Recentemente o mundo viu uma queda enorme nas emissões de dióxido de carbono como consequência da diminuição da atividade econômica, cancelamento de voos e menor circulação de carros. Mas, assim como em outras situações de crise, os níveis provavelmente voltarão a atingir picos após o fim da pandemia do coronavírus (COVID-19).
Na China, epicentro do vírus, as emissões de Co₂ diminuíram 25% em um período de apenas duas semanas, o que pode resultar em uma redução de 1% do valor de 2020, segundo estimativas. E os níveis de NO₂, um outro gás de efeito estufa, também caíram.
Novos dados mostram que a Itália, o país que mais sofre com a doença atualmente, ultrapassando a China em número de mortes, também viu seus níveis de poluição caírem drasticamente, como consequência do isolamento social obrigatório e o fechamento de estabelecimentos e fábricas.
Em Nova York, as emissões de monóxido de carbono vindas de automóveis diminuiu 50% em comparação ao ano passado, segundos dados de pesquisadores da Universidade de Columbia. Faz sentido, já que o tráfego da cidade caiu em 35% com a chegada do coronavírus. Além do monóxido de carbono, pesquisadores descobriram que o dióxido de carbono diminuiu em até 10% e o metano também apresentou quedas, ambos são gases de efeito estufa que intensificam o aquecimento global.
O que acontecerá depois do Coronavírus?
Enquanto as medidas de quarentena têm sido excelentes para conter o espalhamento do vírus e para a saúde do planeta, o que acontecerá com os níveis de poluição uma vez que o surto passar e os países quiserem aquecer a economia novamente?
Os cientistas temem que os níveis de produtos químicos tóxicos fiquem ainda mais altos do que antes da epidemia. A preocupação é de que os países foquem exclusivamente em reiniciar suas economias, a custo do meio ambiente.
Foi o que aconteceu em 2009, o governo chinês lançou um pacote enorme de US$ 586 bilhões em resposta à crise financeira global, sendo que a maioria dos recursos era destinada a projetos de infraestrutura de larga escala.
Pode haver uma série de estímulos econômicos que injetariam créditos baratos para indústrias pesadas e, como resultado, poderemos ver poluentes e emissões de carbono crescentes no segundo semestre deste ano.
Mas também existem pontos positivos. No caso do pacote de 2009, a explosão de poluição resultante nos anos seguintes, particularmente o inverno de céu completamente cinza de 2012 e 2013, provocou protestos públicos que deram início ao primeiro plano de ação ambiental do governo chinês.
Já em 2017, o presidente Xi Jinping fez novas promessas de combater a poluição da China. As políticas que de fato foram aplicadas tiveram consequências positivas, com a poluição geral diminuindo 10% entre 2017 e 2018.
Os ativistas climáticos veem a crise do coronavírus como uma oportunidade para continuar as reformas ambientais propostas.
É possível uma mudança de hábitos?
Para permitir um retorno mais rápido às fábricas localizadas nas áreas menos afetadas, autoridades chinesas organizaram aviões, trens e ônibus especiais.
Além disso, medidas destinadas a estimular a economia podem acabar por reverter a baixa no consumo de combustíveis fósseis e, portanto, empurrar as emissões acima das médias históricas, como aconteceu após a crise financeira global e a recessão econômica de 2015.
Alguns dirão que uma demanda acumulada por mercadorias levará a um desperdício mais tarde, mas 20% da economia mundial está sendo afetada. Voos pelo mundo estão sendo cancelados e as coisas não serão as mesmas novamente.
A chave para isso seria uma possível mudança de comportamento dos consumidores, na China e no mundo, como resultado do impacto econômico da crise ou do aumento da conscientização pelos danos das emissões.
Se a demanda do consumidor for reduzida, por exemplo, devido a salários não pagos durante a crise, a produção industrial e o uso de combustíveis fósseis podem não se recuperar, mesmo se houver capacidade.
A crise também tem o potencial de mudar o comportamento e os hábitos de consumo das pessoas a longo prazo, por exemplo, fazendo-as pensar duas vezes antes de embarcar em uma longa jornada que poderia terminar em quarentena.
Se isso não acontecer, no entanto, a redução de emissões de CO₂ devido ao coronavírus dependerá principalmente da extensão e da duração da crise.
Não é incomum que emissões de gases poluentes diminua em períodos de incerteza, devido à redução da atividade econômica. Mas elas sempre voltam a subir, às vezes mais rapidamente do que o normal.
E para reforçar…
Evite frequentar lugares aglomerados ou por onde passam muitas pessoas (metrô, shopping, etc.) Se puder, prefira ficar e trabalhar em casa. Ao se expor desnecessariamente, você corre risco de ficar doente. E mesmo que tenha apenas sintomas leves da covid-19 (ou nem tenha sintomas), estará sujeito a transmiti-la a quem pode apresentar problemas graves, colocando um número maior de vidas em perigo.
Além de lavar bem as mãos com água e sabão por, no mínimo, 20 segundos ou higienizá-las com álcool gel várias vezes ao dia, também é importante evitar tocar na boca nariz ou olhos se estiver em um ambiente público, porque o vírus é transmitido por via aérea e pelo contato com secreções respiratórias.
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