A demanda por produtos madeireiros e não madeireiros tem se tornado cada vez mais crescente nas últimas décadas. A obtenção de tais produtos se dá a partir das formações naturais, bem como das florestas plantadas. Contudo, além da importância da provisão dos serviços ecossistêmicos e subsídios para geração de renda, faz-se importante a conscientização e criação de estratégias para a conservação da vegetação, assim como recuperação de áreas degradadas.
O que são florestas plantadas?
Define-se como florestas plantadas as áreas destinadas para o plantio de espécies florestais em que se empreende técnicas de manejo, produção e colheita. Essa é uma prática bastante antiga no Brasil, com mais de um século desde o seu surgimento. No ano de 1903, um Engenheiro Agrônomo, conhecido como Navarro de Andrade, trouxe a primeira muda de eucalipto para o Brasil. Por outro lado, o pinus foi no ano de 1947. De lá pra cá, as áreas de reflorestamento aumentaram significativamente, sendo um dos pilares da economia brasileira. As florestas plantadas movimentam cerca de 1.2% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, com 9 milhões de hectares plantados, uma vez que fornece diversos produtos e subprodutos.
Produtos e subprodutos
Atualmente, as florestas plantadas fornecem uma série de produtos e subprodutos. Assim, com o objetivo de se ter modelos de produção mais sustentáveis, as empresas têm cada vez mais focado na otimização dos produtos das florestas.
O produto oriundo das florestas plantadas com maior utilização é a madeira. Usualmente, emprega-se diretamente essa matéria-prima para a produção de móveis, laminados, compensados, painéis, vigas, assoalhos, pisos, andaimes, entre outros produtos. A madeira também destina-se para aquisição de outros produtos, como a lignina, celulose e nanocelulose, bio-óleos, bioplásticos e resinas. A celulose é considerada como um commodity, sendo responsável pela produção de diversos papéis, seja para livros, uso pessoal, papel cartão e embalagens. Além dos usos supracitados, empregam-se as árvores plantadas para a obtenção do carvão, este que é extremamente fundamental para a matriz energética do país.
Diversos setores dependem dos produtos advindos das florestas plantadas para a execução das suas atividades. A exemplo, tem-se a indústria têxtil, aviação, construção civil, indústria de cosméticos, indústria farmacêutica, entre tantos outros.
Quais as espécies mais utilizadas no Brasil?
Em decorrência do fator histórico e ecológico, no Brasil, as florestas plantadas são compostas principalmente pelas espécies do gênero Eucalyptus e Pinus. O eucalipto é a espécie mais plantada no país, sendo responsável e empreendida em mais de 70% dos plantios. A espécie logo que chegou, ganhou grande capacidade de adaptação nos solos brasileiros. A utilização desta espécie também está baseada nas características intrínsecas da mesma, isto é, a espécie possui crescimento muito rápido, com grande capacidade fotossintética.
Com o passar do tempo e aprimoramento dos estudos em melhoramento genético, silvicultura e ecologia, houve a inserção de novas espécies no manejo das florestas plantadas. A exemplo, a seringueira, acácia, teca, paricá, cedro, dentre outras. Este avanço tem se tornado cada vez mais importante na condução e obtenção de produtos a partir das florestas plantadas.
Importância das florestas plantadas
O setor de florestas plantadas também desempenha um papel muito importante para a conservação das espécies nativas, uma vez que evita-se a exploração não sustentável das mesmas. Além disso, as florestas plantadas estão diretamente relacionadas com a utilização e recuperação de áreas abandonados por práticas agrícolas, isto é, áreas degradadas.
No quesito ambiental, as florestas plantadas possuem grande relevância na atuação de estocagem de carbono, auxiliando na redução de emissão dos gases do efeito estufa. Adicionalmente à provisão de produtos e subprodutos, o setor também cria um número expressivo de empregos diretos e indiretos, além de produzir diversos programas sociais para as comunidades que vivem no entorno dos plantios e fábricas.
Restauração de áreas degradadas
No Brasil, existem extensas áreas de vegetação natural degradadas por diversos motivos, sejam para a implantação de pastos, agricultura, centros urbanos, dentre tantos outros. Contudo, essas áreas foram muitas vezes abandonadas, por conta da legislação ou pela finalização do empreendimento. Tais fatos, atrelados a crise climática e a urgente necessidade de áreas verdes no mundo, tem gerado ações para a restauração desses ambientes. Aqui, conceituamos restauração como o processo que leva ao restabelecimento do ecossistema que foi degradado.
As florestas plantadas têm utilizado áreas abandonadas para sua implantação. Essa atividade tem um importante impacto na manutenção das espécies nativas, assim como promove a sobrevivência de espécies nativas no sub-bosque das florestas. Além disso, novas técnicas têm sido implementadas, com objetivo de gerar uma produção mais sustentável e ao mesmo tempo obter uma maior produtividade. Como exemplo, têm-se os sistemas agroflorestais, conhecidos como SAFs. Estes sistemas que tem como objetivo, em uma mesma área, conciliar diferentes espécies florestais e agrícolas.
Os SAFs têm um importante papel na recuperação de áreas degradadas, uma vez que se baseia na sucessão ecológica. Nesse sistema, consorcia-se espécies arbóreas nativas ou exóticas com culturas agrícolas e espécies rasteiras, ao longo do tempo e do espaço. Dessa forma, os SAFs promovem uma alta diversidade e uma alta produtividade, sendo comprovada por diversos estudos. Ademais, tais sistemas promovem uma maior estruturação dos solos, melhora o microclima, promove a manutenção da fauna e diminui a pressão no uso do solo.
A importância das florestas plantadas é evidente por meio do fornecimento de produtos e subprodutos, assim como na atuação da recuperação de áreas degradadas. Nesse sentido, o conhecimento dessas práticas é de suma relevância, possibilitando a elaboração de planos e estratégias para obtenção de êxito nos âmbitos sociais, ambientais e econômicos.
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