A mensuração florestal consiste na coleta de dados que permitem caracterizar a formação vegetal, seja na estimativa do potencial volumétrico, estocagem de carbono ou área basal. Em síntese, durante o inventário florestal, realiza-se a tomada de diversas medidas nas árvores inclusas na amostragem. A saber, pode-se obter estas medidas de forma direta, com o auxílio de equipamentos de medição; indiretamente, por meio de soluções geométricas ou trigonométricas; a partir de imagens aéreas, de satélite, dentre outros. Mas, quais variáveis são estas? Durante a mensuração florestal, quais características quantificar?
Variáveis obtidas por meio da mensuração florestal
O levantamento florestal consiste em quantificar e qualificar os recursos existentes em uma área pré-determinada. Em campo, o profissional deve se atentar para a mensuração das características florestais de forma precisa e acurada. Ademais, entender quais são estas variáveis e como realizar as medidas é de suma importância. A seguir, tem-se a descrição dos principais atributos mensurados durante o inventário, sua forma de medição e análise.
Diâmetro
O diâmetro é uma variável dendrométrica, de medição direta, com a qual é possível calcular a área transversal, área basal, o quociente e fator de forma de uma árvore, volume, estoque de carbono, dentre outras grandezas de interesse. Nesse sentido, cabe inferir que, o diâmetro se constitui na primeira variável independente, isto pois é de fácil acesso e possui alta correlação com outras características florestal. Em síntese, tem-se o diâmetro como uma medida em árvore de suma importância, sem a qual não existe um inventário.
O famoso DAP é o ponto no qual se realiza a medição do diâmetro da árvore. DAP é a designação para diâmetro à 1,30 metros a partir do nível do solo, também comumente definido como “Diâmetro à altura do peito”. A determinação do ponto de medida para o diâmetro se deu de forma a facilitar o trabalho, que é tido como repetitivo, uma vez que se realiza a tomada desta medida em diversas árvores durante o inventário florestal. Assim, a atividade se torna mais ergonômica.
Ademais, no tocante da caracterização da variável, a altura utilizada tem como objetivo evitar medidas em posições com irregularidades, estas muitas vezes encontradas nas bases das árvores. No entanto, cabe ressaltar que, devido a situações diversas encontradas em campo, nem sempre o diâmetro pode ser medido a 1,30 metros, exigindo que o profissional tome rápidas decisões para que o diâmetro seja tomado de forma segura. O procedimento adotado nestas situações deve ser sempre anotado e, se possível, fotografado.
Como mensurar o diâmetro?
Para a medição de diâmetros existem vários instrumentos disponíveis, estes baseados em diferentes princípios. A saber, os principais instrumentos são a suta (mecânica ou digital), fita (diamétrica ou métrica), régua de Biltmore e medidores ópticos (baseados em princípios trigonométricos).
Em geral, é importante expressar o diâmetro pela média de um conjunto de árvores. Assim, algumas das grandezas mais utilizadas para obter as médias de diâmetro são:
- Média aritmética: caracteriza distribuição de frequência;
- Diâmetro modal: valor central da classe de maior frequência;
- Diâmetro quadrático médio: corresponde ao diâmetro da árvore de área transversal média da população;
- Diâmetro das árvores dominantes: obtido por meio da média dos diâmetros das 100 árvores mais grossas por hectare.
Área Basal
A área basal pode ser descrita como a parte de uma área florestal ocupada pelos fustes das árvores que compõem esta floresta. Em outras palavras, a área basal é a área da seção de um plano ao cortar o tronco de uma árvore à altura do DAP, sendo esta definida como seção transversal, área basal individual ou área seccional, simbolizada por ‘g’. O somatório de todas as seções transversais de um hectare fornece a área basal por hectare, simbolizada por ‘G’.
A área basal é uma variável muito importante, já que se trata de uma medida de densidade, estando diretamente relacionada com o volume por hectare. Como a densidade afeta o crescimento e a produção, a área basal pode ser utilizada como variável independente no desenvolvimento de funções para predizer crescimento e produção. Além disso, a relação da área basal com a idade é muito importante na determinação do ponto de estagnação de uma floresta e do ponto máximo de crescimento.
Em síntese, a obtenção da área basal se dá pela medição do DAP das árvores, que possibilita calcular a área transversal e, consequentemente, a área basal da população. A saber, existem outros dois métodos de obtenção da área basal, contudo, pouco se utiliza destes métodos. O primeiro método consiste em relacionar o diâmetro da copa com o DAP por meio de fotografias aéreas de escala acima de 1:10.000. O segundo método utiliza a relascopia, na qual a área basal é obtida ao multiplicar o número de árvores contadas no giro amostral pelo fator de área basal escolhido no relascópio.
Quais instrumentos utilizar?
Uma vez que a área basal tem como variável base o DAP, aqui os instrumentos utilizados para obtenção da área basal são os mesmos já descritos acima.
Altura
A altura de uma árvore pode ser definida como a distância linear entre o nível do solo e seu ápice. Esta variável é fundamental para o cálculo do volume de árvores e também no estudo de sítios. Em outras palavras, a mensuração da variável permite realizar cálculos de incremento em altura e volume. Nos métodos estimativos, a altura também entra como a segunda variável independente nas tabelas de volume, funções de afilamento, entre outras relações dendrométricas.
No que diz respeito ao levantamento em campo, faz-se necessário especificar o tipo de altura que está se medindo, conforme o objetivo do inventário. As alturas obtidas na maioria dos inventários florestais são:
- Altura total: refere-se à distância do solo até o topo da árvore. O operador deve visualizar de um mesmo local, tanto a base como o topo da árvore, o que em alguns casos é muito difícil devido às condições do terreno e da floresta, como por exemplo nas florestas tropicais.
- Altura do fuste: refere-se a parte compreendida entre o nível do solo até a base da copa;
- Altura comercial: é o comprimento do fuste a partir do solo até um ponto definido por um diâmetro mínimo de uso. Também, pode-se utilizar como critério alguma limitação para o uso comercial, como bifurcação, tortuosidade, dentre outros;
- Altura da copa: é a parte compreendida entre o topo e a base da copa da árvore;
- Altura do toco: é a distância entre o nível do solo até a altura de corte da árvore.
Instrumentos para medir a altura
A medição da altura pode ser realizada de forma direta, por meio de vara trena, por exemplo; ou indireta com auxílio de instrumentos óticos ou hipsômetros baseados em princípios geométricos ou trigonométricos.
Os hipsômetros geométricos que se baseiam em relações geométricas entre lados de triângulos semelhantes. Os mais comuns são os hipsômetros de Christen, Merrit, Weise e Haglof. Também é possível medir altura pelo uso da prancheta dendrométrica, vareta ou pela sombra.
Já os hipsômetros trigonométricos são instrumentos que se baseiam nas relações angulares de triângulos retângulos. Os mais comuns são os hipsômetros Blume-Leiss e Haga, além do clinômetro. Estes equipamentos corrigem a declividade e as medições estão em função da topografia do terreno.
Assim como no caso do diâmetro, existem vários tipos de média importantes para posterior cálculo de estimativa de volume, classificação de sítios florestais, entre outros. Para tal, utilizam-se as seguintes grandezas:
- Média aritmética: é a média das alturas de todas as árvores da unidade amostral;
- Altura média: corresponde à altura da árvore de área transversal média de um povoamento florestal;
- Altura dominante: é a média das alturas correspondentes a 20% das árvores de maior diâmetro do povoamento.
Mensuração das variáveis florestais na atualidade
O avanço da tecnologia e inovação se faz cada dia mais evidente e necessário em todas as áreas da vida. No setor florestal, a busca por melhorias, otimização de tempo e custo são essenciais, uma vez que o intuito é sempre obter informações precisas e confiáveis. Para tanto, o mercado vem trabalhando no desenvolvimento e aprimoramento de ferramentas tanto para o levantamento de dados em campo, quanto para o processamento destas informações. A exemplo, tem-se o Mata Nativa, software desenvolvido para auxiliar no processamento do inventário florestal e análise fitossociológica. Também, cabe citar o crescimento do uso de técnicas computacionais no setor florestal. Mas, como estar sempre atualizado sobre estas inovações?
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Novidades no âmbito da mensuração florestal
Os profissionais e pesquisadores da área de mensuração florestal frequentemente se deparam com uma diversidade de simbologia para definição de uma característica, por exemplo: diâmetro, volume, dentre outros. Essas inúmeras formas de expressar uma variável pode representar uma problemática, bem como dúvidas ao leitor. Assim, renomados pesquisadores florestais vem trabalhando em uma forma de otimizar este processo de compreensão das variáveis florestais. Para tanto, o grupo propôs a Padronização da Simbologia em Mensuração e Manejo Florestal. O material, publicado em primeira mão durante a live de aquecimento para o VI MENSUFLOR, é um e-Book e pode ser adquirido de forma gratuita. Não deixe passar esta oportunidade, faça o download do conteúdo e fique por dentro das novidades! É só clicar no banner abaixo:
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Revisado por Natielle Gomes Cordeiro em 10 de abril de 2023
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