Mais de 500 jovens, representantes de mais de 140 países, ocuparam no sábado (21) o espaço habitualmente destinado aos diplomatas da ONU. A primeira cúpula da juventude sobre o clima, em Nova York, abriu a cúpula do clima da ONU e aconteceu fortalecida pelas enormes manifestações contra o aquecimento global nas ruas do mundo.
A Cúpula do Clima da ONU foi convocada para que os países trouxessem planos concretos para combater as mudanças climáticas. A ideia era que líderes se comprometessem a fazer mais do que prometeram no Acordo de Paris, visto que as metas apresentadas em 2015 colocam o planeta em direção a um aquecimento de cerca de 3 °C em média até o final de 2100. O objetivo do acordo é ficar bem abaixo de 2 °C, preferencialmente em 1,5 °C.
O Brasil não teve direito a voz porque, segundo a secretária-geral da organização, não apresentou propostas que ampliassem a ambição dos compromissos já assumidos no tratado internacional sobre o tema. O mesmo ocorreu com outros países, como EUA, Japão e Arábia Saudita. O veto faz parte da série de desgastes políticos e diplomáticos decorrentes das posições do governo Bolsonaro na área ambiental.
O evento foi realizado às vésperas da Assembleia Geral da ONU, que aconteceu na terça (24), justamente para chamar a atenção dos líderes mundiais para o assunto.
Ao todo foram três encontros:
- No sábado (21), aconteceu a Cúpula da Juventude pelo Clima, com a participação de jovens ativistas e empreendedores.
- No domingo (22), um encontro de nove coalizões pelo clima apresentou os avanços recentes de seus esforços, que teriam seus detalhes revelados no dia seguinte.
- A plenária de segunda-feira (23) foi o evento principal. A Cúpula sobre a Ação Climática contou com a presença de chefes de estado, representantes de governos e a apresentação de planos nacionais para a defesa do clima.
Avanços e retrocessos
A Cúpula de Ação Climática das Nações Unidas foi concluída em meio a elogios moderados por seus sucessos e a condenações duras por suas falhas.
Pelo lado bom, mais de 60 nações anunciaram que estão desenvolvendo planos ou já trabalhando para reduzir a emissão de gases do efeito estufa a praticamente zero.
Um número similar disse que reforçaria suas metas para combater o aquecimento global até o próximo ano. Por outro lado, a ativista Greta Thunberg condenou líderes pelo que chamou de uma “ambição inadequada”, que coloca em risco o futuro dos jovens.
Houve sinais claros de que mais pessoas ao redor do mundo estão tomando consciência da ameaça imposta por um superaquecimento do clima:
- Índia, China e a União Europeia disseram que vão anunciar planos mais rígidos para cortar emissões de carbono em 2020;
- Administradores de portos, bancos e companhias de navegação se comprometeram a um plano “ambicioso” para navegações com zero carbono até 2030;
- A Finlândia pretende se tornar a primeira nação industrializada a absorver mais carbono do que emite;
- O Paquistão, que plantou um bilhão de árvores nos últimos cinco anos, prometeu mais 10 bilhões para os próximos cinco;
- A Grécia afirmou que banirá o plástico de uso único até 2021 e eliminará gradualmente seu uso de carvão até 2028.
Críticos aplaudiram os esforços, mas afirmaram que os compromissos firmados por parte dos países sequer chega perto do que é necessário para estabilizar o clima.
Os Estados Unidos, por exemplo, foram representados pelo presidente Donald Trump. Ele apareceu no meio da sessão, sentou-se brevemente na plateia, olhou para o relógio e seguiu calmamente para um encontro sobre liberdade religiosa que acontecia naquele mesmo horário. Tudo isso sob o olhar furioso de Greta Thunberg.
Ela e seus colegas anunciaram que iriam processar cinco nações, alegando que, ao pôr em risco o clima, estariam violando direitos das crianças.
Trump pareceu zombar da jovem de 16 anos, ao tuitar o vídeo do discurso em que Greta alerta para o impacto das mudanças climáticas. Ele comentou: “Ela parece uma jovem feliz, ansiosa por um futuro brilhante e maravilhoso. Tão bonito de se ver!”.
Já o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu ponderação quanto às críticas de Thunberg e sua abordagem “bastante radical”, insinuando que a raiva estaria mal direcionada.
Protestos pelo mundo
A greve global pelo clima ocorreu em 150 países, incluindo o Brasil, levando milhares de manifestantes às ruas. Eles exigiam medidas concretas para frear as emissões de gases causadores do efeito estufa e combater o aquecimento global, informa a organização dos atos.
O próximo ano é o prazo final para os países que assinaram o acordo de Paris endureçam suas metas, conhecidas como contribuições determinadas nacionalmente.
Embora quase todos os países do mundo tenham assinado o acordo climático de Paris, que visa a limitar o aquecimento global a um nível bem abaixo de 2°C, os compromissos climáticos atuais sugerem que o mundo está muito longe de atingir esse objetivo, e no caminho de 3°C de aquecimento ou mais até o final do século.
Os olhos se voltam agora para Mônaco, onde o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas alertará sobre como o aquecimento global está causando uma situação de emergência em relação ao aumento do nível dos oceanos.
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