As Manchas de Petróleo no Nordeste e o Prejuízo Ambiental Incalculável

As manchas de petróleo em praias do Nordeste já atingiram 187 localidades em mais de 70 municípios de 9 estados desde o início de setembro.

O espalhamento de óleo no litoral do Nordeste ameaça tartarugas, aves e o peixe-boi marinho, o mamífero dos oceanos mais ameaçado de extinção do Brasil. Segundo especialistas, o petróleo cru pode afetar a digestão dos animais e o desenvolvimento de algas, essenciais para a cadeia alimentar dessas espécies. Além disso, eles alertam que há possíveis riscos para a saúde humana.

O monitoramento de imagens de satélite da costa brasileira para investigar a origem das manchas de óleo no Nordeste não mostra indícios da substância na superfície marinha. O resultado da análise reforça a teoria de que o óleo não veio boiando pelo oceano até atingir as praias, mas que estava submerso, o que dificulta a localização da origem do vazamento.

Analises e áreas afetadas

Duas análises apontam que o petróleo encontrados nas praias é de origem venezuelana: uma feita em relatório interno da Petrobras, mencionada pelo ministro Ricardo Salles e outra feita pela Universidade Federal da Bahia (UFBA).

Os resultados, no entanto, não indicam que o petróleo veio de um vazamento das plataformas localizadas no país nem de um navio de bandeira venezuelana, mas apenas que o óleo encontrado no Brasil é compatível com o que é extraído na Venezuela.

Até o momento, doze unidades de conservação também foram atingidas:

• Área de Proteção Ambiental Barra do Rio Mamanguape (PB)
• Área de Proteção Ambiental Costa dos Corais (PE)
• Área de Proteção Ambiental Delta do Parnaíba (PI)
• Área de Proteção Ambiental Piaçabuçu (AL)
• Área de Relevante Interesse Ecológico manguezais da Foz do Rio Mamanguape (PB)
• Parque Nacional Jericoacoara (CE)
• Parque Nacional Lençóis Maranhenses (MA)
• Reserva Biológica Santa Isabel (SE)
• Reserva Extrativista Acaú-goiana (PB)
• Reserva Extrativista Marinha Lagoa do Jequiá (AL)
• Reserva Extrativista Prainha Canto Verde (CE)

Chama a atenção a vulnerabilidade da costa brasileira, e não apenas do ponto de vista ambiental. Sabe-se que estão sendo analisados mais de mil navios que passaram pelo litoral do Nordeste em agosto e setembro, mas preocupa a demora do governo para desvendar o que aconteceu. Deveria haver protocolos para situações como essa. Se existem, teriam de ser colocados em prática, com a necessária rapidez.

A investigação da origem das manchas de óleo é conduzida pela Marinha, já a criminal é objeto de apuração da Polícia Federal. Já o Ibama fica responsável pelo balanço de localidades e de animais atingidos pelo óleo e também pelo monitoramento de imagens do oceano.

Quais são os riscos para os animais?

O ecossistema costeiro no Nordeste é considerado muito frágil por conter uma grande variedade de paisagens, com manguezais, enseadas rochosas e recifes de corais.

Os animais marinhos podem ser afetados tanto pela ingestão da substância quanto pelo contato com líquido que gruda e compromete a locomoção.

As tartarugas marinhas são os animais mais vulneráveis às manchas de óleo. Dentre os 29 animais atingidos segundo o Ibama, 26 são tartarugas. Pelo menos três variedades já foram contaminadas: a tartaruga verde, a tartaruga oliva e a tartaruga cabeçuda.

No manguezal, um ambiente com biodiversidade excepcional, é praticamente impossível remover o óleo. O dano pode ser irreparável e os ecossistemas levarão anos para se recuperar.

O projeto Tamar suspendeu a soltura de filhotes. A quantidade de óleo em praias de SE e da BA foi tão significativa, que 600 filhotes nasceram e não foram liberados.

Um peixe-boi monitorado por biólogos de Sergipe pode ser transferido para evitar a contaminação. Há temor de que a contaminação afete também a reprodução de baleias.

Análises do impacto ambiental já apontam que organismos da cadeia alimentar foram contaminados, com transferência da substância para animais marinhos maiores, sem efeito imediato.

O material observado é denso, com odor forte característico e se espalha em borrões pelas praias e areias. O petróleo cru é perigoso e agressivo para a saúde humana e animal, por ser composto de uma mistura complexa de componentes orgânicos e 70% de hidrocarbonetos. Por isso, caso seja encontrado algum animal com óleo, a orientação é que sejam acionados imediatamente os órgãos ambientais para adotar as providências necessárias. O animal não deve ser lavado nem devolvido ao mar antes da avaliação de veterinários.

Locais atingidos

Maragogi (AL), Praia do Forte (BA), Porto de Galinhas (PE), Praia do Futuro (CE), Pipa (RN), João Pessoa (PB). Parece uma lista de paraísos brasileiros que você deve conhecer, mas, infelizmente, são apenas alguns dentre os pontos do litoral brasileiro atingidos por manchas de petróleo.

Veja a lista das localidades afetadas pelo óleo (por ordem cronológica):

Fonte: Ibama (levantamento divulgado em 18/10/2019)

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