Nós recebemos muitas perguntas de leitores em relação ao volume de madeira. A maioria deles têm madeira para vender e estão em dúvida se devem calcular o volume estéreo ou o sólido. Assim, escrevi esse texto, na tentativa de esclarecer alguns pontos e conceitos. Se já quer saber a minha opinião, eu nunca dispensaria um inventário florestal, mas se a árvore já está abatida, devemos considerar alguns pontos.
Começo dizendo que as estimativas não precisas do volume real de madeira das pilhas geram resultados distorcidos quanto aos rendimentos de processos de produção e quanto ao pagamento de serviços relacionados ao corte e transporte da madeira, bem como problemas na venda da madeira. Assim, existem chances de você ter algum prejuízo com isso.
Características como os diâmetros e o comprimento das toras de madeira, a presença ou não de casca, a maneira de empilhar a madeira, a espécie e a idade das árvores afetam o empilhamento, de modo que a utilização de um fator médio, obtido em uma condição diferente daquela que se trabalha, pode gerar erro na estimação do volume sólido da pilha.
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Além disso, muitas vezes a determinação do volume de madeira é feita diretamente em pilhas de madeira sobre a carroceria de caminhões, acarretando erros ainda maiores, devido à disposição das toras sobre as carrocerias e à falta de uma boa visualização dos limites das faces das pilhas.
Hoje já existem algumas tecnologias e softwares que auxiliam na resolução dos problemas envolvendo a medição de pilhas de madeira, mas muito ainda precisa ser estudado para o desenvolvimento de metodologias confiáveis, precisas e de baixo custo, de forma a agilizar a obtenção de estimativas do volume sólido de pilhas de madeira, de forma que estas estimativas possam ser utilizadas com segurança em processos produtivos e na comercialização da madeira.
Mas para deixar isso mais claro, vamos discutir alguns conceitos s seguir.
Volume estéreo
O volume de madeira de uma pilha, obtido por meio da multiplicação das suas dimensões, define o chamado volume estéreo, que é o volume de uma pilha de madeira roliça, em que, além do volume sólido de madeira, estão incluídos os espaços vazios normais entre as toras. Desta forma, um estéreo consiste na quantidade de madeira contida em uma pilha de 1,0 m x 1,0 m x 1,0 m, cujas toras variam em área seccional, curvatura e forma, o que permite a existência de muitos espaços na pilha, não ocupados por madeira.
O estéreo não faz nenhuma restrição às dimensões das toras ou da pilha montada, nem ainda ao método de empilhamento e, por isso, é de medição rápida no campo e permite a fácil visualização da produção de madeira após o abate das árvores. Estas foram, provavelmente, as principais razões para o seu estabelecimento como forma tradicional de comercialização de madeira e de pagamento no campo do trabalho de colheita florestal.
Não haveria problemas se todas as negociações fossem determinados de acordo com o material lenhoso comercializado, ou seja, se para cada lote de madeira comercializado fosse determinado o fator de conversão. Porém, para as condições em que as madeiras são comercializadas, isso acaba sendo impraticável devido aos custos. Assim, a prática de comercialização de madeira, adota fatores de conversão médios, independente de como as pilhas foram formadas. Desta forma, ela está passível de ser influenciada por fatores como: espécie, região edafo-climática, conicidade, tortuosidade do tronco, toras com casca ou sem casca, diâmetro, tempo de secagem, método de empilhamento, etc.
Volume Sólido
É o volume de madeira de uma árvore ou conjunto de árvores que pode ser efetivamente comercializado e, portanto, caracteriza a produção de madeira. A unidade de medida do volume solido é o metro cúbico (m³). O volume solido de uma floresta depende não só da capacidade produtiva desta floresta, mas também da definição do que se considera comercializável.
Enquanto o volume solido é a produção efetiva de madeira, o volume empilhado é a produção medida da forma mais prática possível em campo.
Os inventários e levantamentos florestais apresentam a produção na forma de volume sólido com base em técnicas de amostragem e medidas tomadas nas árvores em pé (antes do abate).
Volume Cilíndrico
É o volume de um cilindro hipotético com diâmetro igual ao diâmetro da árvore a 1,30 m de altura (DAP) e altura igual a altura total da árvore.
O volume cilíndrico não tem qualquer sentido prático ou real, sendo utilizado como um passo intermediário da obtenção do volume de árvores em pé, a partir de medidas que são fáceis de serem tomadas em campo: o DAP e a altura total da árvore. A unidade de medida utilizada é o metro cúbico (m³).
Ficou interessado em saber mais sobre inventário florestal? Temos mais conteúdos no nosso blog na categoria Inventário Florestal.
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