Os parâmetros fitossociológicos da estrutura vertical engloba a posição sociológica, que fornece a composição florística dos diferentes estratos verticais da floresta. Diante disso, quero mostrar nesse post como realizar os cálculos da estrutura vertical da floresta no Mata Nativa e como no post anterior (Para acessar o post anterior clique aqui), passar algumas dicas de interpretação e apresentação dos resultados no relatório técnico.
Veja também: Fórmulas da Estrutura Vertical
Estrutura Vertical
As estimativas dos parâmetros da estrutura vertical, somados às estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal propiciam uma caracterização mais completa da importância ecológica das espécies no povoamento florestal. Os parâmetros fitossociológicos da estrutura vertical abrangem a posição sociológica, que fornece a composição florística dos diferentes estratos verticais do povoamento. Dessa forma, para estudar a posição sociológica de cada espécie na comunidade vegetal é necessário, primeiro, estabelecer estratos de altura total dos indivíduos, depois, calcular o valor fitossociológico de cada estrato e, por fim, obter as estimativas dos valores absoluto e relativo da posição sociológica.
Definição dos estratos
Para estudar a posição sociológica de cada espécie na comunidade vegetal é necessário, primeiro, estabelecer estratos de altura total dos indivíduos, segundo, calcular o valor fitossociológico de cada estrato e, por último, obter as estimativas dos valores absoluto e relativo da posição sociológica de todas as espécies na comunidade. Alguns autores propõem quatro estratos: superior, médio, inferior e sub-bosque. A maioria dos pesquisadores, no entanto, tem utilizado apenas três estratos: superior, médio e inferior. O número de estratos ocorrentes na floresta é uma peculiaridade do povoamento, relacionada às diferenças em composição de espécies, relações competitivas, restrições ambientais e perturbações antrópicas ou naturais. Para estratificar florestas nativas, em termos de altura total, vários métodos têm sido propostos e empregados, no entanto, no Mata Nativa utiliza o critério de estratificação recomendado por SOUZA (1998) e utilizado por MARISCAL-FLORES (1993), que estratifica a floresta em três estratos de altura total:
Estrato Inferior – compreende as árvores com altura total (H) menor que a altura média (Hm) menos uma unidade de desvio padrão (1σ) das alturas totais, ou seja, H < (Hm – 1σ);
Estrato Médio – compreende as árvores com (Hm – 1σ) ≤ H < (Hm + 1σ);
Estrato Superior – compreende as árvores com H ≥ (Hm + 1σ).
A análise da estrutura vertical nos dá uma ideia da importância da espécie considerando a sua participação nos estratos verticais que o povoamento apresenta. Os estratos verticais encontrados na floresta podem ser divididos em: espécies dominantes, intermediárias e dominadas.
Aquelas espécies que possuem um maior número de indivíduos representantes em cada um desses estratos, certamente apresentam uma maior importância ecológica no povoamento em estudo.
5 PASSOS PARA CALCULO DA ESTRUTURA VERTICAL NO MATA NATIVA
No software Mata Nativa o cálculo da estrutura vertical pode ser feito de forma simples e rápida. Depois de realizar a importação dos dados, basta ir para o “Módulo Cálculos”, na aba “Estruturas” e sub-aba “Estrutura Vertical”. Realizado esses passos, basta clicar no ícone “Calcular” que abrirá seguinte tela para opção de cálculo. Observem que há a possibilidade de selecionar os parâmetros de interesse. Neste post vou focar no N (número de indivíduos). Na Figura 1 encontra-se a tela para realizar o cálculo no programa.
Dica de apresentação e interpretação
Para análise da estrutura vertical foram definidas 3 classes de altura. A Classe 1 inclui indivíduos com altura menor que 5,97 m; a Classe 2, indivíduos com altura entre 5,97 m e 9,76 m; e a Classe 3, indivíduos com altura maior que 9,76 m.
Os estratos superiores atingem altura máxima de 6,5 m. A média geral das alturas está em torno de 2,5 m e altura mínima registrada foi de 1,5 m.
A distribuição dos indivíduos por altura foi heterogênea apresentando alta concentração dos indivíduos nas duas classes de maior altura como pode ser visualizado Figura 2.
Figura 2 – Distribuição percentual do número de indivíduos por classe de altura.
A Classe 2, com indivíduos entre 5,97 m e 9,76 m de altura, possui o maior número de indivíduos e consequentemente o maior Valor Fitossociológico (VF) entre os estratos. As espécies que tiverem o maior número de indivíduos amostrados nesta classe também são as que apresentam maiores VF por espécie, elevando sua Posição Sociológica Absoluta e Relativa (PSA/PSR), como é o caso das espécies Dalbergia miscolobium e Kielmeyera speciosa.
Na Classe 1 formada pelos indivíduos com altura total menor que 5,97 m, destacam-se as espécies Machaerium sp.2 e Acosmiun dasycarpum, enquanto que na Classe 2, com alturas entre 5,97 m e 9,76 m destacam-se os Dalbergia miscolobium e Kielmeyera speciosa. Já na Classe 3, formada pelos indivíduos com altura total maior que 9,76 m, destacam-se as espécies Dalbergia miscolobium e Machaerium opacum.
Leia também: Cálculo e Interpretação da Estrutura Paramétrica por Espécie
Tabela 1 encontra-se a estrutura vertical das 10 espécies mais importantes ecologicamente do estudo realizado.
Tabela 1. Descrição do número de indivíduos por classe de altura total (H). A classe 1 inclui indivíduos com altura menor que 5,97 m; a classe 2 indivíduos com altura entre 5,97 e 9,76 m; e a classe 3 indivíduos com altura maior que 9,76 m. N = número de indivíduos; PSA = posição sociológica absoluta; PSR = posição sociológica relativa. A lista foi elaborada em ordem decrescente de VI (%).
Nome Científico | HT < 5,97 | 5,97<= HT < 9,76 | HT>9,76 | Total | PSA | PSR |
Dalbergia miscolobium | 22 | 292 | 62 | 376 | 191,2 | 28,77 |
Kielmeyera speciosa | 13 | 168 | 8 | 189 | 107,8 | 16,21 |
Acosmium dasycarpum | 31 | 54 | 0 | 85 | 37,68 | 5,67 |
Machaerium sp. 2 | 38 | 57 | 0 | 95 | 40,41 | 6,08 |
Machaerium opacum | 1 | 63 | 12 | 76 | 40,69 | 6,12 |
Eugenia dysenterica | 2 | 34 | 10 | 46 | 22,43 | 3,38 |
Machaerium sp. 1 | 25 | 33 | 0 | 58 | 23,76 | 3,57 |
Caryocar brasiliensis | 0 | 21 | 6 | 27 | 13,69 | 2,06 |
Hymenaea stigonocarpa | 1 | 23 | 5 | 29 | 14,98 | 2,25 |
Qualea grandiflora | 3 | 24 | 2 | 29 | 15,6 |
2,35 |
Para visualizar as fórmulas utilizadas para calcular os parâmetros da Estrutura Vertical, acesse informações técnicas clicando aqui.
Veja também:
- Planejamento da Produção Florestal
- Análise qualitativa no software Mata Nativa
- 6 passos para gestão da conformidade legal ambiental
- Parâmetros fitossociológicos
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