Não é incomum escutarmos noticiários alarmantes com as últimas novidades sobre o aquecimento global. Muitos desacreditam ou tem lá suas dúvidas acerca do assunto, mas fato é que o aquecimento global é uma realidade que tem se evidenciado ano após ano com maior intensidade. Vejamos ao longo deste texto alguns fatos que provam essa triste realidade, mas antes vamos contextualizar um pouco sobre este fenômeno.
O que é o aquecimento global?
Define-se o aquecimento global como o processo de aumento da temperatura média dos oceanos e da atmosfera da Terra causado por massivas emissões de gases que intensificam o efeito estufa, originados de uma série de atividades humanas, especialmente a queima de combustíveis fósseis e mudanças no uso da terra, como o desmatamento, agricultura, indústrias, bem como de várias outras fontes secundárias. Um ponto interessante a ser lembrado é que o efeito estufa é um fenômeno natural que possibilita a vida humana na Terra.
Quando existe um balanço entre a energia solar incidente e a energia refletida na forma de calor pela superfície terrestre, o clima se mantém praticamente inalterado. Entretanto, o balanço de energia tem sido drasticamente alterado graças às mudanças na concentração de gases de efeito estufa na atmosfera. Essas mudanças na concentração de gases estão ocorrendo em função do aumento insustentável das emissões antrópicas desses gases e são esses aumentos que vem desencadeando uma série de notícias alarmantes sobre o tema, visto que a maior parte da atual mudança do clima, particularmente nos últimos 50 anos, é atribuída às atividades humanas.
Principais evidências de que algo está errado
A principal evidência do aquecimento global foi detectada no aumento da temperatura média global do ar e dos oceanos, também no derretimento generalizado da neve e do gelo, e na elevação do nível do mar que não pode mais ser negada. Atualmente, as temperaturas médias globais de superfície são as maiores dos últimos cinco séculos. Caso não ocorram mudanças contra o aquecimento de forma significativa, espera-se observar, ainda neste século, um clima bastante incomum, que poderá apresentar um acréscimo médio da temperatura global de 2 °C a 5,8°C, segundo o 4º Relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).
Facilmente podemos encontrar dados alarmantes sobre este fato e até animações que mostram, por exemplo, o declínio do gelo flutuante do Ártico entre 1979 e 2010, que é um dos sinais mais evidentes do aquecimento global.
Outra evidência alarmante é a concentração de dióxido de carbono na atmosfera observada, que em 2005 excedeu e muito a variação natural dos últimos 650 mil anos, atingindo o valor recorde de 379 partes por milhão em volume (ppmv) – isto é, um aumento de quase 100 ppmv desde a era pré-industrial.
Últimas notícias
Navegando pela internet temos novas notícias sobre o assunto quase que diariamente, como estas:
- Estudo internacional alerta para os impactos do aquecimento global nas comunidades de fungos de água doce, especialmente em comunidades dominadas por espécies adaptadas a ambientes mais frios ou a ambientes com oscilações mínimas de temperatura, e provocar uma alteração gradual nas teias alimentares modificando os ciclos biológicos e geoquímicos e comprometendo os serviços do ecossistema e do bem-estar humano;
- Aquecimento global: Arquipélago russo entra em estado de emergência após invasão de ursos polares famintos. Com aquecimento global, ursos polares estão sendo forçados a ficar mais tempo em terra para buscar alimentos;
- Aquecimento global: década pode ser a mais quente da história, diz agência britânica. Previsões do Met Office, serviço metereológico do Reino Unido, indicam que período de 2014 a 2023 será a década mais quente em 150 anos de registros;
- Aquecimento global faz prova de patinação mudar da Holanda para a Áustria. Cerca de seis mil holandeses peregrinam para conseguir competir;
- Aquecimento global: 2018 foi o quarto ano mais quente da História. Dados da Nasa indicam que temperatura média do planeta no ano passado foi 0,83 grau Celsius mais alta que a média registrada entre 1951 e 1980.
Consequências do aquecimento global
O aquecimento e as suas consequências serão diferentes de região para região. A natureza e o alcance dessas variações regionais ainda são difíceis de prever de maneira exata, mas sabe-se que nenhuma região do mundo será poupada de mudanças, sendo que o Ártico é a região que está aquecendo mais rápido.
O aumento nas temperaturas globais e a nova composição da atmosfera desencadeiam alterações importantes em todos os sistemas e ciclos naturais da Terra, visto que afetam os mares, provocando a elevação do seu nível e mudanças nas correntes marinhas e na composição química da água. Afetam também o ritmo das estações e os ciclos da água, do carbono, do nitrogênio e outros compostos. Causam o degelo das calotas polares, do solo congelado das regiões frias, modificando ecossistemas e reduzindo a disponibilidade de água potável. Tornam irregulares o regime de chuvas e o padrão dos ventos, produzem uma tendência à desertificação das regiões florestadas tropicais, enchentes e secas mais graves e frequentes, e tendem a aumentar a frequência e a intensidade de tempestades e outros eventos climáticos extremos.
As mudanças produzidas pelo aquecimento global nos sistemas biológicos, químicos e físicos do planeta são vastas, algumas são de longa duração e outras irreversíveis, provocando uma grande redistribuição geográfica da biodiversidade, o declínio populacional de grande número de espécies, modificando e desestruturando ecossistemas em larga escala, gerando problemas sérios para a produção de alimentos, suprimento de água e produção de bens diversos, visto que dependem da estabilidade do clima e da integridade da biodiversidade.
Quadro atual
Mesmo que as emissões de gases estufa cessem imediatamente, a temperatura continuará a subir por mais algumas décadas, pois o efeito dos gases emitidos não se manifesta de imediato. É evidente que uma redução drástica das emissões não acontecerá logo, por isso haverá necessidade de adaptação às consequências inevitáveis do aquecimento.
Os governos do mundo em geral trabalham hoje para evitar uma elevação da temperatura média acima de 1,5 °C, considerada o máximo tolerável antes de se produzirem efeitos globais em escala catastrófica. Num cenário de elevação de 3,5 °C a União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN) prevê a extinção provável de até 70% de todas as espécies hoje existentes. Se a elevação superar os 4 °C, uma possibilidade que não está descartada, pode-se prever mudanças ambientais em todo o planeta que comprometerão irremediavelmente a maior parte de toda a vida na Terra. Num cenário de altas emissões continuadas, superpopulação humana e exploração desenfreada da natureza, semelhante ao que hoje está em curso, prevê-se para um futuro não muito distante o inevitável esgotamento dos recursos naturais e uma rápida escalada nos índices de fome, epidemias e conflitos violentos, levando ao colapso da civilização como hoje a conhecemos. Se considerarmos o futuro para além de 2100, admitindo a queima de todas as reservas conhecidas de combustíveis fósseis, projeta-se um aquecimento dos continentes de até 20 °C, eliminando a produção de grãos em quase todas as regiões agrícolas do mundo e criando um planeta praticamente inabitável.
Veja mais: Influência das mudanças climáticas no crescimento das florestas
A imprensa ainda dá espaço para controvérsias mal informadas, tendenciosas ou distorcidas sobre a realidade e a gravidade do aquecimento e seus efeitos, e influentes grupos de pressão política e econômica financiam campanhas de negacionismo climático, opondo-se ao consenso científico unânime dos climatologistas. Este consenso afirma que o aquecimento global está acontecendo e precisa ser contido com medidas vigorosas sem nenhuma demora, pois os riscos são altos demais. De todas as ameaças ambientais contemporâneas, o aquecimento global é a maior e a mais grave, em vista dos seus efeitos múltiplos sobre todo o mundo.
O Protocolo de Quioto e outras políticas e ações nacionais e internacionais visam a redução das emissões. Porém as negociações intergovernamentais não têm sido muito frutíferas, os avanços nas ações de mitigação e adaptação têm sido muito lentos e pobres, e a sociedade em geral resiste irracionalmente em acatar as conclusões da ciência e mudar seu estilo de vida. O resultado é que as emissões de gases têm crescido sem cessar, não havendo sinais de que se reduzirão no futuro próximo. Ao mesmo tempo, as evidências concretas do aquecimento global e das suas consequências têm se avolumado ano a ano.
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