Em tempos de mudanças climáticas, muitas são as discussões sobre os aspectos relacionados a este evento. E nesse sentido, as formações vegetais exercem uma função de grande relevância para a mitigação dos efeitos ocasionados pelas alterações do clima.
Por conseguinte, as florestas possuem um papel solene como prestadoras de serviços ecossistêmicos para a população, sendo que estes são obtidos de forma direta e indireta. Entende-se por serviços ecossistêmicos todo bem e contribuição prestados pelas comunidades bióticas atreladas ao ambiente.
Os serviços ecossistêmicos podem ser de provisão (todo e qualquer produto oriundo da floresta que favorecerá o homem, como: os alimentos, matéria-prima, água, regulação (funções exercidas por estes ambientes na regulação das condições ambientais concernentes à qualidade do ar, controle de pragas e doenças, regulação do microclima) e cultural (serviços prestados pela natureza ao homem mediante o contato direto com a mesma, em que há uma contribuição para a cultura e relações sociais, sendo estes a recreação, turismo ecológico, etc).
Por fim, tem-se o serviço de suporte em que está relacionado com a biodiversidade local, isto é, estes serviços são necessários para que os demais ocorram e estão atrelados à formação dos ambientes, solo, ciclo de nutrientes e outros.
Dentre os serviços ecossistêmicos de regulação temos a estocagem de carbono, este que está intrinsecamente relacionado com a mitigação do clima.
Fontes de emissão do CO₂
O crescente aumento populacional tem ocasionado perdas significativas das áreas naturais, devido ao aumento das atividades antrópicas que estão sendo desenvolvidas de forma desordenada.
Assim, as principais fontes de emissão de gás carbônico são oriundas das ações humanas no meio ambiente, como o desmatamento e queima de combustíveis fósseis. Além disso, a agropecuária, o corte seletivo bem como as consequências da fragmentação são outros fatores que ocasionam o aumento do gás carbônico.
Neste contexto, alternativas que busquem melhoria do bem-estar do homem, assim como a conservação e preservação do meio ambiente são necessárias. Dada a essa questão exposta, muitas são as problemáticas envolvendo o assunto.
E, nas últimas décadas tem se buscado implementar projetos que visem a redução da emissão de gases do efeito estufa, que como ressaltado, aceleram o processo de aquecimento global. Assim destaca-se que a possibilidade de redução da concentração do gás carbônico na atmosfera está intrinsecamente relacionada com a redução da temperatura no planeta.
O que é estoque de carbono?
De forma simplificada, o estoque de carbono tem sua origem por meio da remoção e fixação do CO₂ da atmosfera na biomassa. O carbono, que é removido na atmosfera por meio da fotossíntese das plantas, se associa com os compartimentos do indivíduo arbóreo de acordo com o crescimento da vegetação.
Isto é, durante o desenvolvimento da planta há uma extensa demanda por carbono para que esta possa crescer. Assim, a planta absorve o gás e devolve oxigênio para a atmosfera.
Ressalta-se que, árvores mais jovens são aquelas que mais sequestram carbono da atmosfera, pois necessitam de mais energia para crescer, portanto consequentemente há uma menor estocagem por parte destas.
Ainda que os indivíduos mais jovens capturam maior quantidade de carbono, isso não implica que as florestas maduras não possuem importância. Pelo contrário, estas formações vegetais atuam como sumidouros ou reservatórios de carbono.
Qual a importância do inventário florestal?
Sabemos que, o inventário florestal consiste no levantamento de características quantitativas e qualitativas da formação vegetal de interesse. Assim, as variáveis altura total, diâmetro à 1,30 metros do solo (DAP), bem como a identificação das espécies são de suma relevância para a determinação do estoque presente na floresta, seja volumétrico ou de carbono.
Assim, podemos inferir que o inventário florestal subsidia a obtenção de informações que direcionam para implementação de estratégias que visem o uso otimizado dos recursos disponíveis, assim como descrever o comportamento da vegetação em estrutura e serviços prestados.
Muitos são os estudos voltados para a quantificação do estoque de carbono que denotam os ambientes naturais como sumidouros de carbono, atuando assim de forma positiva para a melhoria das condições ambientais.
Assim, ao considerar que as florestas possuem ação mitigadora quanto às questões climáticas, é importante que se atente para a execução correta do manejo florestal buscando a integração dos aspectos de conservação, social e econômico.
Como ressaltado, o inventário florestal fornece informações a respeito das características quantitativas e qualitativas. Nesse sentido, as informações obtidas permitem que atividades de reflorestamentos sejam implementadas de forma correta a depender da localidade. Aqui, ressaltamos que a implementação da atividade de plantio é de suma relevância para promover a captação do gás por meio da fotossíntese.
Quais as metodologias aplicadas para estimativa do carbono?
O carbono é comumente quantificado na biomassa acima e abaixo do solo. No entanto, além destes compartimentos é importante destacar que esta variável pode ser quantificada também em serapilheira, biomassa morta e solo.
E, como descrito em materiais disponíveis no Blog Mata Nativa, sabemos que a quantificação do carbono pode ser oriunda de métodos diretos, que consiste no abate das árvores, e indiretos que empregam modelos matemáticos com a utilização das características mensuradas na floresta como o diâmetro e altura.
Assim, dentre as metodologias mais aplicadas para a quantificação do estoque de carbono, temos os modelos matemáticos. Existem na literatura equações ajustadas que podem ser utilizadas para outros trabalhos.
Um exemplo é o Inventário de Minas (SCOLFORO et al, 2008), trabalho desenvolvido atentando-se para as fitofisionomias existentes no Estado de Minas Gerais, bem como por bacia hidrográfica. Contudo, devemos salientar que ao se proceder com o “empréstimo” de uma equação, faz-se necessário que estejamos atentos para esses aspectos como fisionomia e região.
Recentemente, tem surgido trabalhos mostrando a quantificação do estoque de carbono por meio da biomassa acima do solo (AGB) (CHAVE et al., 2014), em que para sua estimativa são consideradas a variável diâmetro, densidade da madeira de cada indivíduo e uma variável de estresse ambiental estimada a partir das coordenadas do local.
A transformação de ABG em carbono se dá pela multiplicação do valor correspondente por um fator igual à 0,471. Este fator é decorrente de estudos na temática que denotam o valor como a porcentagem proporcional de carbono para as angiospermas. Ao se utilizar esta metodologia não se leva em consideração a variável altura para a estimativa do AGB e consequentemente do carbono.
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