No dia 8 de março, comemora-se o Dia Internacional da Mulher, data esta que é celebrada oficialmente desde 1975. Contudo, a sua origem se deu no início do século 20, quando, em protestos, as mulheres reivindicaram melhores condições de trabalho e igualdade de direitos. O reconhecimento da mulher vem crescendo ao longo dos anos, mas muitas mudanças ainda se fazem necessárias. Na atualidade, já é perceptível o quanto as mulheres vêm conquistando o seu espaço no âmbito profissional. A exemplo, podemos citar a atuação da mulher no setor florestal.
De forma geral, hoje, o dia 08 de março é tido como uma homenagem às mulheres. Assim, a data se tornou mais uma oportunidade para o crescimento dos varejistas. Porém, cabe destacar que, a criação da data é independente do comércio, isto é, sua origem remonta aspectos históricos. Assim, esta não é apenas uma data comemorativa e sim, fruto de uma longa luta por uma posição representativa na sociedade.
Como surgiu esta data?
O Dia Internacional da Mulher se oficializou em 1975 pela Organização das Nações Unidas (ONU). Contudo, a origem desta data é muito mais que apenas sua oficialização.
Nas idades antigas, a mulher possuía um papel somente no âmbito familiar. Em outras palavras, a mulher dedicava o seu tempo em prover as necessidades dos filhos e marido. Em suma, as mulheres não tinham voz ativa na sociedade, sendo até mesmo o próprio casamento arranjado por seus familiares.
Linha do tempo
Foi a partir do Iluminismo e Revolução Francesa que surgiram as reivindicações por direitos das mulheres. No entanto, foi no século 19, na Revolução Industrial, que houve uma maior adesão das mulheres em posições trabalhistas.
Em 1909, nos Estados Unidos, mais especificamente em Nova York, ocorreu uma passeata de mulheres, em que estas lutavam em prol de melhores condições de trabalho. Assim, pode-se dizer que, nesta época começava o movimento das mulheres e o dia 26 de fevereiro do referido ano se tornou um marco como Dia Nacional da Mulher nos Estados Unidos.
Em 1910, a ativista e defensora dos direitos das mulheres, Clara Zetkin, propôs, durante a Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, a criação de uma jornada de manifestações, bem como o estabelecimento da data como internacional. Assim, o primeiro dia oficial da mulher passou a ser celebrado em 1911.
Apesar de toda essa trajetória, foi no ano de 1917 que aconteceu um marco ainda maior nesta luta por direitos e deveres. Neste ano, 90 mil operárias manifestavam contra as más condições de trabalho, fome e a guerra. Este movimento ocorreu no dia 23 de fevereiro pelo antigo calendário russo, o que corresponde ao dia 08 de março do calendário gregoriano (hoje adotado pela maioria dos países no mundo).
O primeiro acordo que visava a igualdade entre homens e mulheres foi assinado em 1945 pela ONU. Assim, com o passar dos anos, o movimento das mulheres ganhou mais força e em 1960 o mesmo se consolidou.
Por fim, a ONU declarou o Dia Internacional da Mulher, fazendo menção as conquistas políticas e sociais das mulheres no ano de 1975. Contudo, a data foi realmente oficializada pela ONU no ano de 1977.
Atuação da mulher no setor florestal
Antigamente, na área ambiental, o maior número de pessoas que se adentravam em cursos profissionalizantes era representado pelo gênero masculino. Além disso, os principais cargos e lideranças eram de poder dos mesmos. Contudo, este panorama vem mudando ao longo dos anos, apesar da conquista por tais cargos ainda serem uma difícil etapa para as mulheres.
De maneira geral, as empresas do setor não possuem mulheres em seus cargos estratégicos. Em outras palavras, as mulheres que trabalham na área estão concentradas em setores administrativos e em funções juniores.
Com o passar dos anos, mudanças começam a surgir. A exemplo, faz-se possível identificar a presença de equipamentos na cor rosa como uma forma de chamar a atenção para a inclusão das mulheres nas atividades de campo. As empresas estão contratando mulheres para cargos elevados do setor e, mais do que contratando, estão relatando os bons resultados obtidos.
Sabemos que durante muito tempo, para uma mulher ingressar na área de meio ambiente era muito difícil, exercer a profissão então, mais difícil ainda. Mas, com o passar do tempo, esse espaço vem sendo ocupado pelas profissionais em seus diversos setores.
A luta recente vai além de formar profissionais. As mulheres buscam ocupar melhores cargos, com melhores salários e reconhecimento genuíno. Felizmente, vemos um cenário um pouco mais favorável às mulheres no setor florestal nos últimos anos. A seguir, alguns dados interessantes sobre a representatividade e atividades desenvolvidas pelas mulheres.
Formadas sim, ativas talvez
Levantamentos sobre os mais diversos cursos de engenharia florestal mostram um aumento do número de mulheres formadas nos últimos anos. Nas universidades federais do Brasil, desde 1960, quando se institucionalizou o primeiro curso de Engenharia Florestal, observa-se que o número de mulheres formadas tem crescido.
Dados do Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) mostram que no Brasil há 15.739 engenheiros florestais com o registro ativo, sendo que 10.336 (65.67%) são do sexo masculino e 5.403 (34.33%) são do sexo feminino. Qual seria então o motivo para termos mais mulheres do que homens se formando em engenharia florestal enquanto se observa que a grande maioria dos profissionais que atuam continua sendo os homens? Onde está a atuação da mulher no setor florestal?
Cabe ressaltar que, apesar do crescente número de profissionais do gênero feminino, ainda ocorre um alto índice de cancelamento de registro profissional, segundo dados do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia (CREA).
Em sua grande maioria este cancelamento acontece porque parte destas profissionais simplesmente não conseguem uma oportunidade nos primeiros anos após sua formação e acabam por escolher outra atividade. Em outros casos, tais profissionais acabam se especializando em diferentes áreas, assumem cargos públicos diversos ou ingressam na carreira acadêmica. Outras mulheres se tornam mães, e quem é mãe sabe que as possibilidades que já são reduzidas, num primeiro momento, se reduzem ainda mais. O cuidado com outros familiares, como os pais por exemplo, é outro fator responsável por tirar as mulheres do mercado de trabalho florestal. Assim, os homens continuam dominando este mercado.
Características do mercado
O setor florestal acompanha a tendência do mercado de trabalho mundial, em que uma baixa porcentagem de cargos de liderança é ocupada por mulheres. Além disso, o Brasil apresenta ainda um fenômeno em que, quanto mais alto o cargo, menor a proporção de ocupação por mulheres.
Um estudo desenvolvido pelo LinkedIn, rede social profissional, no de 2020, durante a pandemia do COVID 19, mostra que a porcentagem de mulheres contratadas para cargos de liderança no mundo diminuiu. Estes resultados mostram que a desigualdade de gênero no mercado continua acentuada.
No âmbito do setor florestal, um estudo realizado pela Rede Mulher Florestal traz informações sobre a presença e atuação das mulheres nas empresas florestais. O estudo, publicado no ano de 2021, aponta que dentre 41 organizações, a mão-de-obra é composta em 81% por homens e 19% por mulheres. Além disso, destaca-se que, no universo da colheita e carregamento, a participação de mulheres é de 2,2%.
Das mulheres que atuam nas empresas supracitadas, a maioria está alocada em atividades do viveiro, áreas ligadas ao meio ambiente, qualidade, certificação e social, administrativo, saúde e segurança do trabalho. Nos cargos executivos, as mulheres representam 15.9% das ocupações. Além disso, poucas mulheres atuam nas áreas de silvicultura, proteção florestal, estradas e colheita, consideradas áreas tradicionalmente masculinas.
Este estudo revela que organizações já começam a olhar para ações que promovam a equidade. A premissa básica é que homens e mulheres podem atuar em qualquer cargo, desde que desejem e tenham a qualificação necessária. Um dado interessante, repassado pelas organizações que participaram da pesquisa, foi que 63,2% das empresas afirmam possuir política ou declaração de compromisso com a não discriminação e com a promoção de equidade de gênero. Além disso, cerca de 47,37% das empresas apresentam ações relacionadas ao protagonismo e empoderamento feminino.
Ações da Rede Mulher Florestal
A Rede Mulher Florestal (RMF) é uma entidade que engloba as mulheres do setor florestal, sejam estas profissionais atuantes ou estudantes. A rede possui como principal objetivo promover “a discussão para equidade de gênero no setor florestal”.
A organização busca promover movimentos, debates e ações inclusivas para as mulheres. A exemplo, desde o ano de 2022, a RMF desenvolve o Programa de Mentoria Colaborativa Floresta Para Todas. O projeto, executado em sua versão piloto, é uma oportunidade para troca de conhecimentos e experiências entre as mulheres do setor florestal.
Perspectivas
Atualmente, o setor apresenta um cenário de maior diversidade, em que as mulheres alcançaram espaços tradicionalmente ocupados por homens. No entanto, a diversidade no setor ainda é muito pequena, sobretudo no que corresponde aos cargos mais elevados. A desigualdade entre as oportunidades para engenheiros e engenheiras florestais se materializa em um contexto bastante conservador, no qual as mulheres ainda são impactadas pelas preocupações acerca das perspectivas de carreira devido à falta de flexibilidade em suas jornadas de trabalho quando se deparam com responsabilidades como a maternidade, que dificultam a sua inserção e permanência no mercado.
Bons exemplos
Um bom exemplo vem da empresa Suzano, que tem acreditado na liderança de mulher no setor florestal. A Suzano tem apostado na contratação de mulheres há bastante tempo, além de fomentar e discutir a inclusão de mais mulheres nas suas operações. Na empresa estão sob o comando feminino, módulos florestais que vem batendo metas anuais e gerando recordes em produtividade, servindo de exemplo de eficiência e competitividade para outras unidades. Além disso, a empresa tem como meta aumentar em 30% o número de mulheres ocupando cargos de liderança até 2025.
Outro exemplo é a Klabin. Esta empresa faz parte do programa de Equidade é Prioridade, desenvolvido pela ONU. Com adesão voluntária ao programa, a empresa busca o empoderamento das mulheres. Em outras palavras, o intuito da empresa é gerar igualdade de oportunidades para as mulheres, bem como oferecer uma participação de forma ativa nas tomadas de decisão.
Como mudar o cenário de desigualdade?
O sonho, desejo, força e coragem tem impulsionado o sucesso de diversas mulheres. Contudo, a valorização, respeito, reconhecimento, direito e oportunidade de capacitação destas heroínas ainda são pontos que precisam ser debatidos e melhorados.
O Dia Internacional da Mulher é muito mais que homenagens e flores. A real intenção da data continua sendo a luta pelos direitos civis, segurança, combate ao assédio sexual, independente de posição social, cor ou religião.
O espaço que a mulher vem ocupando é digno de sua presença. Ser mãe e cientista, ser esposa e trabalhar, ter uma carreira profissional é possível sim. Dentre as mais diversas pautas dos movimentos no Dia Internacional da Mulher, em 2023, o foco está centrado no combate à violência, valorização do salário. Estes debates são essenciais para promover mudanças no cenário de desigualdade.
Muito mais que igualdade, os movimentos buscam abraçar a equidade. E o que isso quer dizer? De antemão: Igualdade e equidade não são sinônimas. Assim, o foco é entender que não somos iguais, cada pessoa começa de um lugar, mas a justiça social é fundamental. O que se deseja é que sempre tenhamos mais atuação da mulher no setor florestal, ambiental, da saúde e muitos outros.
Aumentando a representatividade feminina
Tendo em vista a desigualdade existente, mas também as oportunidades emergentes, não podemos ficar de braços cruzados. A mulher deve sempre agir para que a sua participação cresça no mercado e que seja reconhecida cada vez mais.
Algumas dicas:
- Acredite na sua capacidade e intuição;
- Tenha foco e persistência;
- Tenha uma boa rede de contatos;
- Se aperfeiçoe constantemente, na Universidade ECONATIVA temos muitos materiais gratuitos;
- Lembre-se que o mercado está em constante mudança – não existe um perfil pré-definido para a área florestal;
- Visualize oportunidades; e
- Não desista, apesar das dificuldades.
São dicas bem generalistas, mas que trazem bons resultados.
Ah e você leitora do nosso blog, teve dificuldade para entrar no mercado de trabalho? Qual a sua opinião sobre o assunto? Conte-nos a sua história nos comentários!
Por fim, o blog Mata Nativa parabeniza todas as mulheres pelo seu dia. Desejamos que o sucesso e oportunidade estejam sempre presentes na jornada pessoal e profissional de cada uma. Seja você, uma mulher com atuação no setor florestal, ambiental, financeiro ou onde você quiser… Parabéns!
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Revisado por Natielle Gomes Cordeiro em 06/03/2023
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