O Brasil conta com estradas florestais de baixo padrão devido, principalmente a baixos investimentos no setor, falta de planejamento, aplicação inadequada dos recursos disponíveis, inexistência de normas, escassez ou desconhecimento de métodos de planificação. Porém, esta rede viária é de suma importância para o escoamento dos produtos de forma segura e eficiente, para que haja acesso às áreas para viabilizar implantação e tratos culturais na floresta e até para a dinamização da região.
Sabendo da importância das estradas florestais este texto traz alguns pontos importante para um planejamento e consequente execução adequada de estradas florestais, tanto do ponto de vista econômico como ambiental. Confira a seguir!
Planejamento da rede rodoviária florestal
Ao iniciar o planejamento de estradas é importante fazer o delineamento destas. As estradas florestais poderão ser:
- Estradas de vale: possuem boa geometria, baixa movimentação de terra durante a terraplenagem, porém estão próximas dos cursos d’água e assim exigem muitas obras de arte;
- Estradas de encosta: distantes dos cursos d’água, porém com geometria horizontal e vertical indesejáveis, apresentando alta movimentação de terra durante a terraplenagem;
- Estradas de montanha: distantes dos cursos d’água, boa geometria e drenagem natural, exige pouca movimentação de terra, com estrada secundária de geometria vertical adversa.
Com o delineamento em mãos determina-se o padrão da estrada, que será em função do volume de madeira a ser transportado, dos veículos utilizados no transporte florestal e quanto de recurso há disponível. Estas informações são obtidas em inventários que determinarão o volume médio de madeira existente por hectare.
O padrão da estrada implicará na determinação da greide (grau de rampa), na inclinação vertical do eixo da estrada (aclives e declives), no alinhamento horizontal (curvatura relativa), na largura da estrada florestal, no raio de curvatura horizontal, no raio das curvas da estrada e na superfície da pista de rolamento adequadas para cada situação.
Ao levarmos em consideração todos estes fatores no momento do planejamento das estradas florestais é possível afirmar que a execução trará retornos econômicos a longo prazo para o empreendedor.
Estabelecendo uma densidade ótima de estradas florestais
Para estabelecermos a densidade ótima das estradas devemos levar em consideração vários aspectos.
Ao observarmos tanto os veículos de transporte como os equipamentos de extração utilizados é possível determinar qual será as rampas máximas das estradas, aos raios de curva mínimos, a distância entre os pontos de extração e os fundos de talhão ou os limites de extração adjacentes que deveremos ter.
Já ao observarmos as características geológicas e do solo é possível estabelecer declividades (taludes de corte e aterro), a distância adequada entre duas estradas em uma mesma encosta, dependendo do tipo de extração a ser utilizado, e o tamanho dos pátios de estocagem que deverão acomodar os estoques de madeira.
Com relação ao meio ambiente é importante observarmos que nível que pode ou que se pretende interferir nas matas nativas, que cursos d’água deverão ser transpostos e de que maneira, em encostas de até que declividade se irá ou deverá trabalhar com construção de estradas, o tipo de drenagem a ser feita, de forma a evitar danos por erosão na estrada e no seu revestimento, procurando reduzir o assoreamento de riachos e rios, tamanho, forma, localização dos pátios de estocagem ou pontos de arraste e respectiva chegada de madeira em função das condições naturais.
Minimização dos impactos ambientais
Primeiramente, para minimizar os impactos ambientais deve-se procurar desenvolver métodos de construção de estradas que levem em consideração as peculiaridades dos processos biológicos que ocorrem no ecossistema. A consideração desses fatores trará menos impactos ao meio ambiente.
Um segundo ponto é buscar proteção do meio ambiente com relação à água, à fauna, à flora e ao solo, estabelecendo condições favoráveis à vida silvestre e dos vegetais. Assim, diversas ações podem ser realizadas como:
- Evitar a implantação de estradas florestais em áreas de solos instáveis ou locais susceptíveis ao desencadeamento de fenômenos erosivos, mesmo que essa medida seja de confronto com o traçado geométrico da estrada;
- Recompor a cobertura vegetal das áreas do domínio estradal e proporcionar à proteção dos perfis de corte e aterro, visando o controle da erosão;
- Evitar qualquer perturbação do solo próximo dos cursos d’água, bem como colocar o máximo de obstáculos entre as áreas perturbadas;
- Reduzir ao máximo a densidade de estrada florestal e sua faixa terraplenada, visando reduzir a perda superficial de solo;
- Planejar a rede de estradas com a menor densidade possível, evitando-se locais de solos instáveis ou susceptíveis a grandes deslizamentos, de modo que na construção a movimentação de terras seja o mínimo possível;
- Colocar adequadamente bueiros em todos os canais de drenagem natural cortados pela estrada, afim de suportarem as maiores vazões; entre outras.
Outro ponto importante é atentarmos para a forma e estrutura da micro topografia local, bem como do processo de construção das estradas visando reduzir ao máximo os danos pela erosão. Os danos causados pelas dimensões da faixa terraplenada das estradas florestais poderão ser minimizados pelo uso de geometria horizontal e verticais flexíveis.
Veja também: Principais pontos ao planejar um sistema de trilhas
Com relação aos curso d’água existem algumas indicações de como planejar e construir estradas florestais reduzindo os impactos ambientais. Assim, nos pontos de travessia de curso d’água, recomendasse um greide bem suave e igual antes e depois do cruzamento, de pelo menos 15 metros de extensão, de forma a se evitar o acúmulo de água na plataforma da estrada; a distância das estradas aos cursos d’água deve respeitar o disposto no código florestal brasileiro, e será em função da largura do rio, riacho, córrego, etc; deve-se evitar que o talude do aterro chegue ao curso d’água; as estradas devem ser traçadas sempre que possível seguindo as curvas de nível, de modo a minimizar a erosão; e as obras de arte correntes devem ser construídas perpendicularmente aos cursos d’água, afim de reduzir os distúrbios ao solo na área de construção da estrada.
Além de todas estas recomendações é indispensável fazer as devidas manutenções nas estradas florestais de modo a garantir um fluxo contínuo de veículos durante todo o ano, bem como manter os pontos de drenagem em boas condições de vazão.
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