Se você é um estudante, profissional ou entusiasta do setor florestal, com toda certeza já ouviu falar do mogno africano e muito provavelmente, sob excelentes perspectivas silviculturais, tecnológicas e econômicas.
Uma vez que a sua madeira apresenta propriedades tecnológicas adequadas para ser utilizada em produtos de alto valor agregado, o mogno africano tem despertado o interesse de produtores florestais em todo o mundo.
Além disso, os retornos financeiros para quem pretende investir em plantios de mogno africano são considerados altos. Estes retornos podem ser obtidos em prazos de tempo sensivelmente mais curtos do que de outras espécies produtoras de madeira de qualidade semelhante.
Se você tem interesse neste assunto e deseja aprofundar o seu conhecimento, abaixo iremos apresentar algumas questões fundamentais para que você conheça um pouco mais sobre o mogno africano e a sua inserção na silvicultura brasileira.
O Que é Mogno Africano?
No Brasil, o termo mogno africano é popularmente utilizado para se referir ao gênero Khaya da família botânica Meliaceae.
Este gênero inclui uma série de espécies florestais nativas da África. A saber, aquelas de maior importância econômica são as espécies: Khaya anthotheca, Khaya grandifoliola, Khaya ivorensis e Khaya senegalensis.
Informações relevantes sobre a utilização destas espécies
- Khaya anthoteca: também conhecida como mogno-branco. Esta espécie é utilizada na produção moveleira, de pisos, painéis de madeira e na construção de barcos e canoas. Reconhecida por possuir boa qualidade e densidade mediana.
- Khaya grandifoliola: popularmente denominada de mogno-da-folha-grande. Esta espécie é utilizada na produção de móveis e laminados decorativos, carpintaria, marcenaria, pisos leves, acabamentos internos, construção naval, instrumentos musicais, brinquedos, artesanatos, torneados, celulose. Tradicionalmente, em sua região de origem, usa-se a espécie para a produção de carvão vegetal e lenha.
- Khaya ivorensis: esta espécie é também conhecida como mogno-vermelho. Apresenta uma ampla gama de utilização, que vai desde a produção de móveis de luxo, pequenos objetos de madeira, painéis, celulose e na construção civil para a produção de janelas, portas, escadas e pisos. Além disso, tradicionalmente também é utilizada na produção de canoas, carvão vegetal e lenha.
- Khaya senegalensis: esta espécie apresenta empregabilidade semelhante à madeira de Khaya ivorensis. Popularmente conhecida como mogno-de-zonas-secas e amplamente utilizada na carpintaria, marcenaria, indústria moveleira, construção naval, construção civil, produção de lâminas decorativas, entre outros. Em sua região de origem, é tradicionalmente utilizada para produzir canoas, tambores e utensílios domésticos.
Estas espécies têm sido reconhecidas em todo o mundo por produzirem madeira de excelente qualidade, sendo comercializadas no mercado madeireiro internacional a quase dois séculos.
Além de seu uso madeireiro, apresentam possibilidades de exploração de produtos florestais não-madeireiros. A exemplo, destaca-se a utilização de compostos químicos da casca com comprovada ação medicinal no combate à doença da malária.
Inserção do Mogno Africano na Silvicultura Brasileira
Ao longo das últimas décadas, o mogno africano despertou o interesse de produtores florestais brasileiros. Atualmente, o Brasil é considerado o maior produtor mundial, com um total estimado de 37 mil hectares plantados com diferentes espécies do gênero Khaya e movimentando aproximadamente R$ 500 milhões por ano.
Entretanto, a maioria dos plantios brasileiros são ligeiramente recentes. Assim, grande parte da madeira de mogno africano disponível para pesquisa e comercialização no Brasil é oriunda de desbastes. Os plantios mais antigos em território brasileiro, apresentam por volta de 40 anos, estando localizados no estado do Pará.
Distribuição da espécie no Brasil
A Associação Brasileira de Produtores de Mogno-Africano (ABPMA) conta com produtores associados presentes nos estados de Santa Catarina, São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás, Tocantins e Pará, abrangendo um total de 47 municípios brasileiros. No estado de Minas Gerais estão localizados a maior parte dos plantios nacionais.
Uma vez que estas espécies apresentam boa adaptação às condições edafoclimáticas brasileiras, espera-se que nos próximos anos, a área reflorestada com mogno africano cresça continuamente em diferentes regiões do Brasil.
Por que a espécie possui tanto sucesso no Brasil?
A madeira de mogno africano já possui um mercado internacional consolidado, sendo comercializada há bastante tempo na África. Entretanto, grande parte das espécies do gênero Khaya se encontram ameaçadas de extinção em suas regiões de origem. Tal fato acaba por favorecer ainda mais o plantio sustentável destas espécies em localidades como o Brasil.
Outro motivo para o sucesso do mogno africano no Brasil, está ligado ao fato de que estas espécies são resistentes à broca-de-ponteiro ou Hypsipyla grandella. A saber, esta praga florestal inviabiliza o cultivo do mogno brasileiro.
Ressalta-se que em suas regiões de origem, as espécies Khaya anthotheca, Khaya ivorensis e Khaya senegalensis também apresentam registros de ataque por uma praga semelhante. Esta praga também é popularmente denominada de broca-do-ponteiro, porém está relacionada a presença de outra espécie de mariposa do mesmo gênero, denominada Hypsipyla robusta.
Isto acaba por agravar ainda mais as ameaças ecológicas sobre o mogno africano nativo, tornando o Brasil uma excelente alternativa para a produção de madeira de diferentes espécies do gênero Khaya em condições fitopatológicas adequadas.
Apresentando um rápido crescimento e uma madeira valorizada internacionalmente, a taxa de retorno financeiro para quem pretende investir em mogno africano é considerada alta. Além disso, seu ciclo produtivo é ligeiramente mais curto que de outras madeiras nobres como a Teca e o Cedro. Embora seja necessário maiores estudos, especialistas em inventário e manejo florestal estimam que o corte raso de mogno africano pode ser realizado por volta dos 20 anos de idade.
Além disso, o mogno africano também vem sendo cultivado no Brasil em sistemas de Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (LPF). Em suma, tem apresentado bons resultados e permitido o cultivo integrado com espécies vegetais de alto valor comercial como o café.
Mogno Africano: Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico no Brasil
Embora promissora, a silvicultura de mogno africano no Brasil ainda é incipiente, principalmente quando comparada com os avanços tecnológicos ligados a produção de madeira de gêneros como o Eucalyptus e Pinus.
Para compreendermos com maior clareza o mogno africano, é necessário ainda consolidar um maior número de estudos. Estes, relacionados ao aprimoramento de técnicas silviculturais, ao melhoramento genético e à avaliação de propriedades tecnológicas da madeira.
Somente assim, seremos capazes de produzir madeira de mogno africano de excelente qualidade e em larga escala produtiva, de forma a movimentar ainda mais a economia florestal brasileira.
Uma vez que grande parte da pesquisa e comércio de mogno africano no Brasil é realizada sobre a madeira de desbastes, apresentando esta, diâmetros menores, menor proporção de cerne e uma alta proporção de madeira juvenil na colheita, pesquisas ligadas ao estudo da madeira de mogno africano submetida a ciclos de produção mais extensos são necessárias para uma maior compreensão das potencialidades de uso tecnológico do mogno africano produzido atualmente no Brasil.
Se você deseja saber um pouco mais sobre este assunto, recomendados que acesse o livro produzido e disponibilizado gratuitamente pela Embrapa Florestas, intitulado Mogno Africano (Khaya spp.): Atualidades e Perspectivas do Cultivo no Brasil.
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