O conhecimento do potencial florestal, seja econômico ou ambiental, de uma determinada área é principalmente definido pela realização de levantamentos florestais. O inventário florestal é considerado como uma importante ferramenta no que diz respeito a quantificação das características qualitativas e quantitativas das formações vegetais. Assim, a partir das mensurações realizadas durante o inventário florestal é possível realizar a determinação do uso sustentável dos recursos, bem como proceder com a quantificação do volume de madeira, biomassa e outros. Atrelada a esse procedimento, tem-se a fitossociologia, um estudo descritivo da vegetação, isto é, estudo em que são quantificadas informações quanto ao comportamento e potencialidade das espécies vegetais.
A aplicação do estudo fitossociológico permite realizar um melhor diagnóstico da floresta, assim como conhecer as características qualitativas e quantitativas da comunidade vegetal e consequentemente, auxiliar na elaboração de planos para recuperação de áreas degradadas, medidas de conservação e elaboração de políticas públicas. Além disso, a caracterização fitossociológica auxilia na tomada de decisão quanto a produção de sementes, identificação de espécies raras e ameaçadas.
O padrão de distribuição das comunidades vegetais, bem como suas relações e características intrínsecas, podem ser quantificadas e determinadas por meio da fitossociologia, considerada como um estudo da estrutura da formação vegetal. A partir da análise fitossociológica são gerados parâmetros que subsidiam informações que auxiliam no entendimento quanto a dinâmica e estrutura da comunidade vegetal, e consequentemente obter um conhecimento quanto a florística.
A comunidade vegetal é caracterizada quanto à disposição dos indivíduos arbóreos na área, em que o arranjo das árvores na floresta, quando considerando a altura e densidade, expressam a estrutura vertical e horizontal, respectivamente. As estimativas oriundas da estrutura vertical estão principalmente relacionadas com a posição ecológica e regeneração natural da espécie na comunidade. Já a estrutura horizontal considera medidas associadas ao grau de ocupação, distribuição e número de indivíduos de uma espécie.
Mediante o estudo da fitossociologia, atrelada a florística, é possível conhecer a estrutura da floresta. Para isso, são calculados os parâmetros fitossociológicos, absolutos ou relativos, que são os índices ou indicadores empreendidos para descrever a estrutura da floresta.
Frequência
Parâmetro que visa a quantificação da distribuição espacial de uma determinada espécie sobre a área. Em outras palavras, a frequência exprime o número de unidades amostrais em que uma espécie ocorre em função do número total de parcelas.
Frequência absoluta (Fa): Exprime a proporção em que uma determinada espécie ocorre na área.
Em que:
ui: número de unidades amostrais em que há a ocorrência da espécie;
Ut: número total de unidades amostrais na área de interesse.
Frequência relativa (Fr): Parâmetro expresso em porcentagem. É a representação da relação entre a frequência absoluta de uma espécie e o somatório das frequências absolutas de todas as espécies amostradas na comunidade.
Densidade
Este parâmetro é também definido como abundância, e está intrinsecamente relacionado com o número de indivíduos de cada espécie na constituição da comunidade vegetal.
Densidade absoluta (Da): Tal parâmetro expressa o número de indivíduos de uma determinada espécie por unidade de área. Usualmente este parâmetro é fornecido por hectare.
Densidade relativa (Dr): Aponta a relação existente entre o número de indivíduos de uma espécie e o número total de árvores amostradas na área. O parâmetro é expresso em porcentagem.
Em que:
n: número de indivíduos de uma espécie;
N: número total de indivíduos amostrados na comunidade vegetal;
A: Área mostrada em hectares.
Dominância
O parâmetro considera a área basal, expressando assim o grau de ocupação de cada espécies na área de interesse. Por meio deste parâmetro é possível inferir quanto a biomassa presente na área.
Dominância absoluta (DoA): caracteriza a área basal total de uma espécie por unidade de área, normalmente o hectare.
Em que:
gi: área basal total da espécie de interesse;
A: área amostrada;
DAP: Diâmetro à 1,30 metros do solo.
Dominância relativa (DoR): Expressa a porcentagem da área basal da espécie de interesse em relação a área basal de todas as espécies amostradas.
Em que:
gi: área basal total da espécie de interesse;
G: área basal de todas espécies amostradas na área de interesse.
Valor de importância
O índice de valor de importância (IVI) retrata a importância ecológica da espécie na comunidade vegetal. Em outras palavras, o IVI representa a relevância que cada espécie possui dentro da formação vegetal. Uma espécie é considerada como mais importante em função da sua capacidade em explorar os recursos disponíveis na área.
Em que:
Fr: Frequência relativa;
Dr: Densidade relativa;
DoR: Dominância relativa.
Valor de cobertura
Tem o mesmo princípio do valor de importância, retratar a importância da espécie. Contudo, este parâmetro considera a densidade e dominância das espécies, representando respectivamente o número de indivíduos e suas dimensões.
Em que:
Dr: Densidade relativa;
DoR: Dominância relativa.
O estudo da fitossociologia por analisar e considerar aspectos de agrupamento das espécies, a relação entre as mesmas, assim como a determinação da relação das espécies como o ambiente é considerado amplo e complexo, e de suma importância. A partir da quantificação dos parâmetros fitossociológicos, sejam atrelados tanto a estrutura vertical quanto a estrutura horizontal, ou em conjunto permitem inferir quanto a relevância ecológica das espécies em uma determinada formação vegetal. Além disso, esse estudo permite caracterizar o estágio de sucessão da comunidade vegetal, realizar a comparação da riqueza da vegetação entre diferentes áreas, prover uma melhor análise paisagística e subsídios para a conservação da diversidade.
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