Dias cinzentos, ar seco e perdas, muitas perdas. Os eventos climáticos extremos têm se tornado cada dia mais comuns. Nas últimas semanas, a seca que se alastra pelo país vem chamando a atenção, seja pelo desconforto ou pelas consequências negativas já sentidas pelo homem e meio ambiente. Contudo, há de se ressaltar que, este cenário tem se agravado com a crescente de queimadas pelo país e, muito mais que fumaça, o impacto dos incêndios é gigantesco.
O Brasil, um país rico e diverso, se destaca por abrigar diversas belezas naturais. No entanto, os últimos eventos reportam dias tomados pela fumaça, impuros e tristes. Em suma, o país vem enfrentando uma das piores queimadas, são cerca de 60% da extensão territorial cobertos por fumaça. Focos de incêndios foram identificados em diversas regiões do país, sendo os estados do Amazonas, Pará, Mato Grosso, São Paulo, Goiás e Mato Grosso do Sul aqueles com maiores índices de queimadas. A saber, até o dia 31 de agosto do corrente ano, já ocorreu o registro de 224 mil km2 de incêndios pelo país, sendo o referido mês responsável por aproximadamente 50% dessas queimadas.
Impactos das queimadas
Muito mais que fumaça, fuligem e desconforto, as queimadas trazem consequências no âmbito social, econômico, assim como ambiental. Com os últimos eventos, perdas da fauna e flora já se tornam imensuráveis. A exemplo, na Reserva biológica do Tinguá (Rio de Janeiro), área em que um incêndio devastou a vegetação, brigadistas encontraram um bicho-preguiça carbonizado. De antemão, sabemos que as florestas são responsáveis por diversos serviços ecossistêmicos e a ocorrência dos incêndios florestais impactam diretamente nas funções dessas áreas. As perdas, como supracitado, geram impactos nas mais diferentes esferas. Com o fogo, há perda de matéria-prima, escassez de produtos madeireiros e não madeireiros, poluição do ar e água, diminuição do conforto térmico, dentre outros.
Para o homem, existem diversos impactos diretos, dentre os quais podemos citar a provisão de bens e serviços, bem como à saúde. Áreas com altos índices de queimadas se tornam inóspitas, com qualidade do ar péssima e inadequada. Ademais, o ar seco e poluído afeta diretamente o sistema respiratório. Assim, em decorrências das queimadas, já se identifica crises no setor de saúde. De crianças a idosos, o número de pessoas que apresentam uma tosse, inflamação no pulmão ou necessita de uma internação é crescente. A princípio, a poluição do ar, advinda da tragédia ambiental que enfrentamos, afeta o revestimento do sistema respiratório, propiciando o aparecimento de infecções, seja por vírus ou bactérias. No entanto, a fumaça inalada não apenas afeta o sistema respiratório, mas pode também acometer o coração, cérebro, rins e fígado.
Alterações Climáticas e Impacto Global
As queimadas, além de suas consequências locais, também influenciam o clima global. Em suma, a liberação de gases de efeito estufa, como o dióxido de carbono (CO2), contribui para o aquecimento global. Essas emissões intensificam o efeito estufa, o que, por sua vez, exacerba os eventos climáticos extremos, criando um ciclo vicioso: mais queimadas geram mais aquecimento, que gera mais condições propícias para novas queimadas.
Cenário ao Longo do Território Brasileiro
Áreas antes já afetadas pelo fogo voltam a sofrer perdas. São inúmeras unidades de conservação e parques consumidos por chamas. Dentre os muitos exemplos, o Parque Nacional de Brasília, Floresta Nacional de Brasília, Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros estão a mercê dessa tragédia ambiental. A saber, como medida provisória, em diversas regiões do país, parques estão sendo fechados em uma tentativa de combate aos incêndios florestais que tomam essas áreas. À primeira vista, tal medida visa também a segurança da população, uma vez que a mesma frequenta estas áreas visando o lazer e turismo.
O cenário atual do Brasil é devastador. O fogo avança por importantes domínios brasileiros, como a Amazônia, Cerrado e Pantanal. Infelizmente, muitos dos incêndios são de origem criminosa, em que, por vezes, não é possível se identificar os autores e estes ficam impunes.
Soluções e Mitigação
Embora o cenário seja desolador, soluções existem e é preciso colocá-las em prática. Medidas de manejo sustentável das florestas, educação ambiental e a aplicação rigorosa de leis contra o desmatamento e queimadas ilegais são essenciais para frear a degradação. O envolvimento das comunidades locais também é fundamental para a preservação, já que muitas vezes são os primeiros a sentir os efeitos das queimadas. Além disso, a recuperação das áreas afetadas é crucial. Em síntese, projetos de reflorestamento e a restauração de ecossistemas podem, a longo prazo, ajudar na recuperação da biodiversidade e na estabilização dos ciclos naturais. Por fim, a conscientização da população em geral é uma das armas mais poderosas na luta contra as queimadas. Somente com um esforço conjunto entre governos, sociedade civil e setores privados será possível reverter o impacto devastador das queimadas e assegurar um futuro mais saudável e sustentável para as próximas gerações.
As consequências negativas advindas das queimadas e/ou incêndios são inquestionáveis. É tempo de promovermos ações preventivas e de conscientização. Medidas devem ser estabelecidas. Normas, leis, diretrizes devem ser impostas. A saúde, do homem e meio ambiente, depende de um ar limpo, da conservação e manutenção dos recursos naturais. É tempo de agir!
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