O Pantanal é um dos domínios vegetacionais brasileiros que ostentam de uma diversidade e beleza natural exuberante. Lar para uma gama de espécies vegetais e animais, a formação vegetal apresenta papel vital na provisão de diversos serviços ecossistêmicos. Contudo, apesar da sua importância, o Pantanal arde em chamas e as consequências são as mais trágicas possíveis.
Conhecendo o Pantanal
O Pantanal se caracteriza por ser uma região de área alagada, o que confere ao domínio o título de “reino das águas”. Em suma, a formação vegetal abrange uma área de aproximadamente 138.183 km² e é considerada como uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta. A saber o domínio se localizada principalmente no centro-oeste do Brasil, nos estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Contudo, vale ressaltar que o mesmo se estende também para partes da Bolívia e Paraguai.
Dentre as características-chave do Pantanal, inclui-se suas inundações sazonais e ecossistemas diversos, como áreas alagadas, lagoas e campos. Assim, pode-se inferir que a região passa por uma estação chuvosa distintiva de novembro a março e uma estação seca de abril a outubro. Durante a estação chuvosa, grandes áreas do Pantanal podem ficar submersas, atraindo uma variedade rica de vida selvagem. Por fim, este ciclo entre o subir e baixar das águas influi diretamente no equilíbrio ecológico do domínio.
A paisagem pantaneira é conhecida por ser um mosaico de ecossistemas, também denominado como ecótono. Em outras palavras, a composição da formação vegetal vai de encontro com outros domínios: Cerrado, Amazônia, Mata Atlântica e do Charco Boliviano. De forma resumida, o Pantanal é conhecido por sua biodiversidade excepcional, com uma grande variedade de espécies de plantas e animais. De fato, o domínio é um habitat crucial para inúmeras espécies de aves, mamíferos, répteis e peixes. A exemplo, algumas espécies icônicas encontradas no Pantanal incluem onças-pintadas, capivaras, jacarés, lontras gigantes e uma infinidade de espécies de aves.
Status de conservação do Pantanal
O Pantanal, segundo a UNESCO, é classificado com Patrimônio Natural da Humanidade e Reserva da Biosfera. Em outras palavras, se classifica, assim, áreas nas quais possuam valor científico, de conservação, dentre outros. Lar para aproximadamente 3500 espécies de plantas e 1200 espécies de animais, o domínio pode ser considerado com frágil, além de totalmente dependente da água. Em suma, o dinamismo do movimento das águas direciona a biodiversidade local.
Apesar da importância que possui, o Pantanal, no ano de 2023, tem vivenciado um dos piores cenários quanto a conservação e manutenção da biodiversidade local. No mês de novembro, a formação vegetal teve mais de um milhão de hectares devastados pelos eventos de incêndios recorrentes. A saber, neste ano, o referido mês apresentou-se como o mais crítico em toda a história do Pantanal.
Incêndios no Pantanal
Os incêndios no Pantanal têm sido uma preocupação recorrente nos últimos anos. Assim, pode-se inferir que a ocorrência de queimadas carece de uma atenção maior, especialmente durante a estação seca, em que se tem as condições propícias para incêndios. Tais eventos podem causar danos sérios ao ecossistema único do domínio, ameaçando a biodiversidade e a saúde dos ecossistemas aquáticos e terrestres.
Em 2020, o Pantanal enfrentou uma série de incêndios devastadores, que foram particularmente intensos e extensos. A saber, no referido ano, as queimadas afetaram vastas áreas, destruindo habitats naturais, prejudicando a fauna e flora e impactando comunidades locais. Em suma, 30% da região foi devastada pelas chamas e aproximadamente 17 milhões de animais vertebrados foram mortos. Também, ainda no ano de 2020, o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense teve a sua vegetação devastada em sua totalidade.
Incêndios em 2023
Os impactos das queimadas sob a formação vegetal se perpetuam por longos tempos. Com o Pantanal não seria diferente. O domínio ainda se recuperava da triste devastação registrada no ano de 2020, quando ondas atípicas de incêndios tomaram conta da região. Sim, o Pantanal arde em chamas mais uma vez.
Em um intervalo de 7 dias (12 a 19 de novembro), dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe) mostram que se identificou 1086 focos de calor no domínio. Esse número é crescente e já chega em 4 mil focos de calor considerando do primeiro dia do mês até o dia 20/11. As queimadas no domínio bateram recorde histórico para o mês de novembro. A saber, a extensão de áreas devastadas pelo fogo entre os meses de janeiro e novembro no Pantanal é assustadora. De acordos dados do Inpe, a perda é três vezes maior quando comparado com o ano de 2022.
Causas dos incêndios
Diversas regiões no Brasil têm vivenciado uma forte onda de calor durante este mês de novembro. Tal evento se potencializou em função do fenômeno El Niño e temperaturas recordes foram identificadas em diversas regiões. A saber, os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, região a qual abriga o Pantanal, estão entre os mais afetados pelas altas temperaturas. Assim, pode-se inferir que os incêndios na área foram impulsionados também pela onda de calor. Contudo, vale destacar que, este cenário horripilante também é fruto da falta de ações preventivas, mesmo erro cometido durante o ano de 2020. Ademais, a demora para combater o evento pode ser propício para agravar a situação.
O que se espera para o mês de novembro é um clima ameno, uma vegetação saudável e preservada. O mês caracteriza o início do período chuvoso na região. No entanto, o cenário do ano de 2023 não foi esse. Em um intervalo de 15 dias, o número de eventos de fogo superou a 261 ocorrências. De fato, o atual cenário das queimadas no Pantanal pode ter se originado de fenômenos naturais (queda de raio, por exemplo). Contudo, pode-se apontar outras causas, a exemplo, o uso do fogo de forma inadequada. Por fim, os eventos de fogo são impulsionados principalmente pelas temperaturas altas, pelo vento forte e pela falta de chuva. Em muitos casos, a área de ocorrência dos focos de calor/fogo é de difícil acesso. Assim, tem-se uma maior dificuldade para erradicar o problema.
Consequências dos incêndios
A flora e fauna são fortemente impactados com as queimadas. Com os últimos incêndios no Pantanal, uma gama de animais foi morta. Em suma, com as queimadas, perdas foram observadas no Parque Nacional do Pantanal e no Parque Estadual Encontro das Águas, este que se destaca como o maior refúgio de onças-pintadas no mundo.
Além dos mais diversos impactos ao meio ambiente, os incêndios também possuem implicações no âmbito social e econômico. As fumaças intensas causam danos à saúde humana, impactam as atividades das comunidades, dentre outros.
Cenário
Os incêndios florestais se atenuaram graças a chuvas que chegaram à região. No entanto, estas chuvas são pontuais e faz-se necessário o monitoramento, agindo assim de forma preventiva. Além disso, não se deve considerar as ações como finalizadas, uma vez que a fauna e flora local sofrem com as queimadas e providências precisam ser tomadas.
O que deve se fazer
As consequências das mudanças climáticas já são evidentes. Uma resposta são os eventos climáticos extremos, regiões com inundações e outras passando por ondas de calor. Para reverter este cenário, estratégias de conservação, manutenção dos recursos naturais são essenciais. Nesse sentido, a proteção de áreas-chave, como o Pantanal, é primordial. Protegendo, conservando e mantendo as zonas úmidas, tem-se o benefício da atuação dessas áreas como sumidouros de carbono.
Especificamente, quando se trata dos incêndios florestais recentemente detectados no Pantanal, o que se espera é uma intensificação nos esforços por parte das autoridades. Além disso, a implementação de sistemas de monitoramento que permitam a identificação rápida dos focos de calor e consequentemente, um planejamento ágil para o combate. Em síntese, aliar os recursos advindos da tecnologia e inovação se faz primordial para tais etapas.
O que se espera
O Pantanal arde em chamas, mas este cenário precisa mudar. Diante de tanta destruição, o que se espera é que se tenha uma resposta significativa das autoridades brasileiras e de organizações de conservação ambiental. Em outras palavras, os poderes públicos e privados devem unir esforços de combate ao fogo, resgate de animais afetados e iniciativas de recuperação ambiental.
A gestão sustentável, a prevenção de incêndios e a promoção da conservação são cruciais para proteger o Pantanal e suas características únicas. Além disso, abordar as causas subjacentes, como o desmatamento ilegal e as mudanças climáticas, é fundamental para garantir a preservação a longo prazo deste importante ecossistema.
Últimas ações – Lei do Pantanal
Conforme os governantes pantaneiros, o objetivo com a nova lei é trazer inovação e equilíbrio quando se trata de conservação, manutenção e uso dos recursos naturais. A ideia é que, a partir da legislação, se transforme o domínio em um ativo econômico e natural. Mas, o que isso quer dizer? Em síntese, o que se espera é uma exploração sustentável dos recursos disponíveis na formação vegetal, bem como a conservação e manutenção dos mesmos. O domínio possui importância social, ambiental e econômica. Afinal, as comunidades pantaneiras trabalham com a terra, obtendo subsídios para sobrevivência e comercialização.
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