A atividade de silvicultura é coordenada por ações planejadas e pelo uso de tecnologia que conseguem garantir melhores produções, eficiência e qualidade aos produtos florestais. Além disso, a atividade promove o aumento da qualidade de vida nos grandes centros urbanos. Para tanto, os tipos de silvicultura moderna classificam-se de acordo com parâmetros referentes a localidade, tecnologias aplicadas, ciclo de sistemas e tipos de povoamento.
A Silvicultura
A Silvicultura é o cultivo de florestas através do manejo agrícola. A atividade tem como objetivo produzir madeiras e outros derivados para satisfazer as necessidades do mercado e, ao mesmo tempo, promover o uso racional das florestas.
A palavra vem do latim e significa “cultivo de florestas”. Ademais, define-se como a criação e o plantio de uma floresta ou de determinadas espécies de plantas.
Cultivam-se as florestas para diferentes finalidades. Além da produção madeireira, com o plantio de espécies como pinus, mogno africano e teca, destacam-se os plantios de seringueira e eucalipto, para produção de látex e celulose, respectivamente.
Para que um projeto de silvicultura tenha sucesso, o planejamento e a implantação devem estar de acordo com as várias etapas do processo. Estas etapas abrangem: estudo do clima; determinação da espécie e escolha do material genético; produção de mudas; preparo do solo; controle de pragas; colheita planejada; tratos culturais e silviculturais.
Em suma, entende-se silvicultura como o cultivo de espécies florestais a partir da domesticação dessas espécies.
A Silvicultura No Brasil
Em 2020, a área total de árvores cultivadas totalizou 9,55 milhões de hectares.
Entre as espécies, 78% da área foi composta pelo cultivo de eucalipto, com 7,47 milhões de hectares; e 18% de pinus, com aproximadamente 1,7 milhão de hectares.
Além desses cultivos, o setor contou com cerca de 382 mil hectares plantados de outras espécies, como a seringueira, acácia, teca e paricá, segundo a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ, 2021).
Ademais, o setor brasileiro de árvores cultivadas foi um dos que mais conservou no País.
O setor contabilizou um total de 6,05 milhões de hectares de Áreas de Preservação Permanente (APPs), Reserva Legal (RL) e Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) preservadas. Este conjunto corresponde a uma extensão maior que a área do Estado do Rio de Janeiro.
Por fim, os maiores Estados produtores de florestas plantadas no país foram: Minas Gerais, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Os Tipos de Silvicultura
A silvicultura moderna opera exclusivamente com o plantio de florestas, que são autônomas do sítio natural, e mantidas artificialmente, criando melhores condições para o desenvolvimento das árvores.
As variedades dessa técnica vão desde cultivos mais orgânicos e consorciados até o uso de árvores geneticamente modificadas.
Desse modo, classificam-se os tipos de silvicultura de acordo com vários parâmetros como: local e tecnologias aplicadas (silvicultura urbana e de precisão); ciclo de sistemas (monocíclicos e policíclicos); e tipos de povoamento (puros ou mistos).
Silvicultura Urbana
De acordo com a EMBRAPA, a silvicultura urbana é a ciência que estuda o conjunto da vegetação de porte arbóreo que reveste uma cidade, em área pública e privada, com finalidade ecológica, social e econômica. Entram nesse grupo, as árvores plantadas nas ruas, praças, parques e jardins privados.
Dentre os benefícios ambientais e sociais, que auxiliam a qualidade de vida das pessoas no ambiente urbano, a silvicultura urbana proporciona às cidades vantagens relacionadas à estabilidade climática, ao conforto ambiental, melhoria da qualidade do ar, bem como na saúde física e mental da população. Ademais, influencia na redução da poluição sonora e visual, bem como auxilia na conservação do ambiente ecologicamente equilibrado.
A saber, no que diz respeito ao aspecto econômico, a silvicultura urbana torna a região mais agradável não só para os moradores de locais mais arborizados, como também para o turismo e negócios, valorizando imóveis e bairros inteiros, e, consequentemente, contribuindo para o crescimento econômico de toda uma comunidade.
Silvicultura de Precisão
A silvicultura de precisão é um modelo de cultivo florestal que se baseia na obtenção e análise de dados específicos de uma produção.
A técnica utiliza a coleta de dados para aplicar intervenções preventivas ou corretivas de acordo com cada microambiente de uma área geográfica, para aumentar a eficiência e reduzir gastos.
A prática pode ser definida como “um método de gerenciamento das atividades silviculturais que considera a variabilidade espacial das áreas produtivas para definir o conjunto de técnicas e operações de manejo que serão realizadas”.
Em suma, na silvicultura de precisão são identificadas as necessidades específicas de cada local de plantio, em decorrência das suas condições ambientais, para atendimento adequado das necessidades mapeadas.
Dessa forma, esse tipo de cultivo é indicado para áreas com grande variação de fatores que interferem diretamente na produção florestal.
Sendo assim, a silvicultura de precisão apresenta-se como uma nova forma de gerir, administrar e conduzir as áreas de reflorestamento com maior eficácia.
A saber, o termo silvicultura de precisão tem significados diferentes para distintas especialidades. Para um melhorista pode significar selecionar uma espécie/clone adequada para determinado ambiente. Por outro lado, para um industrial que processa madeira, significa manejar a floresta para a obtenção da matéria-prima, visando atender a qualidade requerida para o mercado.
Sistemas Monocíclicos
São sistemas que utilizam apenas uma espécie para produzir madeira comercial; um tipo de cultivo que altera totalmente a estrutura natural da floresta com objetivo de criar florestas altas com o mesmo tamanho.
Em síntese, os sistemas monocíclicos removem, em uma só operação, todo estoque de madeira comercial.
A curva de distribuição diamétrica das espécies, a manejar nesse tipo de sistema, tem forma bimodal ou descontinua que indica regeneração periódica. Portanto, a madeira obtida é leve e com diâmetros menores.
Destaca-se que, os custos de extração por m³ são baixos, pois não requer pessoal de campo muito capacitado, uma vez que, o número de espécies é menor e têm-se poucas classes de tamanho por hectare. Em contrapartida, os custos de domesticação são altos.
Os principais subsistemas são:
- Regeneração natural/artificial com dossel protetor;
- Eliminação do dossel superior de uma só vez e em função da regeneração natural ou artificial das sementes e;
- Sistema monocíclico de melhoramento.
Sistemas Policíclicos
São aqueles sistemas que manejam o povoamento em pé, e apenas, uma parte das espécies são aproveitadas.
Estes sistemas modificam pouco a estrutura natural da floresta, em relação aos sistemas monocíclicos. Neste modelo visa-se cultivar uma cobertura florestal alta, mas com diferentes tamanhos e preponderância de espécies com valor comercial.
A curva da distribuição diamétrica tem a forma de “J invertido”. Este comportamento indica que muitas árvores de diâmetros menores irão contribuir logo a seguir no povoamento restante. Portanto, a madeira obtida geralmente é dura e com fuste de tamanhos largos (diâmetros maiores).
Em relação aos custos de extração por m³, estes são altos, uma vez que, requer pessoal capacitado para a colheita da matéria-prima. A mão de obra qualificada se faz necessária porque há interação de espécies heliófitas (plantas que necessitam de exposição solar) e esciófitas (plantas tolerantes à sombra e a luz solar) entre indivíduos do mesmo tamanho. Por outro lado, os custos de domesticação da floresta são relativamente baixos.
Logo, os subsistemas policíclicos podem ser de enriquecimento, de melhoramento e de desbastes.
Povoamentos Puros
São constituídos por uma ou poucas espécies arbóreas. Nesse tipo de povoamento, a frequência de uma espécie chega a ser mais de 90%.
Os povoamentos puros apresentam maior facilidade de manejo silvicultural e exploração, menor número de intervenções e melhor aproveitamento da área.
Povoamentos Mistos
São constituídos por várias espécies arbóreas, de tal forma que todas influenciam e determinam as circunstâncias do povoamento.
Os povoamentos mistos aproveitam melhor o espaço, exigem menos do solo, são menos suscetíveis à praga e doenças. Ademais, contribuem para uma melhor ciclagem de nutrientes e, principalmente, propiciam a produção de múltiplos produtos.
Importância da Silvicultura
As ações planejadas e o uso de tecnologia apropriada na silvicultura conseguem garantir melhores produções, eficiência e melhores produtos florestais. Dessa forma, a produção tecnicamente conduzida permite garantir a regularidade no fornecimento dos produtos florestais e a uniformidade na sua apresentação.
Tais medidas garantem durante a produção da matéria–prima florestal: melhor aproveitamento do terreno; recuperação de áreas degradadas; proteção de nascentes e manancial de água; controle de erosão do solo; aprimoramento genético de espécies florestais.
Além disso, asseguram a produção de inúmeros produtos derivados das florestas cultivadas, como: desinfetantes, aromatizantes, espessantes, solventes, vernizes, colas, borracha sintética, tintas para impressão, tecidos, ceras e graxas, papéis para impressão, higiênicos e sanitários, fraldas, embalagens, móveis, pallet, caixotarias, viscose, carvão vegetal, dentre outros.
Por fim, a prática promove o aumento da qualidade de vida nas cidades com a redução da poluição e diminuição da temperatura, aumento da qualidade do ar, além de servir como abrigo para a fauna silvestre.
Links Relacionados
- Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ)
- Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA)
- Manual de Silvicultura Tropical
- Práticas Silviculturais
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