O Inventário Florestal é o procedimento para obter informações sobre as características quantitativas e qualitativas da floresta e de muitas outras características das áreas sobre as quais a floresta está desenvolvendo. Cada inventário é único, e o tipo de inventário a ser utilizado, vai depender de diversos fatores.
A variação entre os tipos de inventário está relacionada principalmente ao trabalho de campo, mas também existirão mudanças em relação aos cálculos, que devem ser observadas com muito rigor. É certo que pode ser muito dispendioso a manutenção de planilhas com todos esses cálculos, mas atualmente já existe um software capaz de auxiliar em todos eles, o Mata Nativa.
O Mata Nativa Web é o software que realiza todos os cálculos de inventário florestal e análise fitossociológica, com aplicação efetiva em todos os biomas brasileiros. O software permite, dentre muitas análises, realizar diagnósticos qualitativos e quantitativos de formações vegetacionais, análises fitossociológicas completas, elaborar inventários e planos de manejo, monitorar a floresta através de inventários contínuos acompanhando o crescimento e desenvolvimento das espécies e analisando as características de valoração e exploração florestal. Com o Mata Nativa é possível trabalhar com diferentes tipos de inventário.
Neste texto, vamos falar sobre os tipos de inventário mais comuns em nosso país.
Amostragem Casual Simples
Este processo leva em consideração que a área amostrada é homogênea no que diz respeito à variável a ser amostrada, considerando também que todas as unidades amostrais da população tem igual chance de participar da amostra.
A amostragem causal simples é o método básico de seleção probabilística em que, na seleção de uma amostra composta de n unidades de amostra, todas as possíveis combinações das n unidades teriam iguais oportunidades de serem selecionadas. Os métodos de amostragem são modificações desse e são elaboradas com a finalidade de se conseguir maiores precisões e, ou, economia. Em qualquer estágio da amostragem, a seleção de uma determinada unidade deve ser livre de escolha deliberada e inteiramente independente da seleção de todas as outras unidades. Numa amostragem causal simples, a população florestal é considerada como única e inteiramente composta pela N unidades de amostra espaciais de áreas fixas, que a cobrem. Quando se usam pontos de amostragem, o tamanho N pode ser considerado infinito. Nesse caso, uma amostra com n unidades é casualmente escolhida com igual probabilidade de seleção.
Veja também: Fórmulas da Amostragem Casual Simples
Amostragem Casual Estratificada
Este processo é utilizado quando é necessário dividir uma população heterogênea em estratos, de tal modo que os valores da variável de interesse variem pouco de uma amostra para outra, possibilitando obter uma estimativa precisa da média de um estrato qualquer, por meio de uma pequena amostra desse estrato.
A subdivisão da floresta em estratos é baseada em alguns critérios, como: características topográficas, tipos florestais, espécies ou clones, espaçamento, volume, altura, idade, classe de sítio etc. Sempre que possível, a estratificação deverá ser baseada na mesma característica que será estimada pelo procedimento de amostragem, ou seja, para estimar o volume, é desejável estratificar a floresta por classes de volume. Entretanto, esta estratificação nem sempre é possível, em função da falta de informações sobre o povoamento. Desta forma, é recomendado que a estratificação seja feita com base em variáveis que influenciam no volume dos povoamentos, como espécies ou clones, idade, espaçamento, regime de manejo e classe de sítio.
Veja também: Fórmulas da Amostragem Casual Estratificada
Amostragem sistemática
Na amostragem sistemática, selecionam-se as unidades amostrais através de um esquema preestabelecido de sistematização, visando cobrir a população em toda a sua extensão, obtendo-se um modelo uniforme.
Podemos assim dizer, que os métodos de seleção sistemática das unidades de amostra não se baseiam na teoria de amostragem probabilística, pois ela seleciona somente uma unidade de amostra ao acaso. Dessa forma, a variância da amostra e a da média não podem ser calculadas por meio dos estimadores usuais. Além disso, quando se elege uma amostra sistematicamente, todas as outras unidades de amostra que não a integram, têm probabilidade igual a zero de serem escolhidas, enquanto as que a integram, possuem probabilidade 1 de seleção, melhor dizendo, muitas unidades de amostra acabam sendo rejeitadas, contrapondo o princípio básico de seleção.
Saiba também: Fórmulas da Amostragem Sistemática
Censo ou inventário 100%
No censo florestal todas as árvores são amostradas. É utilizado para obter informações qualitativas e quantitativas sobre os recursos florestais e sobre áreas onde existe potencial florestal.
O censo é adotado em áreas pequenas, ou em áreas onde há a necessidade de se conhecer cada indivíduo arbóreo, ou seja, é o inventário florestal a 100%. Dessa forma os dados levantados são mais fiéis. Com o censo florístico pode-se levantar, inclusive, vários aspectos particulares de cada árvore.
Amostragem em multiestágios
Na amostragem multiestágio, a população é dividida em unidades primárias de amostragem. Cada uma dessas é constituída de unidades de amostra menores, chamadas unidades secundárias. Estas unidades secundárias podem ainda ser formadas de unidades terciárias, e assim por diante. Cada estágio da amostragem considera um tipo de unidade (primária, secundária, terciária, etc.).
Para se ter uma amostragem multiestágio, selecionam-se, aleatoriamente, as unidades primárias de amostras. Em seguida, também de forma aleatória, selecionam-se unidades secundárias, localizadas dentro das unidades primárias. Depois, em cada unidade secundária selecionada, procede-se à seleção aleatória de uma subamostra de unidades terciárias, continuando o procedimento até o estágio ou etapa desejada.
Amostragem em conglomerados
A amostragem em conglomerados é uma variação da amostragem em dois estágios, onde o segundo estágio é sistematicamente organizado dentro do primeiro estágio de amostragem.
Ela surgiu do conhecimento de que unidades aleatórias distribuídas em uma população poderiam ser aglutinadas em um cacho ou um grupo, visando reduzir custos no trabalho de campo, principalmente quando a população é de difícil acesso e viajar para chegar ao ponto amostral exige expressivo tempo em relação àquele que se gasta para as medições ou levantamento dos dados amostrais.
Esse processo de amostragem, usa um grupo de pequenas unidades (subunidades), no lugar de unidades de amostras individuais, o que proporciona uma melhor percepção da variabilidade da variável de interesse, isso porque o conglomerado é formado por um determinado número de subunidades que explicam a variabilidade dentro do conglomerado.
Veja também: Fórmulas da Amostragem em Conglomerados
Monitoramento ou inventário florestal contínuo
O Inventário florestal contínuo ou monitoramento, tem por objetivo verificar as mudanças que ocorrem em uma determinada população florestal, em um determinado espaço de tempo. São medições repetidas periodicamente, com uma estrutura de amostragem mais duradoura e que possibilita a remedição dos indivíduos ao longo do tempo através de unidades amostrais (parcelas) permanentes.
Para realização do monitoramento serão necessárias a alocação e medição de parcelas permanentes de inventário florestal contínuo, realizados em duas ocasiões distintas, de forma a possibilitar a quantificação das mudanças na arquitetura, na estrutura e composição florística, bem como avaliar o crescimento e evolução da floresta. Essa avaliação pode ser realizada tanto em processos de recuperação de área degradadas quanto em florestas adultas, desde que se realize medições em ocasiões sucessivas e periódicas.
A questão essencial de um inventário florestal feito em ocasiões sucessivas é saber se o emprego exclusivo de unidades de amostra permanentes é a melhor alternativa em detrimento do uso de unidades de amostra temporárias e independentes, quando se considera o custo total do projeto.
Método do Ponto-quadrante
O Método do Ponto-quadrante, ou simplesmente Quadrantes, é um método que dispensa a instalação de parcelas, oferecendo maior rapidez em sua execução. Este método se baseia no fato de que o número de árvores por unidade de área pode ser calculado a partir da distância média entre árvores.
O método baseia-se no estabelecimento de pontos em uma comunidade florestal, que serão o centro de um plano cartesiano que definirá quatro quadrantes.
Como o número de árvores amostradas em cada ponto é limitado, é necessário assumir uma distribuição espacial completamente aleatória, para se ter uma estimativa mais precisa da densidade.
Em cada ponto de amostragem estabelece-se uma cruz formada por duas linhas perpendiculares com direção convencionada, delimitando 4 quadrantes. Em cada quadrante mede-se a distância do ponto até o centro do tronco da árvore mais próxima e registra-se a espécie de cada indivíduo. Assim, a determinação de densidade é uma questão de saber a área média ocupada por um indivíduo.
Saiba também: Fórmulas do Método do Ponto-quadrante
Referência Bibliográfica:
- SOARES, C.P.B.; PAULA NETO. F.; SOUZA, A.L. Dendrometria e inventário florestal. 2. Ed. Viçosa: Editora UFV. 2011. 272 p.
Veja também:
- O que aprendemos com mais de 10.000 inventários florestais
- Custos e orçamento do inventário florestal
- Tecnologias para inventário florestal
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