O processamento dos dados coletados durante a campanha de campo de um inventário florestal pode ser considerada uma tarefa minuciosa e complicada, visto que envolve uma série de variáveis que serão utilizadas para cálculos e estimativas que irão compor os resultados do estudo.
A realização da coleta de dados em campo, basicamente, circunferência a altura do peito (CAP), altura total, nome vulgar, número da árvore sequencial dentro da parcela, número dos fustes em caso de árvores bifurcadas, irão compor os dados para processamento do inventário florestal.
Primeiramente, deverá ser realizada a identificação botânica dos indivíduos a partir de amostras vegetativas dos indivíduos, e com auxílio de consultas bibliográficas, conhecimentos técnicos de membros da equipe e comparações com trabalhos já realizados nas proximidades da área são de grande importância. Sempre que possível, a confirmação deve ser feita em herbários com a verificação de especialistas da área.
Leia também: Dicas para coleta e identificação botânica no inventário florestal
Com a lista de espécies fechada, a planilha de campo deverá passar por uma fina consistência dos dados, onde deverão ser conferidos os nomes científicos, a família botânica e nome vulgar, para que todos os nomes se encontrem com mesma ortografia, para que não haja duplicação de nomes. Posteriormente deverão ser conferidos os diâmetros e alturas, em busca de números que destoam da realidade observada em campo. Número de árvores e fustes também devem ser conferidos. No software Mata Nativa a consistência dos dados é realizada durante a importação dos dados, e indica a linha onde contém erro para que possa ser corrigido, o que torna uma funcionalidade diferenciada da versão 4.
Após a minuciosa consistência dos dados, o processamento consiste em realizar os cálculos e estimativas como Amostragem, Florística, Diversidade, Estrutura Horizontal, Estrutura Vertical, Estrutura Diamétrica e Estrutura Paramétrica da população, dentre outras análises que podem ser realizadas.
Amostragem
A amostragem casual simples consiste na alocação de parcelas de forma aleatória visando representar do a área de estudo. Já a amostragem casual estratificada é assim denominada quando as unidades amostrais são selecionadas aleatoriamente dentro de cada estrato. Se comparada à amostragem casual simples, apresenta duas vantagens básicas. A primeira possibilita o cálculo individual das estimativas da média e da variância por estratos; a segunda aumenta a precisão das estimativas.
Veja também: Fórmulas da amostragem casual simples
De acordo com SOARES (2006) a amostragem casual estratificada consiste na divisão das populações florestais em subpopulações mais homogêneas em termos de distribuição da característica de interesse, denominadas estrato, dentro dos quais se realiza a distribuição das unidades de amostra.
Veja também: Fórmulas da amostragem casual estratificada
Dessa forma, para se realizar os cálculos dos parâmetros estatísticos da amostragem, considerando a variável de interesse o volume de biomassa, será necessário definir a equação volumétrica, a área total de manejo (ou supressão) o erro de amostragem (%) admissível e o nível de probabilidade para o cálculo. A definição das equações deverá ser baseada no bioma e tipologia florestal em que a área de estudo está inserida, podendo considerar ainda o estágio de sucessão e interferência antrópica na vegetação.
Florística
A florística do inventário florestal consiste em enumerar a relação das espécies botânicas visualizadas em campo, o número de indivíduos por espécie e porcentagem do número de indivíduos do número total amostrado. Dessa forma é possível verificar a riqueza de cada espécie. É muito usual apresentar também, a riqueza dos gêneros e famílias botânicas.
Diversidade
Segundo SOUZA (1998) diversidade abrange dois diferentes conceitos: riqueza e uniformidade. Riqueza refere-se ao número de espécies presentes na flora e, ou na fauna, em uma determinada área. Uniformidade refere-se ao grau de dominância de cada espécie, em uma área. Em princípio, diversidade pode ser mensurada, considerando-se qualquer componente biológico. Existem vários índices de quantificação da diversidade de um ecossistema, os quais possibilitam inclusive comparação entre os diferentes tipos de vegetação. Entre esses índices, podemos citar: Índice de Diversidade Ecológica de Shannon-Weaver, Índice de Diversidade Ecológica de Simpson, Equabilidade de Pielou, Coeficiente de Mistura de Jentsch e estimativas de Jackknife para índice de diversidade de Shannon-Weaver, todos calculados pelo Software Mata Nativa.
Veja também: Fórmulas de diversidade
Estrutura Horizontal
A análise da estrutura horizontal abrange os parâmetros, densidade ou abundância, que é o número de indivíduos de cada espécie na composição florística do povoamento; dominância, que se define como a medida da projeção do corpo da planta no solo (área basal por hectare); frequência, que mede a distribuição de cada espécie, em termos percentuais, sobre a área; índice do valor de cobertura, que é a soma das estimativas de densidade e dominância; e índice do valor de importância, que é a combinação, em uma única expressão, dos valores relativos de densidade, dominância e frequência.
Veja também: Fórmulas da estrutura horizontal
Estrutura Vertical
As estimativas dos parâmetros da estrutura vertical, somados às estimativas dos parâmetros da estrutura horizontal propiciam uma caracterização mais completa da importância ecológica das espécies no povoamento florestal. Os parâmetros fitossociológicos da estrutura vertical abrangem a posição sociológica, que fornece a composição florística dos diferentes estratos verticais do povoamento. Dessa forma, para estudar a posição sociológica de cada espécie na comunidade vegetal é necessário, primeiro, estabelecer estratos de altura total dos indivíduos, depois, calcular o valor fitossociológico de cada estrato e, por fim, obter as estimativas dos valores absoluto e relativo da posição sociológica.
Veja também: Fórmulas da estrutura vertical
Estrutura Diamétrica
A distribuição diamétrica serve para caracterizar tipologias vegetais, estágios sucessionais, inicial, médio, secundário, avançado e primário ou clímax, estados de conservação da floresta, regimes de manejo, processos de dinâmicas de crescimento e produção, grupos ecológicos de espécies (pioneira, secundária inicial, secundária tardia e clímax), grupos de usos (comercial, potencial, outros) e, também é utilizada como guias de corte e, sobretudo, como verificador de sustentabilidade ambiental de manejo.
Conceitua-se distribuição diamétrica como sendo a distribuição do número de árvores por hectare ou densidade absoluta da comunidade florestal por classe de diâmetro. (SOUZA, 1998). A estrutura diamétrica da espécie é a distribuição do número de árvores por hectare, por espécie e por classe de diâmetro.
Veja também: Fórmulas da estrutura diamétrica
Estrutura Paramétrica
A estrutura paramétrica de uma área de estudo é analisada em termos das estimativas dos parâmetros: números de árvore ou densidade absoluta, área basal por hectare ou dominância absoluta e volume por hectare ou volume absoluto, respectivamente por classe de diâmetro. Os parâmetros densidade, dominância e volume são estimados geralmente, por espécie e por classe de diâmetro. Contudo os referidos parâmetros podem ser estimados em combinação com as variáveis qualitativas (grupo ecológico de espécies, classe de infestação de cipós, classe de fuste, grupos de usos, classes de danos, etc.).
Veja também: Cálculo e interpretação da estrutura paramétrica
Para analisar a estrutura paramétrica, primeiro, os dados de diâmetro das árvores amostras são agrupados em classes, com uma determinada amplitude, onde os parâmetros densidade, dominância e volume são estimados e agrupados nas respectivas classes de diâmetro. Em geral, adota-se amplitude de 5,0 cm quando se refere a uma floresta secundária em estágio inicial ou médio de regeneração e amplitude de 10,0 cm, se referir a uma floresta em estágio secundário avançado de regeneração ou em estágio primário (clímax).
O Software Mata Nativa realiza todas as análises supracitadas com agilidade e precisão, fazendo desse sistema para processamento de inventários florestais e elaboração de planos de manejo florestal o mais completo software do mercado.
Referências bibliográficas:
- SOARES, C. P. B., NETO, F. de P.; SOUZA, A. L. Dendrometria e Inventário Florestal. Viçosa: Editora UFV, 2006. 276p.
- SOUZA, A. L. de. Estrutura, dinâmica e manejo de florestas naturais. 1998. 96p. (Notas de aula de ENF 343). UFV, Viçosa, 1998.
Veja também:
- Guia para se tornar um expert em inventário florestal
- Guia para se tornar um expert em inventário florestal – Coleta de dados em campo
- Importando dados do Excel para o Mata Nativa
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