades distintas.
Os estudos fitossociológicos, florísticos e estruturais de remanescentes florestais são extremamente importantes, sendo o ponto inicial para adoção de critérios e metodologias visando o manejo, conservação, a produção de sementes e mudas, a identificação de espécies ameaçadas, a avaliação de impactos e o licenciamento ambiental.
Além da composição da flora, ele fornece informações sobre volume, sortimentos, área basal, altura média das árvores dominantes, biomassa e diâmetro médio. Outras características também podem ser consideradas, como: densidade, dominância, índice de valor de importância, posição sociológica, índice de regeneração natural, etc.
Hoje falaremos especificamente dos Cálculos da Estrutura Horizontal e da Estrutura Vertical.
Cálculos da Estrutura Horizontal
A estrutura horizontal é a organização e distribuição espacial dos indivíduos na superfície do terreno. As estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal incluem a frequência, a densidade, a dominância, e os índices do valor de importância e do valor de cobertura de cada espécie amostrada.
Frequência
A frequência expressa o número de ocorrências de uma determinada espécie nas diferentes parcelas alocadas; pode ser frequência absoluta, quando obtida pela percentagem das parcelas em que a espécie ocorre, ou frequência relativa, obtida pela soma total das frequências absolutas, para cada espécie.
Onde:
FAi = frequência absoluta da i-ésima espécie na comunidade vegetal;
FRi = frequência relativa da i-ésima espécie na comunidade vegetal;
ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;
ut = número total de unidades amostrais;
P = Número de espécies amostradas.
Densidade
A densidade é o número de indivíduos de cada espécie ou do conjunto de espécies que compõem uma comunidade vegetal por unidade de superfície, geralmente hectare. A densidade relativa diz respeito ao número de indivíduos total de uma mesma espécie por unidade de área, e a densidade relativa revela, em porcentagem, a participação de cada espécie em relação ao número total de indivíduos de todas as espécies.
em que:
DAi = densidade absoluta da i-ésima espécie, em número de indivíduos por hectare;
ni = número de indivíduos da i-ésima espécie na amostragem;
N = número total de indivíduos amostrados;
A = área total amostrada, em hectare;
DRi = densidade relativa (%) da i-ésima espécie;
DT = densidade total, em número de indivíduos por hectare (soma das densidades de todas as espécies amostradas).
Dominância
A dominância é um parâmetro que expressa a influência de cada espécie na comunidade, através de sua biomassa. A dominância absoluta é obtida através da soma das áreas basais (AB) dos indivíduos de uma mesma espécie, por hectare. A dominância relativa corresponde à participação, em percentagem, em relação à área basal total (ABT):
Em que:
DoA i = dominância absoluta da i-ésima espécie, em m² /ha;
ABi = área basal da i-ésima espécie, em m², na área amostrada;
A = área amostrada, em hectare;
DoRi = dominância relativa (%) da i-ésima espécie;
DoT = dominância total, em m²/ha (soma das dominâncias de todas as espécies).
ABT = Área Basal Total (m²)
Valor de Importância
O Valor de Importância é o somatório dos parâmetros relativos de densidade, dominância e frequência das espécies amostradas, informando a importância ecológica da espécie em termos de distribuição horizontal. Ele é calculado pelas equações:
VI = Valor de Importância absoluto
VI% = Valor de Importância relativo
DRi = densidade relativa (%) da i-ésima espécie;
FRi = frequência relativa da i-ésima espécie na comunidade vegetal
DoRi = dominância relativa (%) da i-ésima espécie;
Valor de Cobertura
O Valor de Cobertura é o somatório dos parâmetros relativos de densidade e dominância das espécies amostradas, informando a importância ecológica da espécie em termos de distribuição horizontal, baseando-se, contudo, apenas na densidade e na dominância.
DRi = densidade relativa (%) da i-ésima espécie;
DoRi = dominância relativa (%) da i-ésima espécie;
VCi =Valor de cobertura;
VCi% = Valor de cobertura em (%).
Cálculos da Estrutura Vertical – Posição Sociológica
A análise da estrutura vertical nos dá uma ideia da importância da espécie considerando a sua participação nos estratos verticais que o povoamento apresenta. Os estratos verticais encontrados na floresta podem ser divididos em: espécies dominantes, intermediárias e dominadas. Aquelas espécies que possuírem um maior número de indivíduos representantes em cada um desses estratos certamente apresentarão uma maior importância ecológica no povoamento em estudo.
As estimativas de Posição Sociológica Absoluta ( PSAi ) e Relativa ( PSRi ), por espécie, são obtidas pela solução das expressões:
Em que:
VFij = valor fitossociológico da i-ésima espécie no j-ésimo estrato;
VFj = valor fitossociológico simplificado do j-ésimo estrato;
nij = número de indivíduos de i-ésima espécie no j-ésimo estrato;
Nj = número de indivíduos no j-ésimo estrato;
N = número total de indivíduos de todas as espécies em todos os estratos;
PSAi = posição sociológica absoluta da i-ésima espécie;
PSRi = POS (%) = posição sociológica relativa (%) da i-ésima espécie;
S = número de espécies;
m = número de estratos amostrados.
Cálculos da Estrutura Vertical – Regeneração Natural
Consiste no levantamento dos descendentes das plantas arbóreas. Os parâmetros para Regeneração Natural são calculados utilizando as mesmas fórmulas que as utilizadas para árvores adultas, porém, considerando dados de árvores e parcelas em regeneração.
São obtidos valores das classes absoluta e relativa de tamanho da Regeneração Natural, pela expressão:
Em que:
CAT i = classe absoluta de tamanho da regeneração da i-ésima espécie;
CRT i = classe relativa de tamanho da regeneração da i-ésima espécie;
n ij = número de indivíduos da i-ésima espécie na j-ésima classe de tamanho;
N j = número total de indivíduos na j-ésima classe de tamanho;
N = número total de indivíduos da regeneração natural em todas as classes de tamanho.
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