A base de um manejo florestal sustentável, sem nenhuma dúvida, é a coleta sistemática de dados sobre os recursos florestais em uma determinada área. Com isso podemos avaliar o status atual, análise e o planejamento. Esse processo nada mais é que a definição e emprego do inventário florestal, que devido às restrições de custo e tempo, são geralmente realizados utilizando técnicas de amostragens, em que é possível inferir sobre toda a população.
Destaca-se ainda que, o objetivo do inventário há alguns anos atrás era avaliar apenas a disponibilidade de madeira, e atualmente, em razão da floresta ser reconhecida como um ecossistema, com vários elementos interagindo, inclusive o ser humano, o inventário então analisa seus múltiplos usos.
Muitos autores o chamam de inventário florestal multiuso, que envolve a contribuição de especialistas de diferentes áreas, teorias de amostragens, levantamento topográfico, tecnologia de informação, sensoriamento remoto, ciência social, mensuração e modelagem para avaliar as múltiplas funções da floresta.
Em termos de escala, uma ampla gama de necessidades e, portanto, abordagens, são possíveis. Vamos aos exemplos:
- Os inventários em áreas menores geralmente são conduzidos por metas específicas, geralmente para planejamento e operações florestais. Incluem desde inventários para pesquisas até os nacionais. Já os inventários florestais globais visam determinar a extensão e o status dos recursos florestais no nível global, inclusive conseguem também analisar o potencial de absorção de carbono pelas árvores. Isso é o que a FAO vem tentando fazer desde 1946. Esses inventários são utilizados como bases para acompanhar as mudanças nas áreas florestais que vem ocorrendo devido o aquecimento global e as mudanças climáticas. Além de ser uma das mais importantes bases de controle para o gerenciamento da eficiência dos sumidouros de carbono resultantes das florestas.
Veja também: Biomassa florestal: quantificação e estoque do carbono
Para se ter uma noção, os ecossistemas florestais removem quase 3 bilhões de toneladas de carbono advindos de atividades humanas por ano, a partir do crescimento líquido. As florestas absorvem cerca de 30% de todas as emissões de CO₂ produzidos a partir da queima de combustíveis fósseis e do desmatamento, isso há 10 anos atrás.
Hoje, um dos maiores desafios dos pesquisadores é determinar o quanto e como as florestas podem ser gerenciadas para mitigar o acúmulo de CO₂ na atmosfera, frente as rápidas mudanças climáticas que vem ocorrendo no mundo, e que afetam diretamente o ciclo de crescimento e desenvolvimento das florestas. Existem é claro, diversos trabalhos que contabilizam esses valores, no entanto, a nível regional.
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Note que aspecto interessante e merecedor de destaque:
Um trabalho publicado na Nature em 2013 por Huntingford alega que, a partir da realização de diversos inventários e análises, é possível acompanhar e investigar a vulnerabilidade das florestas tropicais devido às mudanças climáticas, além de realizar projeções futuras. Para isso foram testados diversos modelos climáticos, de vegetação e ecossistema. Assim, os autores verificaram que dentre as florestas tropicais, a Amazônia é uma das regiões mais sensíveis em relação às mudanças climáticas, quando comparado as florestas tropicais na África e Ásia. Para se ter uma ideia, até 2100 é previsto uma redução de 40% da biomassa das florestas do continente americano e 7% para África e Ásia. Embora esses valores sejam totalmente dependentes das temperaturas máximas registradas no decorrer anos, das concentrações de CO₂ e da intensidade das precipitações anuais.
Por um lado um tanto pessimista, estamos seguindo para um cenário florestal caótico, por outro, podemos mudar o cenário futuro pessimista, desde que, se inicie a transição para o desenvolvimento sustentável, que a pouco tempo atrás era considerado utópico e agora entendemos que é o principal input para garantir o futuro das próximas gerações.
Leia mais: Inventários de florestas nativas: desafios e oportunidades
As possíveis estratégias, a partir das atividades florestais, para diminuir as consequências que as mudanças climáticas podem causar até então são:
- (i) Aumentar a área florestal por meio do reflorestamento.
- (ii) Aumentar a densidade de carbono das florestas, por isso a produtividade deve ser também uma prioridade.
- (iii) Expandir o uso de produtos florestais, o que leva ao uso múltiplo e o manejo sustentável das florestas.
- (iv) Reduzir o desmatamento e a degradação ambiental.
Veja bem, o desmatamento, nas florestas tropicais, é a uma das causas dominantes da emissão de gases efeito estufa, embora a presença de florestas naturais ainda seja o principal sumidouro de equilíbrio para absorção de CO₂. A preservação e conservação dos recursos naturais ainda é a principal alternativa para mudança de cenário.
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Assim, quando falamos sobre cobertura florestal, temos que entender que a maioria das florestas da Europa, Ásia, América do Norte e Central são favorecidas por Planos de Manejo Florestal, diferente da América do Sul e África, que apresentam menos de 30% da área com planos de manejo, como pode ser visto na figura abaixo. Na verdade, a presença de um plano de manejo não garante a sua implementação, embora seja um importante passo para o seu estabelecimento.
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As mudanças ambientais causadas pelos homens, estão provocando mudanças na fenologia, distribuição das espécies, processos migratórios, a dinâmica da população, além de influenciar a forma de uso do solo. Na verdade, é uma influência direta nas interações das espécies e a interação entre os efeitos do clima e o uso da terra.
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