Recentemente, resultados preliminares de pesquisas do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística indicaram o setor florestal (florestas plantadas e naturais) como um dos mais produtivos e importantes para o desenvolvimento do Brasil.
O segmento florestal nacional é responsável por cerca de 3% do Produto Interno Bruto e por 7% das exportações totais do país, gerando aproximadamente 7 milhões de empregos (Serviço Florestal Brasileiro, 2018). Dados do Instituto Escolhas/ Coalizão Brasil Clima, Florestas e Agricultura (2015) indicam que, se incluirmos nesta avaliação as atividades de restauração e reflorestamento, o setor florestal que abrange a produção e a recuperação florestal poderá criar até 215 mil empregos e arrecadar em torno de R$ 6,5 bilhões em impostos, com investimentos anuais de até R$ 3,7 bilhões/ano até 2030. As atividades de restauração e manejo florestal podem ainda, remover até 3,22 GtCO2e da atmosfera, contribuindo com a mitigação dos efeitos das mudanças do clima. Incluindo o valor dos serviços ecossistêmicos (ainda não transacionados no mercado financeiro) neste panorama, o setor florestal brasileiro se tornaria ainda mais importante para propulsionar o desenvolvimento sustentável do país.
Saiba também: O que esperar do setor florestal em 2018?
Estes números brilham os olhos dos profissionais do setor, mas na prática sabemos que é preciso evoluir no contexto produtivo, social, econômico, político e ambiental para que as previsões otimistas se tornem realidade.
Todo este crescimento e o nível de importância deste setor para o país indicam uma necessidade de se identificar novas oportunidades e também demandas de modernização e aprimoramento das ferramentas fundamentais para estas atividades.
Os desafios são grandes, mas as oportunidades são ainda maiores. E é isso que impulsiona os profissionais do ramo a inovar, a pesquisar e a acreditar que a contribuição de cada um pode significar um grande avanço no setor e no país como um todo.
Algumas ferramentas, como softwares e aplicativos inovadores, vem sendo amplamente utilizados pelos profissionais da área minimizando erros nos dados inventariados, por exemplo, e otimizando esforços de trabalho de campo, sistematização e análise de dados.
O inventário florestal é uma ferramenta muito importante para gerar dados quantitativos da floresta no âmbito produtivo tanto para fins madeireiros, como para fins não-madeireiros. Trazendo à tona as demandas e novidades do setor, bem como seu crescimento acelerado, torna-se essencial inovar e aprimorar as práticas de inventário florestal para outros contextos atuais. A seguir, destaques de alguns cenários e oportunidades de mercado para inovações na utilização do inventário florestal:
Restauração florestal
Grande esforço tem sido envidado pelos órgãos ambientais brasileiros para recuperação e restauração dos biomas no país. A Política Nacional para Recuperação da Vegetação Nativa (Proveg – Decreto n.º 8.972, de 23 de janeiro de 2017) e seu principal instrumento, o Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg), visam ampliar e fortalecer as políticas públicas, incentivos financeiros e boas práticas agropecuárias necessárias para a recuperação da vegetação nativa. A meta é de recuperação de pelo menos, 12 milhões de hectares até 2030, principalmente em áreas de preservação permanente (APP) e reserva legal (RL), mas também em áreas degradadas com baixa produtividade (MMA, 2018).
O Novo Código Florestal (Lei n.° 12.651, de 25 de maio de 2012) instituiu obrigações de restauração e criou ferramentas para diagnóstico e controle da situação nas propriedades rurais, como CAR – Cadastro Ambiental Rural e PRA – Programa de Regularização Ambiental. Estas ações exigirão grande esforço do setor florestal para operacionalização e manutenção das atividades de restauração florestal e também para monitoramento das áreas de florestas em pé, existentes no país (tanto em termos quantitativos como qualitativos). Certamente, o inventário florestal é uma ferramenta importante para o acompanhamento/ monitoramento da evolução das áreas restauradas e também para estimativas quantitativas de bens e serviços ambientais que poderão ser manejados gerando renda adicional aos detentores destas áreas.
Mudança do clima
As florestas podem sequestrar carbono da atmosfera e contribuir para mitigar os impactos das mudanças do clima. O gás carbônico que deixa de ser emitido para a atmosfera e aquele que pode ser fixado em áreas de floresta passou a ter valor de mercado. E como podemos calcular quanto uma floresta pode sequestrar de carbono? Esta estimativa pode ser realizada através de modelos matemáticos diversos. Dados das áreas florestais são importantes para alimentar estes modelos e gerar estes cálculos. As ferramentas de inventário florestal geram as variáveis fundamentais (altura, diâmetro, volume, área basal, densidade, dentre outras) para estimativa do estoque de carbono de uma floresta.
Entenda também: Quais os tipos de inventários mais comuns no Brasil?
Manejo florestal não-madeireiro
Os produtos florestais não madeireiros (PFNM) são extraídos das mais diversas árvores da flora brasileira e fornecerem produtos como óleos, resinas, sementes, cipós, taninos, dentre outros. Apesar de ser uma prática antiga, realizada por muitas comunidades tradicionais, o manejo dos PFNMs ainda é pouco documentado e não contém vasta regulamentação por espécie florestal ou por produto. Isto significa dizer que pouco se sabe sobre o potencial produtivo, ciclo de corte e práticas de manejo florestal essenciais para a maioria dos PFNMs explorados hoje no Brasil. Alguns acadêmicos já reportam o risco de extinção de espécies em função das práticas de manejo extrativista dos PFNMs. Inventários florestais, neste caso, são de suma importância para balizar as orientações sobre a exploração dos PFNMs e para garantir a sustentabilidade destas atividades.
Potenciais da biodiversidade
A biodiversidade da flora brasileira se apresenta como um grande potencial a ser investigado pela ciência e, a cada dia, novos princípios ativos são identificados e patenteados como compostos importantes para desenvolvimento de medicamentos, cosméticos e elementos industriais. As espécies arbóreas da flora nacional são identificadas, qualificadas e podem ser monitoradas através da realização de um inventário florestal permanente, por exemplo. O Serviço Florestal Brasileiro já está realizando uma tarefa desafiadora de inventariar todas as florestas do país. O Inventário Florestal Nacional – IFN, além de disponibilizar para toda a sociedade dados sobre a situação das florestas brasileiras, servirá para apoiar a formulação de políticas públicas e ajudar a identificar estratégias e oportunidades para o uso sustentável, recuperação e conservação dos recursos florestais brasileiros.
Tecnologia e informação
O emprego de ferramentas tecnológicas e inovadoras tem gerado bons resultados no setor florestal. De maneira geral, as novas ferramentas, instrumentos, aplicativos e softwares tem otimizado o trabalho dos profissionais da área e melhorado a precisão de estimativas para produção florestal. Este mercado é muito dinâmico e fica difícil imaginar qual será a próxima inovação tecnológica aplicada ao setor. Anos atrás não poderíamos imaginar que existiriam aplicativos para identificação botânica, para coleta de dados de inventário em campo, para processamento de dados, para georreferenciamento de indivíduos no campo. Tudo isso, que parecia distante, hoje é realidade e está cada vez mais acessível aos profissionais do setor. E já estamos assistindo mais novidades no setor, utilização de drones, mecanismos inovadores de fiscalização e certificação, aplicativos para comercialização de produtos florestais, big data, dentre outros.
O setor florestal está acompanhando as evoluções tecnológicas e se beneficiando de todos os avanços. As oportunidades são nítidas e podem colaborar com o desenvolvimento do país.
Referência:
Veja também:
- O que aprendemos com mais de 10.000 inventários florestais
- Custos e orçamento do inventário florestal
- Quais são os tipos de inventários mais comuns no Brasil?
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