Estamos chegando ao fim de mais um ano e nesta época é comum a publicação de relatórios com os balanços nas mais diversas áreas, a fim de verificar o desempenho de diferentes setores. Aqui, vamos abordar sobre o desempenho do setor florestal.
Com posição de destaque no desenvolvimento de uma economia de baixo carbono, o setor de base florestal é destacado por sua alta produtividade, tecnologia incorporada, melhores práticas de manejo florestal, responsabilidade social e modernas instalações produtivas. Veja a seguir os principais destaques do setor e seu desempenho ao longo de mais um ano.
Aspectos Econômicos do Setor
O setor de árvores cultivadas, que inclui fabricação de produtos de madeira e celulose, papel e produtos de papel, painéis de madeira, pisos laminados e carvão vegetal para aço verde, gera emprego e renda para o Brasil, atuando de maneira social e ambientalmente responsável.
Em 2019 o setor registrou uma receita bruta de R$ 97,4 bilhões, o que representou um crescimento de 12,6% em relação ao ano de 2018.
Tivemos um ano de crises políticas, com demora na aprovação da Reforma da Previdência, dificuldade de recuperação do mercado de trabalho e um cenário internacional acirrado que afetou negativamente as contas externas brasileiras e desvalorização do Real, o que fez com que grande parte dos segmentos produtivos sofresse perdas. Desta maneira, o Produto Interno Bruto Brasileiro cresceu 1,1% em 2019, porém a cadeia produtiva florestal contribuiu com 1,2% (valor adicionado) na formação do PIB brasileiro neste mesmo ano.
Contribuição para a Balança Comercial
Apesar do ano ter sido desafiador, a contribuição do setor florestal na balança comercial permaneceu significativa, fechando com o saldo de US$ 10,3 bilhões em 2019, o segundo melhor resultado dos últimos 10 anos.
As exportações do setor apresentaram um valor total de US$ 11,3 bilhões, o que representa queda de 8,7% devido principalmente à retração de 4,8% nos preços. Assim como em 2018, os dois principais países destinos das exportações brasileiras em 2019 foram China e Estados Unidos que somam US$ 5,5 bilhões em exportações, uma participação de quase 50% do setor.
Arrecadação de Tributos
O setor foi responsável pela geração de R$13 bilhões em tributos federais, o que corresponde a 0,9% da arrecadação total do Brasil. Este valor representa um aumento de 3,3% em relação à arrecadação de 2018, em função dos segmentos de produtos florestais e celulose e papel, que tiveram um crescimento de 4,0% e 6,0% respectivamente, entre os anos de 2018 e 2019.
Geração de Emprego
Apesar da alta taxa de desemprego no País em 2019 (11,9%), o setor de base florestal continua realizando investimentos, não só em projetos de expansão, mas também em novas unidades, o que resulta em geração de emprego e oportunidades. Assim, a força de trabalho na cadeia apresentou crescimento através da geração de 1,3 milhão de postos de trabalho no período.
Investimentos Produtivos
O investimento produtivo total do setor foi de R$ 4,6 bilhões em 2019. Do total investido, R$ 3,0 bilhões foram da área industrial e R$ 1,6 bilhão da área florestal. As prioridades dos investimentos foram a expansão da capacidade produtiva com direcionamento de R$ 2,1 bilhões e a formação de plantios com R$ 1,0 bilhão.
Área Plantada
Em 2019, a área total de árvores plantadas totalizou 9,0 milhões de hectares, um aumento de 2,4% em relação a 2018 (8,79 milhões de hectares). Desse total, a maioria (77%) é de cultivo de eucalipto, com 6,97 milhões de hectares, e 18% de pinus, com 1,64 milhão de hectares. Além desses cultivos, existem 0,39 milhão de hectares plantados de outras espécies, entre elas a seringueira, acácia, teca e paricá.
Os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina continuam sendo os maiores detentores de florestas plantadas no País. Os plantios de pinus concentram-se na região Sul, com 87% do total, sendo o Paraná o principal produtor. Entre a produção de outras espécies, Mato Grosso se destaca com plantação de teca, Rio Grande do Sul e Roraima com acácia e Mato Grosso do Sul, seringueira.
Produtividade e Rotação das Florestas
A adoção de boas práticas de manejo, o melhoramento genético e as condições edafoclimáticas do Brasil nos levaram a um reconhecimento mundial da alta produtividade, em comparação com os demais países.
Em 2019, o Brasil apresentou uma produtividade média de 35,3 m³/ha/ano nos plantios de eucalipto. Essa ligeira queda pode estar associada ao efeito das mudanças climáticas, expansão para novas áreas, fatores bióticos e abióticos. Já no plantio de pinus, houve um aumento de produtividade para 31,3 m³/ha que pode estar relacionado a alguns fatores como os programas de melhoramento genético e fertilidade do solo, de nutrição de plantas de viveiro e a mecanização de plantios que antes eram semi mecanizados.
Produção Industrial
- Celulose:
Em 2019, nos mantivemos como o segundo maior produtor de celulose do mundo, atingindo a marca de 19,7 milhões de toneladas fabricadas. Houve leve recuo em relação a 2018 (-6,6%), em função da estratégia de parte da indústria em buscar um maior ajuste entre a oferta e a demanda. A qualidade e origem ambientalmente correta do produto mantiveram o segmento nacional como um dos mais desejados do mundo. De toda a produção, 75% foi destinada para exportação, totalizando 14,7 milhões de toneladas. O mercado doméstico foi responsável pelo consumo de 5,2 milhões de toneladas.
- Papel:
O Brasil está entre os 10 maiores produtores de papel do mundo. A produção de papel no Brasil subiu 1,0% em 2019, somando 10,5 milhões de toneladas. A alta foi puxada especialmente pelos papéis para fins sanitários e para embalagem, que somaram 1,3 milhão de toneladas (+6,2%) e 5,5 milhões/ton (+2,4%), respectivamente. As exportações cresceram 7,2% em relação ao ano anterior, registrando um total de 2,2 milhões de toneladas. O mercado doméstico manteve-se como principal foco das vendas (79%) de papel.
- Painéis de Madeira e Pisos Laminados:
O volume de vendas domésticas de painéis de madeira foi de 6,9 milhões de m³, mantendo-se relativamente estável em relação a 2018. As vendas de MDF totalizaram 3,9 milhões de m³ (21,3%), MDP 2,8 milhões de m³ (estável) e chapas de fibra 165 mil m³.
Já o volume de vendas de pisos laminados totalizou 10,4 milhões de m² (-6,6%) em 2019. Setor tradicional brasileiro, a indústria de painéis de madeira está concentrada principalmente na região Sul do País, principalmente por sua ligação com os pólos moveleiros. Os principais mercados dos painéis de madeira brasileiros são Estados Unidos e México.
- Carvão Vegetal:
De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o consumo de carvão vegetal cresceu 3,7% em 2019, chegando a 5,3 milhões de toneladas. O setor de árvores cultivadas manteve participação constante de 95% da produção de carvão vegetal. O consumo do produto aumentou de 4,9 para 5,1 milhões de toneladas em 2019. A maioria das 180 principais unidades produtoras de porte médio e grande de ferro-gusa, ferro liga e aço no Brasil utiliza o carvão vegetal em seu processo de produção. O principal polo de consumo de carvão vegetal encontra-se em Minas Gerais, com mais de 40% das empresas.
- Produtos Sólidos de Madeira:
Segundo estimativas, a produção de madeira serrada caiu 3,5%, o que totaliza 9,9 milhões de m³ em 2019, segundo dados da FAO. Mais de 90% da produção brasileira é direcionada ao próprio mercado doméstico. Em 2019, as exportações recuaram 12% e as importações aumentaram 21%. No ranking entre os dez maiores produtores de madeira serrada no mundo, o Brasil se encontra na nona posição. China e Estados Unidos são os principais produtores mundiais.
Como podemos observar, no Brasil o setor de árvores plantadas tem sido um importante indicador de desenvolvimento econômico, social e ambiental, uma vez que promove mudanças econômicas locais, oferecendo novas oportunidades de trabalho e gerando renda para a população, bem como contribuindo com a adaptação e mitigação das mudanças climáticas e na provisão de serviços ecossistêmicos.
Portanto, esta é uma indústria de olho no futuro, que investe em pesquisa para desenvolver produtos que estejam alinhados à bioeconomia e é esta visão moderna que vem permitindo crescimento do setor, mesmo em anos difíceis como foi o ano de 2019 e agora o de 2020.
Referência:
- Relatório IBA 2020
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