O aquecimento global é hoje em dia uma das maiores preocupações mundiais e que norteia diversos estudos na área ambiental, fazendo com que haja muita discussão sobre o tema no meio científico. Muitos cientistas debatem o tema, sem entrarem de fato em um consenso (devido a toda complexidade que envolve) sobre os reais efeitos e potencialidades dos gases de efeito estufa e outras variáveis.
O fato de haver muita discussão em diversas áreas da temática ambiental é que dá a devida importância e dimensão do problema. É realmente parte dos dilemas atuais no mundo e que se precisa buscar um entendimento racional dos recursos, das atividades desenvolvidas pelo homem e do ambiente, afim de reduzir e/ou mitigar os efeitos deletérios no meio ambiente causados pelo efeito estufa. O mundo, no fim do século passado, passou a dar a real importância às mudanças climáticas.
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Essa preocupação passou a ser ao longo do tempo tema constante também em empresas que geram consideráveis impactos ambientais com suas atividades, preocupadas muitas vezes em obter certificações ambientais para projetos sustentáveis e créditos de carbono, e também seguir as legislações vigentes que foram mudando graças aos estudos desenvolvidos, e também muito por essa inquietude que o tema gera na população em geral, principalmente aquelas diretamente atingidas por algumas das atividades.
Quais as consequências?
O efeito estufa é a principal consequência da emissão de gases lançados por toda a biosfera na atmosfera. É o agente causador direto do aquecimento global, levando ao derretimento de geleiras nos oceanos, e consequentemente, a elevação do nível nos mares. Atividades como a pecuária, geração de energia através de usinas nucleares, termelétricas e queima de combustíveis fósseis e diversos hábitos humanos são alguns dos exemplos de atividades potencialmente poluidoras da atmosfera.
Tudo isso gera um desequilíbrio em todo o ecossistema do planeta, trazendo prejuízos sérios para o homem. A importância do carbono (quinto elemento mais abundante no planeta) nesse contexto se dá pelo fato de estar ligado diretamente com a sobrevivência de organismos vivos. Para entender um pouco dessa dinâmica, é válido primeiramente entender o ciclo do carbono, ilustrado na figura a seguir.
Fonte: https://pt.khanacademy.org/science/biology/ecology/biogeochemical-cycles/a/the-carbon-cycle
Em suma, o processo de renovação do carbono atmosférico se dá na medida em que as plantas, através do processo de fotossíntese, absorvem o CO₂ da atmosfera para produzir O₂ e açúcares. Gás carbônico este que todo animal devolve ao ambiente no processo de respiração. Outras formas de devolução do gás na atmosfera são pela decomposição microbiana e também pelas atividades antrópicas poluentes, mantendo o ciclo contínuo.
O que é o Carbono Zero?
É um conceito que surgiu primeiramente em escolas e empresas dos Estados Unidos e Europa. Trata-se basicamente de um programa que visa quantificar (através de modelos de equações matemáticas), neutralizar e propor medidas ambientais de redução das emissões de Gases do Efeito Estufa (GEE). Consiste no princípio da compensação, onde o poluidor quantifica suas emissões e através de plantio de mudas e outras práticas ambientais sustentáveis neutraliza esse impacto. É um estímulo para as empresas adotarem práticas sustentáveis em seus negócios, também podendo gerar créditos de carbono para as mesmas.
O conceito de Créditos de Carbono, vem de um acordo entre países industrializados (incluindo o Brasil) que, a partir do Protocolo de Kyoto em 1997, passou a estabelecer metas de redução de emissões de CO₂ e com isso criou-se um mercado, dando valor monetário a essa variável. Com isso, permitiu que países extremamente poluidores comprem créditos de carbono de outras nações para atingirem suas metas pré-estabelecidas. Por convenção, uma tonelada de dióxido de carbono equivalente corresponde a um crédito de carbono.
Práticas como reflorestamento, recuperação de matas ciliares e de áreas degradadas agem diretamente na redução da emissão dos gases de efeito estufa (GEE), uma vez que as plantas absorvem o CO₂ das atividades poluidoras e nos retorna oxigênio. Além desse benefício, essas práticas ajudam na manutenção da biodiversidade, contribuindo positivamente para o equilíbrio do ecossistema.
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No Brasil o programa Carbono Zero ainda é utilizado apenas por empresas que buscam certificações ambientais e também por algumas instituições. Na Europa, por exemplo, já é possível qualquer cidadão calcular sua própria emissão de CO₂ e buscar práticas ambientais para compensar e desse modo ganhar algum benefício junto as políticas públicas de seu país.
Um exemplo de sucesso é o Projeto Carbono Zero, desenvolvido pelo Departamento de Engenharia Florestal da Universidade Federal de Viçosa (UFV). Buscando adequar a realização da Semana do Fazendeiro (evento anual que ocorre na instituição) com a preocupação ambiental, o projeto foi criado em 2010 e ao longo do tempo houve uma demanda em interessados a promoverem eventos neutros em carbono, estendendo o projeto dentro da UFV.
Alguns dos objetivos do projeto são realizar um inventário e posteriormente neutralizar os GEE de acordo com os dados gerados; fazer ações de educação ambiental e doação de mudas de espécies nativas aos participantes do evento.
Todo esse contexto gera uma reflexão acerca da ética das empresas perante a sociedade. Poluir e ao mesmo tempo neutralizar o impacto passa a imagem de uma empresa ecologicamente correta.
Referências:
- https://www.sebrae.com.br/
- https://www.todamateria.com.br/ciclo-do-carbono/
- https://www.portalsaofrancisco.com.br/meio-ambiente/carbono-zero
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