Certamente você já leu nossos artigos sobre inventário florestal e Inventário 100%. Aqui no Blog do Mata Nativa você encontra publicações sobre como evitar falhas no inventário florestal, dicas e cuidados para um bom planejamento, como elaborar o orçamento, cálculos e muitos outros assuntos.
Um dos artigos que mais gosto fala sobre os tipos de inventários mais comuns no Brasil. Você pode acessar este artigo aqui.
O texto em questão apresenta uma ótima descrição sobre Amostragem Casual Simples, Amostragem Casual Estratificada, Amostragem Sistemática, Amostragem em Multiestágios, Amostragem em conglomerados, Monitoramento ou inventário florestal contínuo, Método do Ponto-quadrante e, não menos importante, o Inventário 100%.
O que é Inventário 100%?
Assim como todo inventário florestal, o 100% busca obter informações sobre as características quantitativas e qualitativas em florestas plantadas para produção de madeira, como as florestas de Eucalyptus sp. e Pinus sp., bem como em florestas nativas.
Também conhecido como censo florestal, este inventário apresenta algumas particularidades, tais como, o elevado custo, o tempo necessário à sua execução e a variação no trabalho de campo e algumas mudanças em relação aos cálculos. Com o próprio nome já diz, a coleta de dados e outras informações relevantes é realizada em todas as árvores do povoamento inventariado.
Como Engenheiro Florestal tive a oportunidade de trabalhar algumas vezes com inventário 100%. É um procedimento mais trabalhoso, uma vez que será preciso caminhar por toda área e, como já mencionado anteriormente, todas as árvores serão medidas e observadas, dessa forma obtemos os valores reais. Sendo assim, o planejamento e execução são fundamentais para que os resultados alcançados sejam satisfatórios.
Como deve ser o planejamento do Inventário 100%?
O planejamento não foge à regra. Antes de ir a campo para a coleta dos dados procure informações sobre a área a ser inventariada. Você deverá conhecer o mapeamento e topografia da área; a logística para o trabalho de campo, densidade do povoamento (número de indivíduos por hectare); espécies; tamanho da área e a limpeza do povoamento (linhas e entrelinhas), que será determinante para o seu caminhamento e rendimento durante o trabalho do campo. Com base nessas informações será possível elaborar um orçamento e definir mais precisamente seu rendimento e tempo necessário para a coleta das informações durante o trabalho de campo. Também não podemos esquecer do dimensionamento da equipe e materiais necessários, bem como outras decisões técnicas inerentes ao método de amostragem.
Quer saber mais sobre planejamento para inventário florestal? Acesse o Blog Mata Nativa.
O censo florestal é adotado em situação específicas, como em áreas pequenas ou quando se faz necessário conhecer cada indivíduo presente em seu povoamento, geralmente formado por espécies de grande importância econômica, ou em trabalhos de pesquisa científica, onde a exatidão dos resultados é necessária.
E a execução?
A execução do trabalho no campo, coleta de dados e observação das espécies florestais inventariadas, deve seguir à risca o planejamento. Neste caso é fundamental saber quais informações serão coletadas, como diâmetro ou circunferência à altura do peito (DAP e CAP, respectivamente), altura, bifurcações, falhas, mortalidade, presença de pragas e/ou doenças, dentre outras informações importantes.
Não podemos esquecer dos materiais necessários ao trabalho de campo, como as planilhas ou coletores de dados, lápis, fita métrica ou suta, hipsômetro ou régua para medição de altura, binóculo, garrafa de água, protetor solar, calça, perneiras, bonés ou chapéus, camisas de proteção UV, capa de chuva, dentre outros. Tenha sempre em mãos os suprimentos reservas desses materiais. Faltou pilha, perdeu o lápis, choveu e molhou o material, equipamento parou de funcionar, tudo pode acontecer. Então evite o trabalho de ter que ir à cidade mais próxima ou até mesmo ter que retornar ao campo em outra oportunidade para corrigir o seu erro.
A coleta de dados é fundamental para o sucesso do seu inventário. Não é difícil encontrar histórias como “perdi a planilha onde meus dados estavam anotados”; choveu e não conseguimos fazer a coleta ou minhas planilhas estão todas molhadas”; “meus dados foram anotados errados ou não consigo entender a letra do colaborador responsável por anotar as informações”. Precisamos evitar retrabalhos. Eles podem comprometer o lucro do seu projeto.
Como é trabalhar com Inventário Florestal?
Trabalhar com inventário florestal requer atenção, organização e conhecimento técnico. São inúmeros cálculos, planilhas e muita informação. Todo esse trabalho é facilitado quando lançamos mão do software Mata Nativa, capaz de auxiliar durante todo o processo.
Como mencionado anteriormente, trabalhei com inventário 100% em algumas oportunidades. No primeiro trabalho inventariamos um plantio de eucalipto com mais de 30 anos de idade. Para execução desse trabalho foi importante a marcação das árvores inventariadas, pois não podíamos correr o risco de medir a mesma árvore duas ou mais vezes. Devido à elevada circunferência do fuste das árvores, tivemos dificuldades em “abraçá-las” para fazer a coleta do CAP, e como o plantio já apresentava aproximadamente 30 anos, o espaçamento utilizado não era facilmente observado, uma vez que algumas árvores não sobreviveram ao longo do tempo. Sendo assim, foi importante fazer uma marcação visível em todas as árvores inventariadas e adequar o tamanho da equipe para superar os desafios impostos por uma floresta mais velha. A princípio são informações simples, mas que vão determinar o rendimento e o sucesso do seu trabalho no campo e, posteriormente, no escritório.
Outros dois inventários 100% que merecem destaque foram realizados em áreas experimentais. O primeiro em uma área de restauração ecológica e o segundo, realizado recentemente em um teste clonal, visando identificar materiais genéticos de Eucalyptus sp. mais adaptados para o plantio comercial em um estado da região nordeste do Brasil. Veja que nesses dois inventários a exatidão dos dados é fator primordial, justificando a medição e observação de todos os indivíduos.
Em situações experimentais precisamos considerar os tratamentos, delineamento estatístico, espécies e materiais genéticos utilizados. Além dos dados básicos para o inventário, informações como desenvolvimento, sanidade, doenças bióticas e abióticas, produção de frutos e sementes e atração à fauna, como em experimentos relacionados à restauração florestal, são informações que devem ser consideradas e coletadas de forma organizada e precisa.
Para a execução correta de todo inventário florestal planejamento e organização são fundamentais. Para o inventário florestal 100% não seria diferente, principalmente devido às suas particularidades, como grande número de dados, informações e exatidão necessária para acurácia de seus resultados.
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