Assim como os seres humanos, as plantas também necessitam de nutrientes para crescer e se desenvolver. Por isso, é muito importante que o solo forneça todos os elementos necessários para suprir a necessidade das plantas. A partir desse texto, será possível entender o que é a ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais e a principal forma de garantir o retorno dos nutrientes ao solo nesses ecossistemas.
O que é a ciclagem de nutrientes?
Como o próprio nome sugere, a ciclagem de nutrientes é um processo cíclico onde as plantas de determinado ecossistema absorvem os nutrientes disponíveis no solo; esses nutrientes são translocados para o interior das plantas e, posteriormente, os nutrientes retornam ao solo acumulados na massa vegetal (serapilheira), reiniciando o ciclo.
É um dos principais processos de manutenção da produtividade dos sistemas naturais, e também dos ambientes rurais manejados, sejam eles pecuários, agrícolas ou florestais.
Fertilidade dos solos em ecossistemas florestais
Grande parte das florestas tropicais está estabelecida em solos com baixa fertilidade natural, portanto, a produtividade dessas florestas é baseada na ciclagem de nutrientes. Em plantios comerciais, devido à retirada de grande parte da massa vegetal da área, ocorre o desequilíbrio entre as entradas e saídas de nutrientes do sistema, prejudicando a ciclagem de nutrientes e o estabelecimento de um novo cultivo naquela área.
A retirada de nutrientes nos plantios florestais por meio de explorações intensivas, em rotações curtas, e sem planejamento de um período para repor esses nutrientes, resultam no exaurimento do solo. Por isso, é importante deixar as acículas e os galhos no campo, esses componentes da planta, que geralmente não são utilizadas pela indústria madeireira, poderão garantir a ciclagem de nutrientes no solo, permitindo o estabelecimento de um novo cultivo naquela área.
Serapilheira
Formada pela deposição de restos de plantas e material orgânico em diferentes estágios de decomposição, a serapilheira é a camada superficial do solo de florestas. É considerada a principal via de retorno dos nutrientes ao solo.
Além disso, essa camada também faz com que a chuva penetre lentamente no solo, garantindo a absorção de água pelas plantas, e protegendo o solo da erosão e do assoreamento, problemas que podem causar prejuízos consideráveis, principalmente em plantios comerciais.
Ciclagem de nutrientes em Plantios Comerciais
Como vimos anteriormente, o plantio sucessivo de espécies florestais com alta capacidade de extração de nutrientes tem gerado um grande impacto sobre a disponibilidade e as reservas de nutrientes minerais nos solos. Isso traz como consequência a queda da qualidade das áreas de produção, quando não é feito o manejo correto.
Portanto, precisa-se de uma estratégia de fertilização que forneça os nutrientes que irão promover o desenvolvimento das plantas, sem que haja perda de produtividade nos próximos ciclos de produção. O uso de fertilizantes minerais na implantação e na manutenção dos povoamentos florestais representa essa estratégia de fertilização/adubação.
O setor florestal adotou a prática da adubação há alguns anos, mas ainda há resistência sobre o seu uso. Mesmo com a possibilidade do aumento da produtividade em áreas de baixa fertilidade, o custo dos fertilizantes e da mão-de-obra ainda é um empecilho.
A importância da adubação em Plantios Comerciais
As espécies florestais possuem alta capacidade de desenvolvimento, mesmo em solos com baixa fertilidade.
Mesmo assim, a adubação nos povoamentos florestais é importante, para garantir o desenvolvimento das árvores e para prevenir o exaurimento do solo. Por isso, uma das etapas previstas no planejamento dos plantios comerciais é a adubação.
O planejamento da adubação nos plantios comerciais
Em geral, a escolha do local em que as árvores serão cultivadas é a etapa inicial do planejamento.
Essa escolha é dada pela aptidão do solo ao cultivo florestal. Ou seja, são escolhidas áreas que normalmente não são agricultáveis, e que possuam as condições mínimas para o desenvolvimento adequado do povoamento.
Depois de escolhido o local adequado, é feita a análise do solo, que permite *conhecer* suas características químicas e físicas. A partir dessa análise, é possível avaliar a fertilidade e planejar o manejo físico e químico do solo.
Tipos de corretivos e adubos
O calcário é o corretivo mais utilizado para a correção da acidez do solo, pois é o mais disponível e o mais barato.
Os nutrientes mais utilizados na adubação das espécies florestais, são o nitrogênio (N), o fósforo (P) e o potássio (K). Além deles, o cálcio (Ca) e o magnésio (Mg) também são exigidos pelas plantas, mas já são aplicados por meio da calagem.
Adubos minerais
Os adubos minerais utilizados em plantações florestais são, geralmente, adubos simples, formados por apenas um composto químico, por exemplo:
• Sulfato de amônio e ureia, como fontes de nitrogênio
• Superfosfato simples, superfosfato triplo e fosfato natural, como fontes de fósforo.
• Cloreto de potássio e sulfato de potássio, como fontes de potássio.
Para facilitar o manejo, são feitas formulações dos adubos, que permitem a aplicação de dois ou mais minerais ao mesmo tempo, denominados adubos mistos.
Por exemplo, uma formulação 10-10-10, representa que em 1 tonelada de adubo encontramos 100 kg N, 100 kg de P205 e 100 kg de KCl.
Adubos orgânicos
Além dos adubos minerais, também podem ser utilizados adubos orgânicos, normalmente compostos por resíduos provenientes das cidades, da agricultura e da indústria. Os resíduos mais utilizados são: cinzas, resíduos da indústria de celulose, resíduos orgânicos urbanos, estercos, entre outros.
Esses resíduos devem ser devidamente curtidos, livres de contaminantes químicos e biológicos, para serem utilizados com segurança. É importante ressaltar que todo esse planejamento e as práticas de manejo de adubação devem ser orientados e acompanhados por um profissional habilitado.
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