Começou no último dia 01/11/2021 a 26ª Conferência das Nações Unidas Sobre a Mudança do Clima, a COP26. O evento ocorre até o dia 12/11/2021, em Glasgow, na Escócia. A COP26 foi muito esperada, pois teve a sua programação inicial, prevista para ocorrer em novembro de 2020, adiada devido à pandemia. Confira nesse texto o que esperar desse grandioso evento que está movimentando o mundo!
O que é a COP?
A sigla COP é correspondente à Conference of Parties ou Conferência das Partes, em português. A COP ocorre anualmente e visa monitorar e revisar a implementação da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima. Nada mais é do que um tratado, que conta com 197 países, denominados como partes, reunidos com o grande intuito de reduzir o impacto da atividade humana no clima.
A COP26 corresponde à 26ª edição desse encontro. Nesses eventos ocorrem muitas reuniões paralelas, que atraem pessoas do setor empresarial, ativistas do clima, empresas de combustíveis fósseis, entre outros.
Breve histórico das COP’s
A primeira COP ocorreu no ano de 1995, em Berlim. Desde lá, encontros anuais foram realizados, alguns de elevada importância, como a COP3 e a COP21. Na COP3 foi firmado o Protocolo de Kyoto, substituído posteriormente na COP21, pelo Acordo de Paris. A COP, historicamente, é organizada anualmente desde 1995 pela Organização das Nações Unidas (ONU), com exceção dos anos de 2001, 2019 e 2020.
Por que está se falando tanto da COP26?
A COP26 está sendo muito aguardada, pois é considerada uma edição decisiva! Isso porque, desde a edição número 21 sediada na França em 2015, que todos os países participantes decidiram trabalhar em conjunto para conter o aquecimento global. Foi na COP21 que nasceu o famoso Acordo de Paris, que tem basicamente como objetivo limitar o aumento da temperatura do planeta a 1,5°C até o ano de 2050.
A partir dessa decisão, os países participantes se comprometeram a desenvolver planos nacionais, indicando como e quanto eles reduziriam das suas emissões de gases do efeito estufa (GEE). Ficou também alinhado que esses acordos seriam discutidos e atualizados a cada cinco anos, sendo que agora, na COP26, ocorrerão, pela primeira vez, esses debates.
Muito mais importante que revisar esses planos, é compreender que, até o momento, os compromissos que foram assumidos não contribuíram para o alcance fatível da meta de 1,5°C a longo prazo. Muito provavelmente, o que for acordado na COP26 será decisivo para se atingir a meta firmada no Acordo de Paris.
Quais pontos serão abordados na COP26?
Segundo a organização da COP26, os debates serão divididos em quatro principais frentes:
- Mitigação: definição das metas para a redução das emissões de GEE pelos países até o ano de 2030, visando atingir o objetivo de alcançar emissões líquidas zero até a metade desse século;
- Adaptação: visa traçar medidas que podem ser adotadas para adaptar e proteger comunidades e ecossistemas que já estão sendo impactados pelas mudanças climáticas;
- Finanças: nessa frente, será estabelecida a viabilidade financeira que garanta as emissões globais a nível zero, seja por meio de tecnologias e inovação, principalmente voltadas a uma economia mais verde;
- Colaboração: visa incentivar cooperações entre governos, sociedade civil e meio privado com o intuito de tornar o Acordo de Paris realmente operacional.
O que esperar da participação do Brasil na COP26?
A participação do Brasil com certeza é muito esperada nessa COP26, já que somos considerados como um dos países protagonistas no que concerne às negociações climáticas. Além disso, estamos com um grande zoom ambiental voltado para nós, principalmente devido às notícias relacionadas ao aumento das queimadas e desmatamento ilegal das áreas de florestas nativas.
O Governo Federal lançou em outubro de 2021 o Plano Nacional de Crescimento Verde, que prevê o investimento de R$ 240 bilhões nos próximos anos voltados para projetos de conservação e desenvolvimento sustentável, com meta de atingir a neutralidade de carbono até 2050. Esse Plano parece ser o grande triunfo que o país levará para a COP26.
O Brasil conta com uma comissão com aproximadamente 100 pessoas que irá até Glasgow, sendo a segunda maior comissão que irá até o evento, atrás apenas dos Estados Unidos.
A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) terá uma delegação in loco representando o setor agropecuário brasileiro. Entre os pontos que a CNA levará para debate, está a expectativa de alinhamento da regulamentação do artigo 6° do Acordo de Paris, que trata do mercado de carbono.
É destacado pela CNA o grande potencial do Brasil como prestador de serviços ambientais, especialmente quando pensamos no grande ativo florestal que possuímos, essencial para captação de recursos no que diz respeito ao mercado de carbono. Dentro do escopo do Plano Nacional de Crescimento Verde, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) lançou recentemente a segunda etapa do Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas, o Plano ABC.
A atualização levou o nome de Plano ABC+, que tem como nova meta reduzir a emissão de carbono equivalente em 1,1 bilhão de toneladas do setor agropecuário, valor esse sete vezes maior do que foi obtido na primeira década de atuação do Plano ABC.
O que esperar da COP26?
É inegável que as expectativas para a COP26 estão altas: só no mês de setembro, as buscas pelo termo COP26 foram dez vezes maiores do que nos seis meses anteriores! Isso nos mostra que a curiosidade e interesse das pessoas sobre o tema é grande, e com toda razão. Os olhos do mundo estarão voltados para esse encontro!
De maneira geral, espera-se que na COP26 sejam de fato estabelecidas as ações necessárias para que as partes integrantes zerem as emissões até 2050.
Entre as ações que se esperam, encontram-se: alterar a matriz energética baseada em carvão mineral, diminuir o desmatamento e incentivar os investimentos em energias renováveis.
Outra grande expectativa ronda a questão da regulamentação do mercado de carbono, ação ligada ao chamado Livro de Regras de Paris. Nesse livro, estarão descritos como de fato o Acordo de Paris será executado.
E por fim, mas de maneira alguma menos importante, se faz muito necessário pensar em investimentos financeiros para colocar todos esses planos em ação, como também refletir, cada vez mais, na implantação de uma economia cada vez mais verde!
Aguardemos os próximos capítulos dessa história!
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