A Ilha de Maui (Havaí) tem vivenciado, neste mês, o que seria o mais letal incêndio florestal dos Estados Unidos em mais de cem anos. Com o alastramento do foco, impactos na biodiversidade e degradação do solo já podem ser identificados. Além disso, os incêndios florestais na região já provocou diversas mortes, fato este que tende a subir, visto que ainda há centenas de pessoas desaparecidas.
Havaí: climatologia
O Havaí é uma região que fica abaixo dos trópicos, no hemisfério sul, e por isso tem um clima subtropical. As temperaturas, no entanto, são um pouco mais suaves do que se poderia imaginar, devido principalmente à ação do oceano em seu redor.
Em síntese, o estado é um arquipélago de temperaturas não muito radical. Em geral, a temperatura chega a 30 graus de máxima de verão, enquanto a mínima fica em torno de 19 ou 20 graus.
Causas dos incêndios florestais no Havaí
Os incêndios florestais podem ter causas diversas, sejam elas, naturais ou em função da ação humana. A saber, a maioria dos incêndios florestais é de causa antrópica, ou seja, provocados pelo homem.
Conforme a climatologia do estado do Havaí, a devastação impressiona por conta do local em que ocorreu, dado que o estado possui uma vegetação exuberante, além de ser cercado pelo mar.
Todavia, nas últimas décadas, o Havaí começou a sofrer com uma redução progressiva na precipitação média anual. Desde 1990, a precipitação em locais de monitoramento selecionados foi 31% menor na estação chuvosa e 6% menor na estação seca, segundo a Universidade do Havaí e a Universidade do Colorado.
Conforme a precipitação média anual vem diminuindo, as temperaturas médias no Havaí vêm aumentando. Assim como em outras partes do mundo, este fenômeno torna a vegetação ainda mais seca.
Em síntese, a baixa precipitação e da predominância da seca no local impulsionaram este desastre natural. Contudo, ressalta-se que os fortes ventos do Furacão Dora podem também ser apontados como um fator que contribuiu para a propagação das chamas na região.
A saber, o Furacão passou ao sul do Havaí com uma tempestade de categoria 4 no dia do ocorrido. Apesar da tempestade está a centenas de quilômetros da costa de Maui, ela contribuiu para ventos de mais de 96 km/h, que corroboraram para a disseminação do fogo em poucas horas.
Além disso, espécies não nativas cobrem quase um quarto da área total do Havaí. Neste contexto, destaca-se que gramíneas e arbustos invasores tornam-se altamente inflamáveis na estação seca (Trauernicht).
Efeito das mudanças climáticas
Estudos recentes indicam um risco de aumento de incêndios florestais em função das mudanças do clima. Como ocorreu no Havaí, especialistas alertam para o aumento dos riscos em decorrência dos eventos climáticos extremos. Mais especificamente, grandes períodos de estiagem ou seca, que provocam acúmulo de calor e aumento da temperatura, provocando incêndios florestais de maior duração.
A saber, as ondas de calor aumentam os riscos de incêndios florestais em regiões ocidentais e de clima mediterrâneo (África, Europa meridional, Austrália, Califórnia e Chile, por exemplo).
Um trabalho, publicado pela revista Nature Communications, mostrou que o aquecimento antropogênico será responsável por aumentar a extensão da área queimada por incêndios na Europa Mediterrânea. O estudo destaca que, quanto maior o nível de aquecimento da terra, maiores são os riscos de incêndios florestais.
Em contrapartida, os gases emitidos para a atmosfera como consequência dos incêndios florestais, contribuem para o aquecimento global. No Brasil, a agropecuária, mudança de uso da terra e florestas são os principais setores em termos de emissões de gases do efeito estufa (GEE) para a atmosfera.
Em suma, o setor de mudanças do uso da terra e das florestas inclui emissões de metano (CH₄) e óxido nitroso (N₂O), liberados por meio da queima de biomassa nos solos.
Cenário no Havaí
Em se tratando do Havaí, ainda não é possível designar os efeitos provocados pelo Furacão Dora à mudança climática. Porém, com o aumento das temperaturas do ar e do oceano, as condições de aquecimento, resultam no aumento da probabilidade de as grandes tempestades ganharem força.
Consequências dos incêndios florestais
Além do agravamento do aquecimento global, outros impactos negativos destacam-se como consequência dos incêndios florestais. A exemplo, problemas à saúde, perda da biodiversidade e a degradação dos solos.
Problemas à saúde
A fumaça e as cinzas produzidas durante as queimadas contêm partículas muito pequenas, que podem causar problemas de saúde como:
- Problemas respiratórios (bronquite, asma, infecções);
- Problemas do coração e do sistema nervoso;
- Dores de cabeça e náuseas;
- Conjuntivite;
- Alergias e intoxicações; e
- Maior ocorrência de câncer.
Perda da biodiversidade
A perda da biodiversidade ocorre tanto em termos de fauna quanto de flora, pois há a destruição do hábitat de animais e plantas impactados pela presença do fogo. Muitas vezes, morrem famílias inteiras de animais, dizimando populações e podendo até ameaçar a existência dessas espécies.
Além disso, a morte de animais e plantas provoca um sério desequilíbrio ambiental, uma vez que, a cadeia alimentar que envolve as plantas e os animais fica comprometida, prejudicando o ciclo de vida.
Degradação do solo
Outro impacto é sobre o solo, que abriga uma diversidade enorme de microrganismos e cuja estrutura física, química e microbiológica é determinante para a sua capacidade de produção.
Em síntese, após a queima da vegetação, a maioria dos nutrientes que ficava nos troncos e ramos das plantas vai embora com a fumaça ou é carregada pelas primeiras chuvas.
À medida que o fogo passa sobre o solo, a terra fica mais vulnerável, pois sem a cobertura de folhas e galhos secos, há uma diminuição da capacidade de retenção de umidade do solo, a redução dos microrganismos e o aumento da compactação do solo. Dessa forma, o solo descoberto pode acarretar problemas como a erosão e o assoreamento de córregos e rios.
Como evitar novas tragédias?
Para se evitar novas tragédias como a que aconteceu no Havaí, novas medidas devem ser tomadas. Medidas estas, de curto a longo prazo.
Dentre as medidas de curto prazo destaca-se a educação ambiental. Esta iniciativa permite conscientizar a população a importância da conservação e manutenção dos recursos naturais. Além disso, a medida é uma forma para agir de forma preventiva frente aos desastres naturais. A partir da educação ambiental faz-se possível realizar, por exemplo, um treinamento da população para alerta de situações emergenciais.
A longo prazo, relaciona-se medidas voltadas para a agricultura de baixa emissão de carbono e a restauração da vegetação nativa. Tais medidas contribuem para a amenização do clima e, consequentemente, das ondas de calor. Além disso, favorecem o aumento da precipitação média da região, reduzindo-se, assim, os períodos de estiagem.
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