Inventários florestais constituem em uma atividade muito importante em vários aspectos relativos aos recursos naturais. Sendo assim, é muito importante saber as situações em que eles são executados e de que maneiras podemos fazê-lo para que o resultado seja satisfatório, tanto para o cliente quanto para o empreendedor.
Pensando nisso, este texto traz as diferenças entre métodos e processos de amostragem que existem para a realização de um Inventário Florestal, além de apontar em quais situações este ou aquele é mais indicado.
Classificação de Inventários Florestais
Basicamente, os inventários florestais são classificados de acordo com os objetivos, abrangência, abordagem da população no tempo e grau de detalhamento dos resultados que se deseja obter. Portanto, um inventário florestal pode ser de dois tipos:
Inventário florestal temporário ou convencional:
A instalação de suas parcelas é de forma temporária, ou seja, esta é feita apenas para que as medidas de interesse sejam tomadas num momento específico. Este tipo de inventário é realizado principalmente quando o objetivo é a quantificação do estoque volumétrico, visando o corte da floresta. Quando há interesse para venda de floresta este tipo de inventário também é o indicado.
Inventário Florestal Contínuo (IFC):
Neste tipo de inventário as parcelas são permanentes, ou seja, ano após ano as medidas serão tomadas no mesmo local e dos mesmos indivíduos. O inventário contínuo tem o objetivo de quantificar as alterações que ocorrem na floresta durante determinados períodos de tempo, sendo possível observar outros dados adicionais como a mortalidade e recrutamento. Portanto, quando realizado em florestas nativas este tipo de inventário subsidia a implementação de planos de manejo. Já em florestas plantadas, o inventário florestal contínuo pode determinar a idade de colheita e gerar dados para a modelagem de crescimento e produção.
Mas como saber qual método de amostragem e quais processos de amostragem escolher para o seu inventário conforme os objetivos e as características da floresta em que se está trabalhando? Confira a seguir.
Métodos de Amostragem no Inventário Florestal
Os inventários florestais são geralmente baseados em dois métodos de amostragem: a amostragem de área fixa ou a amostragem de área variável.
A amostragem de área fixa (quadrada, retangular, circular ou em conglomerados) é amplamente conhecida e utilizada na realização de inventários florestais. Neste método de amostragem a seleção dos indivíduos é feita proporcional à área da unidade de amostra e tudo o que é coletado e calculado na unidade amostral de área fixa é extrapolado para a unidade de área (hectare), segundo um fator denominado “Fator de Proporcionalidade”, e então é extrapolado para a área total inventariada.
As principais vantagens deste método são a praticidade e simplicidade para o estabelecimento das unidades amostrais em campo, podendo ser utilizada para inventários de florestas nativas ou de florestas plantadas, além da possibilidade de obtenção de todos os estimadores diretamente na unidade amostral medida, como por exemplo a área basal, volume, distribuição diamétrica, etc, e por fim, a existência da manutenção de alta correlação entre duas ou mais medições sucessivas em inventários contínuos. Já as desvantagens são o maior custo na instalação e manutenção dos limites das unidades amostrais e o fato de que, geralmente, o número de árvores a ser medido nas unidades amostrais é alto em comparação com outros métodos de amostragem.
Já a amostragem de área variável pode ser realizada por diferentes métodos, dentre eles o Método de Bitterlich, o Método de Strand e o Método de Prodan. Este tipo de amostragem se mostra interessante em alguns tipos de inventários, como os inventários rápidos de estoque ou de pré-corte, que exigem maior rapidez.
No método de Bitterlich a unidade amostral é estabelecida por meio de um giro de 360° a partir de um ponto de referência, comparando o DAP de cada árvore com o ângulo e assim decidindo quais indivíduos serão incluídos, excluídos ou considerados como marginais. A sua grande vantagem é a rápida obtenção da área basal, com aplicação mais indicada para florestas plantadas, pois em florestas nativas o detalhamento requerido não pode ser obtido com este método.
Já o método de Strand a unidade amostral é construída sob uma linha de comprimento determinado dentro da floresta. Este método pode ser usado para inventários rápidos de estoque, assim como o método de Bitterlich, mas também pode ser uma alternativa para o levantamento de regeneração natural devido ao seu critério fácil de inclusão. Uma grande vantagem deste método é a não necessidade de se medir alturas para a estimativa de volume por hectare, o que significa ganho de tempo em campo.
Por fim, o método de Prodan consiste em medir as 5 árvores mais próximas do ponto amostral estabelecido inicialmente e também a sexta árvore que é considerada marginal. A unidade é portanto circular e o seu raio é calculado somando a distância da sexta árvore ao ponto amostral com a metade do seu diâmetro.
Este método também pode ser usado para inventários rápidos de estoque em florestas plantadas, não sendo recomendado para florestas nativas visto que o seu tamanho de parcela é pequeno, o que não resulta em bons estimadores para variáveis de manejo florestal. Porém, este método apresenta como vantagem o fato de possuir o menor tempo de medição dentre os métodos de área variável.
Processos de Amostragem no Inventário Florestal
Com relação aos processos de amostragem temos que estes se referem a abordagem da população alvo sobre o conjunto de unidades de amostra, podendo ser aleatória, sistemática e mista. Cada processo possui suas características e recomendações específicas, dentre elas temos:
Amostragem aleatória simples:
Parte do pressuposto que todas as combinações possíveis de parcelas têm igual probabilidade de serem selecionadas para compor o conjunto inventariado. Geralmente utilizado em florestas pequenas, homogêneas e de fácil acesso para que a intensidade amostral e os custos não sejam muito altos. Este processo é muito usado em florestas plantadas ou florestas naturais pequenas;
Amostragem sistemática:
Se estabelece aleatoriedade apenas para a primeira parcela, sendo que as demais são alocadas segundo um padrão. Este processo é recomendado quando há o interesse de mapear a população ou conhecer a distribuição espacial das espécies florestais, sendo aplicado, portanto em populações extensas e de difícil acesso;
Amostragem estratificada:
Consiste em dividir a população em alguns estratos ou classes, podendo ser feita de maneira aleatória ou sistemática. É indicado quando a variável de interesse possui alta variabilidade, podendo ser aplicado em florestas naturais com diferentes estágios sucessionais. Em florestas plantadas este processo pode ser aplicado para plantios com diferentes idades, diferentes regimes de manejo, entre outros;
Amostragem em dois estágios:
Divide a população em unidades amostrais primárias que em um segundo momento são subdivididas em unidades secundárias. Indicado para populações extensas, de difícil acesso e que sejam mais ou menos homogêneas em relação à variável de interesse. Portanto, este processo é indicado para florestas nativas de grandes dimensões ou para inventários de nível regional ou nacional;
Amostragem em conglomerados:
É semelhante ao processo de amostragem em dois estágios, porém este é sistematicamente organizado dentro do primeiro, reduzindo assim custos de amostragem e de locomoção. Este é um processo recomendado para florestas de difícil acesso, sendo muito utilizado em florestas nativas;
Amostragem em múltiplos inícios:
Neste processo são tomados múltiplos inícios aleatórios, apresentando vantagens adicionais já que combina a amostragem sistemática com o acesso linear à floresta como observado na amostragem em conglomerados.
O assunto é extenso e pode ser melhor explorado. Aqui no blog Mata Nativa existem outros textos relacionados que abordam de forma mais aprofundada sobre as diferenças entre métodos e processos de amostragem em um Inventário Florestal. É conteúdo de qualidade e gratuito para os profissionais da área ambiental.
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