O inventário florestal é uma atividade imprescindível para a exploração dos recursos que a floresta dispõe, no sentido de que, é ele quem determina o potencial que uma determinada floresta possui.
Além do contexto exploratório, o inventário florestal possui ainda um caráter de proteção das florestas, pois, através dele, é possível se conhecer as áreas florestais, suas características e, a biodiversidade vegetal e, partir desses dados, definir locais prioritários para conservação e preservação.
O inventário florestal é dividido em várias etapas, como por exemplo, definição de objetivos, mapeamento, levantamento de campo, processos de amostragem, elaboração de relatórios, etc. Dentre essas etapas, o mapeamento é a mais importante, pois pode ser considerado um alicerce para todo o trabalho. É através do mapeamento que se define as estratégias para a realização do inventário florestal.
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De acordo com Zanini, et al (2011) o mapeamento pode ser citado como uma das principais etapas do inventário, pois, em dias atuais, onde há crescente exploração e monitoramento dos recursos madeireiros da floresta, têm aumentado a demanda por mapeamentos da cobertura vegetal, em escalas regionais ou até mesmo globais. Um exemplo disso, é que no Brasil, mais especificamente na Amazônia, entre 8.0 e 15.0 (oito e quinze mil) quilômetros quadrados são anualmente explorados para a obtenção de madeira (IBGE, 2008), a importância do mapeamento é então explicada pelas simples e insubstituíveis funções deste dentro do inventário, uma vez que, através dos mapas obtemos estimativas das dimensões da área, além de facilitar o planejamento das atividades seguintes do inventário, como por exemplo, o planejamento de amostragem, auxiliar na localização dos recursos a serem explorados, e ainda possibilitar a estratificação da área.
Para uso em inventários florestais, podemos citar como as principais técnicas de mapeamento de área, a aerofotogrametria, ortofoto e sensoriamento remoto via satélite, importantes ferramentas que revelam as principais características da área a ser estudada através de imagens.
Com os grandes avanços tecnológicos da última década, o planejamento dos trabalhos de campo e o mapeamento das áreas de estudo tem sido cada vez mais dinâmico, facilitado e menos oneroso.
A utilização de softwares como ArcGIS, QGis, Google Earth e até mesmo plataformas disponibilizadas por órgãos ambientais como o IEF e a CETESB, muitas vezes gratuitos, facilitam a obtenção e a manipulação de imagens e informações, de maneira a se obter um mapeamento preciso da área de estudo, contendo as informações mais relevantes para o levantamento desejado.
O simples fato de se possuir informações quanto ao adensamento florestal, tipologia da vegetação, relevo e altura da vegetação, facilita o planejamento de trabalhos de campo, cálculo da quantidade de dias gastos com o esforço amostral, tamanho da equipe de campo e até mesmo o tipo de equipamento a ser levado para as campanhas.
Em casos onde a área a ser amostrada possui uma grande extensão territorial, como por exemplo, em inventários florestais regionais ou no inventário florestal nacional, ou mesmo em locais onde o adensamento florestal é tão intenso ou o relevo possui declividade que não proporciona o caminhamento, há a possibilidade de aplicação de técnicas como agrupamento de parcelas e subamostragens. No entanto, para decidir se há a necessidade de aplicação de tais técnicas, é imprescindível que a área seja mapeada.
Exemplificando de maneira prática, suponhamos que uma determinada equipe especializada em elaboração de inventários florestais, receba uma solicitação de orçamento para levantamento de uma área que chamaremos de “x”.
No entanto, não há a possibilidade de acesso à área antes da elaboração da proposta, sendo assim, como elaborar um orçamento, definindo equipe e equipamento de campo sem se conhecer a área de estudo?
Nesse ponto do texto, é importante ressaltar que, sempre que possível, é aconselhável se visitar a área de estudo antes de se planejar o trabalho de campo, a fim de se obter a maior quantidade de informações possível sobre a área, mas quando a visita não é possível, utilizamos ferramentas de mapeamento para auxiliar no reconhecimento da área.
Uma simples imagem de satélite, disponibilizada gratuitamente por diversas plataformas e softwares do mercado, pode nos dar importantes informações sobre a declividade, o tipo de vegetação o adensamento florestal e até mesmo a fitofisionomia do fragmento a ser inventariado.
Em poder de tais informações, podemos então quantificar o esforço amostral, necessidade de profissionais na equipe, material de campo e até mesmo a viabilidade na realização do trabalho.
Além das vantagens do mapeamento no que se diz respeito ao planejamento, este pode também ser usado como uma importante ferramenta na execução do trabalho de campo, pois permite traçar rotas inteligentes para caminhamentos, definir ou realocar os melhores pontos de amostragem ou lançamento de parcelas.
No exemplo abaixo, retirado do Mapeamento e Inventário da Flora e dos Reflorestamentos de Minas Gerais de 2006, podemos ver como o mapeamento tem o poder de facilitar o planejamento dos trabalhos de campo através do uso de uma imagem georreferenciada e trabalhada com utilização de um software específico.
Área a ser inventariada vista por imagem de satélite
Fonte: Adaptado de SCOLFORO, et al (2006)
Na imagem acima, podemos perceber não somente que uma imagem de satélite nos fornece importantes parâmetros quanto às características da vegetação, relevo e adensamento vegetal, como também proporciona o planejamento quanto posicionamento estratégico das parcelas.
Entenda também: Cartilha do Código Florestal Brasileiro
Trabalhando a imagem em um software de geoprocessamento, é possível definir a posição exata de cada parcela e, com o auxílio de um GPS, encontrar cada ponto de interesse para o estudo com precisão, facilitando assim o trabalho de campo.
Diante do exposto, apresentou-se neste texto, apenas algumas das ferramentas e vantagens que o mapeamento pode trazer para o planejamento de um inventário florestal de sucesso, no entanto, há incontáveis possibilidades de se trabalhar esse importante instrumento na aplicação e criação metodologias visando, alcançar excelência na elaboração de inventários florestais.
Veja também:
- Projeto Executivo de compensação Florestal
- Capacidade Produtiva dos povoamentos
- Fiscalização ambiental preventiva e corretiva
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