A COVID-19 e o coronavírus é o assunto do momento e não é para menos. A doença avança rapidamente pelo mundo e além das consequências do ponto de vista da saúde e bem estar da população mundial, este vírus tem preocupado o mundo inteiro com relação aos efeitos para a economia.
Vejamos a seguir alguns dados sobre o coronavírus e como ele deverá impactar a economia e o setor florestal brasileiro.
Informações básicas sobre o COVID-19
O COVID-19 (do inglês Coronavirus Disease 2019) é uma doença infecciosa causada pelo coronavírus da síndrome respiratória aguda grave 2 (SARS-CoV-2). O SARS-CoV-2 foi identificado pela primeira vez em seres humanos em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, na China, e acredita-se que tenha origem animal. O surto inicial deu origem a uma pandemia global que à data de 25 de março de 2020 tinha resultado em mais de 460 mil casos confirmados e mais de 21 mil mortes em todo o mundo.
Os coronavírus são uma grande família de vírus que causam várias doenças respiratórias, sendo os sintomas mais comuns são febre, tosse e dificuldade em respirar. Já a transmissão da doença ocorre através de gotículas produzidas nas vias respiratórias das pessoas infectadas. Ao espirrar ou tossir, essas gotículas podem ser inaladas ou atingir diretamente a boca, nariz ou olhos de pessoas em contacto próximo, ou podem também depositar-se em objetos e superfícies próximos que podem infectar quem nelas toque e leve a mão aos olhos, nariz ou boca.
Os primeiros impactos – desemprego.
A principal forma de conter um avanço ainda mais rápido da doença pelo mundo todo, além de lavar bem as mãos e higienizar superfícies, é o isolamento social, evitando aglomerações e contato físico. O mundo todo tem buscado seguir esta recomendação, porém é aí que surge a preocupação com o impacto que esta medida irá gerar na economia.
O isolamento social significa escolas, universidades, lojas, igrejas, bares e comércios não essenciais fechados. Assim, o avanço da pandemia da COVID-19 vem acompanhado de impactos negativos na economia mundial, visto que ocorre a paralisação de muitas atividades produtivas, gerando queda de demanda e de investimentos, retração no comércio mundial e nas exportações.
Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a pandemia de COVID-19 pode desencadear uma crise econômica global, destruindo até 25 milhões de empregos em todo o mundo. Sabemos que nosso país já enfrentava uma grande crise em relação ao desemprego antes da pandemia e devido a este problema, no Brasil existem milhões de trabalhadores informais que neste momento tornam-se uma preocupação a mais.
Portanto, o primeiro impacto de uma crise como essa é reduzir a produção e depois o emprego. O setor de serviços deverá ser o primeiro a ser afetado, com as famílias consumindo menos. Neste setor temos pequenas empresas, academias, restaurantes que vão ser bastante afetados porque as famílias de classe mais baixa perdem renda, consomem menos. Essas empresas não conseguirão manter seus empregados e os demitirão. Mais pessoas ficam sem renda e assim vai aumentando cada vez mais o desemprego. Não se sabe ainda o exato tamanho desse efeito, mas as projeções são, para um impacto negativo bastante pronunciado.
Estudos apontam que entre os brasileiros, a camada de menor renda deve ser a mais afetada, porque as famílias de classe mais baixa dependem da renda do trabalho e, se o desemprego aumentar, essas famílias podem ter sua renda 20% mais impactada do que a média das famílias brasileiras. Isso trará efeitos danosos para a economia como um todo, já que a maior parte das famílias brasileiras está nas classes mais baixas.
Os impactos para a indústria
Os impactos da consequência da pandemia provocada pela COVID-19 nas economias mundiais não são apenas especulativos. A China divulgou que a produção industrial do país despencou no ritmo mais forte apenas nos dois primeiros meses do ano. O período representou o ápice do surto no país.
Com severas medidas restritivas à circulação de pessoas para tentar conter o vírus, muitas indústrias paralisaram e houve queda de 13,5% em janeiro e fevereiro na comparação com o mesmo período do ano anterior. Esta queda expressiva na produção industrial da China tem consequências para o mundo inteiro, já que o país fornece insumos para todo o mundo.
A Apple, por exemplo, já alertou que o fornecimento mundial de iPhone ficará restrito. Outras grandes empresas fizeram alertas semelhantes, como Microsoft, Toyota e United Airlines. Estima-se, por exemplo, que as transportadoras globais podem perder quase 30 bilhões de dólares em receita, segundo a International Air Transport Association. Assim, indústrias do mundo todo podem sofrer algum impacto.
Os efeitos já vistos da COVID-19 no Brasil
A China é um dos principais clientes das exportações brasileiras e o impacto no desempenho econômico da China deve interferir nas exportações de produtos brasileiros, como a soja, produtos florestais e a carne de frango e, por isso, os produtores e empresários já aguardam afeitos por aqui. As cotações de soja, petróleo e minério de ferro já diminuíram com o medo da desaceleração da economia na China. Dentre tudo que o Brasil exporta para a China, 30% é de soja, 24% de petróleo e 21% de minério de ferro.
No caso da soja, por exemplo, a oferta ficará maior com uma demanda menor, então o preço tende a cair. O produtor vendendo menos vai produzir menos e empregar menos, e toda a cadeia no que se refere à soja vai render menos.
Outro setor que já sofre as consequências do aumento dos casos de coronavírus é a indústria. A China tem diminuído a produção industrial sistematicamente e, as importações também já foram afetadas devido à falta de componentes (são circuitos, partes de aparelhos transmissores ou receptores, motores, geradores e transformadores elétricos, semicondutores, máquinas e peças em geral) que vem da China. Como resultado temos as fábricas da LG, da Samsung e da Motorola, todas no estado de São Paulo, que tiveram a produção suspensa.
Mais do que a escassez de insumos da indústria, o principal impacto da crise mais longa provocada pela COVID-19 para o Brasil deve ser na balança comercial. O País demanda muitos produtos industrializados da China e a dependência de importação e exportação já tem impactado na nossa balança comercial. Em termos de impacto total, teremos uma redução da renda.
É de se esperar que a Indústria seja ainda mais afetada, pois outras linhas de produção dependentes de matérias-primas podem parar, como montadoras, eletroeletrônicos e produtos farmacêuticos.
E as indústrias de base florestal?
Em geral tem-se mais informações sobre as indústrias de papel e celulose, como a Suzano e a Klabin. Estudos estimam um impacto de neutro a médio para este setor e por conta da crise gerada pelo coronavírus. Além disso estamos falando de um setor defensivo no momento, mas com uma alavancagem alta que pode fazer com que os investidores fiquem cautelosos no setor no curto prazo.
Com relação aos preços de celulose, temos que dado os baixos estoques nas mãos dos papeleiros chineses ao final de 2019 e a expectativa por estímulos do governo ao longo de 2020 para fazer frente aos impactos do coronavírus, estamos vendo preços estáveis para a commodity neste início de 2020.
Por fim, temos que tratam-se de empresas que se beneficiam da alta do dólar. Por conta da alta exposição operacional do setor ao dólar, as empresas optam por levantar a maior parte dos financiamentos em dólar de modo a ter um hedge natural, assim não há um descasamento cambial relevante para o setor. Porém, após a união dos negócios entre Suzano e Fibria e o projeto Puma II da Klabin, as alavancagens estão em níveis elevados e são o principal ponto de atenção.
Ainda não vemos com clareza o impacto que o coronavírus poderá causar sobre os negócios florestais brasileiros. Novos efeitos poderão começar a ser percebidos agora com a retomada lenta das atividades administrativas da China.
O cenário da pandemia, como bem sabemos, muda todos os dias. Cabe a nós estarmos ao máximo preparados para este mundo inusitado que estamos conhecendo.
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