O assunto do ano no setor de celulose foi a fusão entre Fibria e Suzano. Muito se especulou sobre o processo, depois de várias fusões que criariam gigantes brasileiros, serem frustradas por restrições regulatórias.
A compra da Fibria pela Suzano, foi oficializada em março deste ano, depois de quase um ano de negociações. A princípio, pareceu um processo tranquilo, mas quando paramos para pensar sobre as notícias que vimos ao longo deste ano, percebemos que não foi bem assim.
Primeiro veio a notícia de que alguns acionistas não estavam satisfeitos com a fusão. Logo depois vimos notícias sobre a necessidade de licitação para a venda da empresa, depois da liminar que impedia que o governo vendesse, sem autorização do Legislativo, o controle acionário de empresas de economia mista, como é o caso da Fibria, quarto maior investimento do BNDES em empresas brasileiras. Por fim, vieram as especulações sobre as exigências do Cade, que vem se mostrando muito mais rigoroso nos últimos anos na avaliação de fusões. Para quem não se lembra, o Cade vetou a compra da faculdade Estácio pela Kroton em junho do ano passado, impediu a rede de postos de combustíveis Ipiranga de adquirir a Ale em agosto de 2017 e proibiu a Ultragaz de adquirir a Liquigás, da Petrobras, em fevereiro de 2018.
Agora a união das gigantes do setor de celulose e papel chega à reta final, como um negócio melhor do que o desenhado na época do anúncio e entra para a história corporativa brasileira como um caso em que todos os envolvidos ganharam.
Mas as novidades do setor não param por aí. A Duratex formou uma joint venture com o grupo austríaco Lenzing para produção de celulose solúvel do tipo viscose em Minas Gerais. Conhecida pela fabricação de painéis de madeira, louças e metais sanitários, a Duratex e sua parceira vão investir US$ 1 bilhão na nova fábrica, que terá capacidade de 450 mil toneladas por ano e será instalada no Triângulo Mineiro.
Outro assunto comentado, foi a ampliação da Eldorado, que concluiu as etapas de terraplanagem e infraestrutura na área em que deve ser instalada a segunda linha de celulose da empresa. A companhia está trabalhando na concepção do projeto de engenharia de sua nova planta e na definição de seus fornecedores, com a previsão para o início da operação de sua nova linha em 2021. Para quem não se lembra, a Eldorado foi vendida ao grupo holandês Paper Excellence, em 2017. O nome da Paper Excellence também foi muito citado durante as negociações de compra da Fibria, quando inesperadamente entrou na disputa pela aquisição da empresa.
A Klabin também comentou sobre uma possível ampliação de sua capacidade de produção de papel kraftliner que virá integrada com uma nova linha de produção de celulose de 1 milhão de toneladas por ano.
A Cenibra voltou a falar sobre expansão, mas aguarda a liberação da compra de terras por estrangeiros, para levar adiante os planos de crescimento estimados em US$2 bilhões.
Falando um pouco mais sobre os investimentos estrangeiros. Grupos e investidores internacionais já andaram prospectando oportunidades em Mato Grosso do Sul. O grupo indonésio Royal Golden Eagle (RGE), dono da April e agora da brasileira Lwarcel Celulose, estaria avaliando as possibilidades no Estado há algum tempo, assim como a chilena Arauco, que tem florestas na região e chegou a negociar a compra da Eldorado Brasil.
De modo geral, não ouvimos falar muito sobre a implantação de novas empresas. Talvez porque o processo de implantação de uma nova área fabril de Celulose e Papel não é rápido. Desde o lançamento da “pedra fundamental” de uma nova fábrica até o início da produção pode-se contar com um prazo médio em torno de 2 anos, dependendo do porte da fábrica, e antes disso pelo menos mais 1 ano de planejamento estratégico e logístico, ou seja, é um grande desafio decidir investir uma quantia muito significativa de recursos para que o retorno mínimo apenas inicie daqui no mínimo 3 a 4 anos. Neste cenário, agregado às instabilidades econômicas mundiais, qualquer decisão por mais simples que possa parecer poderá trazer consequências muito graves.
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O que esperar para 2019?
Para o próximo ano, as expectativas são as melhores possíveis. Espera-se que empresas do setor que adiaram investimentos por causa da incerteza política voltarão a seus projetos e devem retomar planos de modernização e expansão, encorajadas também pela perspectiva de crescimento econômico.
A melhora das economias europeia e americana, que já tem elevado a demanda por papel, também deve refletir sobre as exportações de celulose e papel do Brasil.
Por fim, a notícia de que enfim o país saiu da recessão, deve alavancar tanto o setor de papel, quanto setores relacionados, que utilizam embalagens, como: alimentos, remédios e bens de consumo.
Espero que em breve tenhamos novidades!
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