Já sabemos como a folha, as diferentes características da casca interna e externa e os aspectos do tronco podem contribuir para a identificação das espécies florestais. Portanto, agora conheceremos quais aspectos permitem a identificação de espécies pelas características da copa.
A copa das árvores
Podemos entender a copa como a parte ramificada que se desenvolve a partir do tronco das árvores. A copa é formada por diferentes órgãos e tecidos. Portanto, é a partir do tronco que emergem os galhos e ramos, compostos pelos mesmos tecidos existentes no caule.
Os galhos e ramos geralmente são lenhosos, e desempenham função estrutural, sustentando as folhas, flores e frutos. Desta forma, a copa é responsável pela vitalidade da planta, pois é onde se realiza toda, ou a maior parte, da fotossíntese. Além disso, permite a perpetuação da espécie, já que comporta os órgãos relacionados à reprodução.
Sobretudo, quando se identifica espécies pelas características da sua copa, a avaliação da sua posição em torno do tronco é o aspecto mais simples.
Deste modo, dois padrões de distribuição da copa são identificados. Primeiramente, as copas podem ser “altas”, quando as ramificações se concentram no topo do tronco, o que é recorrente em árvores. Em contrapartida, as copas também podem ser “baixas”, ocorrendo em situações em que o tronco se ramifica desde a base, ou quando as ramificações são descendentes, sendo este padrão mais frequente observado em arbustos ou árvores de pequeno porte.
Fatores como o ambiente onde a planta se desenvolve geralmente afetam o desenvolvimento da copa. A competição por luz faz com que árvores que crescem em florestas tendam a apresentar copas altas. Em contrapartida, indivíduos que se desenvolvem de maneira isolada geralmente apresentam copas baixas (ou mais baixas do que apresentariam em ambiente florestal), e mais frondosas.
Além da posição, a copa pode variar em dois aspectos principais: a densidade e a forma. Estas características são as que conferem importância taxonômica a esta parte das plantas.
Vejamos a seguir como as características da copa contribuem para a identificação de espécies.
Densidade
A densidade se refere ao grau de ramificação e à quantidade de folhas que a copa possui. Porém, assim como a posição da copa, esta característica pode variar em virtude do local de desenvolvimento da árvore, por exemplo.
Além disso, a idade, disponibilidade hídrica e condições nutricionais e fitossanitárias podem contribuir para a alteração da densidade da copa. Estes fatores, portanto, impõem a necessidade de uma análise rigorosa para o uso deste aspecto na identificação de espécies.
A determinação da densidade da copa é um fator primordial no setor florestal, uma vez que esta caraterística está diretamente relacionada à aplicabilidade das espécies arbóreas em diferentes projetos silviculturais e de arborização.
Densifoliada: Também chamada de “copa densa”, apenas, se refere àquelas copas com alto grau de ramificação e com grande carga de folhas. Espécies com copas densifoliadas possuem grande capacidade de sombreamento, pois retêm a maior parte da luz em sua folhagem. Neste sentido, reconhecer as espécies que possuem essa característica pode ser fundamental para determinar qual será o componente arbóreo de um Sistema Agroflorestal, por exemplo.
Paucifoliada: São as copas ralas. Nelas, as ramificações são esparsas e não formam um adensamento que impeça a visão através da copa. Espécies com este padrão geralmente não possuem grande quantidade de folhas, e podem ser indicadas, por exemplo, para consórcios com plantas que não aceitem sombreamento.
Formato
Compreende o aspecto visual que a copa apresenta. Também é um fator muito variável, principalmente pela competição por luz e pela idade do indivíduo. Mesmo assim, é uma caraterística importante na identificação de espécies pelas características da copa.
|Antes de mais nada, entenda quais os principais formatos que a copa pode ter:
Caliciforme: Designa copas com formato de taça. Neste padrão, todos os ramos alcançam a mesma altura, praticamente. A Araucária (Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze – Araucariaceae) é um exemplo de espécie com copa caliciforme, além de ser uma espécie símbolo da flora brasileira.
Colunar: Apresenta formato alongado verticalmente. Neste caso, o diâmetro varia muito pouco da base para o topo da árvore. Geralmente, as ramificações são ascendentes e tendem a crescer paralelamente ao tronco. Este padrão é comum em Gimnospermas utilizadas na arborização urbana, como Cupressus sempervirens L. (Cupressaceae).
Cônica: Também designada como piramidal ou copa em pirâmide. Ocorre quando o diâmetro da copa diminui gradativamente da base para o topo da árvore. É frequente em muitas espécies de Gimnospermas arbóreas, como as do gênero Pinus L. (Pinaceae).
Corimbiforme: Outra designação comum para este padrão é “flabeliforme”. Trata-se de copas com formato cônico invertido. Isso significa que as ramificações irradiam a partir de pontos muito próximos do tronco, e as ramificações secundárias vão conferindo volume à copa, aumentando o diâmetro da base para o seu topo. Uma espécie nativa que apresenta esse padrão é a Platypodium elegans Vogel (Fabaceae).
Elíptica: Copas alongadas verticalmente, relativamente estreita, e com as extremidades basal e apical mais estreitas. Neste formato, as ramificações geralmente são horizontalizadas e perpendiculares ao tronco. As ramificações mais basais podem ser suavemente pendentes. Espécies dos gêneros Cordia L. (Boraginaceae) e Handroanthus Mattos (Bignoniaceae) são representantes desta característica.
Estratificada: Quando as ramificações são totalmente perpendiculares ao eixo do tronco e se desenvolvem a partir de pontos específicos. Este comportamento forma estratos (ou camadas) de ramificação, que, geralmente, diminuem o tamanho da base para o topo da copa. Característica marcante em Terminalia catappa L. (Combretaceae).
Globosa: São copas em que as ramificações conferem um aspecto esférico. Geralmente copas com este formato são densifoliadas. Trata-se de um padrão bastante comum, principalmente em árvores em desenvolvimento isolado. A Manga (Magifera indica L. – Anacardiaceae) é um bom exemplo de espécie com esta conformação.
Irregular: São aquelas copas que não apresentam um formato determinado. Podem surgir naturalmente, com o crescimento da planta, ou ocasionada por fatores de competição e remoção de partes da copa.
Pendente: É o nome dado para copas com ramificações que descendem paralelamente ao eixo do tronco. Visualmente, esse padrão apresenta um aspecto ‘escorrido’. Espécies como Schinus molle L. (Anacardiaceae) e Callistemon viminalis (Sol. ex Gaertn.) G.Don (Myrtaceae) apresentam este padrão.
Umbeliforme: Ocorre quando o formato remete a um ‘guarda-chuva’. Aqui, as ramificações inferiores e medianas tendem a apresentar uma sutil descendência nas extremidades. Assim, a parte externa na copa está mais perto do solo, em relação à parte central, próxima ao tronco. Espécies de Jatobá (Hymenaea L. – Fabaceae) comumente apresentam este padrão.
Deciduidade
Este conceito se refere ao comportamento das espécies em relação ao processo de renovação da folhagem que é, em síntese, a queda das folhas maduras e emissão de novas folhas.
De antemão, esta característica não é relacionada exatamente um aspecto morfológico da copa, mas sim, fisiológico e ecológico. Contudo, se expressa pela copa, e é igualmente influenciado por fatores ambientais, como localização e clima.
Existem três padrões básicos para esta característica, sendo eles:
Decídua: Espécies que perdem totalmente a folhagem em algum período do ano, geralmente no inverno ou época seca. Muitas espécies com esse padrão costumam florescer durante esta fase, antes do surgimento das novas folhas.
Semidecídua: Assim como no caso anterior, as folhas caem em algum momento do ano, contudo, a queda não é total, e pode apresentar diferentes intensidades.
Perene: Também chamadas de espécies “sempre verdes”, são plantas que fazem a renovação das folhas constantemente, independendo da estação. Neste caso a aparência da copa é sempre a mesma. Em geral, este padrão ocorre em espécies de vegetações características de regiões úmidas, como as do bioma Amazônia.
A observação destas características, além de auxiliar na identificação de espécies pelas características da copa, contribui para a escolha correta das espécies a serem implementadas nos diferentes tipos de projetos florestais.
Gostou das dicas de como a copa pode ser utilizada para a identificação das árvores?
Se você trabalha ou tem interesse sobre essa temática, não pode deixar de conhecer nossas 5 dicas para se tornar um Identificador de Espécies de sucesso.
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