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Retrospectiva Ambiental 2023

Em 28 de dezembro de 2023

Mais um ano finalizando e é sempre bom fazermos um balanço sobre o que se passou e refletirmos o que podemos mudar para o próximo ano. Na área ambiental não seria diferente. Muitos eventos ocorreram durante o ano de 2023 na pauta ambiental. Além disso, mas do que nunca, o meio ambiente ganhou grande destaque mundial, principalmente devido ao aumento dos eventos extremos. Portanto, relembrar os acontecimentos permitirá nortear as ações mitigadoras para os próximos anos. Dessa forma, iremos expor a retrospectiva ambiental do ano de 2023.

Janeiro

Em janeiro ocorreu a posse do novo presidente da República no Brasil, e com isso a instauração de novas medidas e decretos, logo no dia primeiro de janeiro. Dentre as medidas, o presidente retomou o Fundo Amazônia, assim como revogou medidas de flexibiliza o garimpo ilegal. Além disso, assinou medidas para fortalecer a conservação dos biomas brasileiros.

Entre os dias 16 e 20 de janeiro ocorreu o Fórum Econômico Mundial, na Suíça, na cidade de Davos. Dessa forma, o Fórum reuniu líderes mundiais e discutiu sobre a economia global. Em relação ao meio ambiente discutiu sobre o desenvolvimento econômico sustentável e a mitigação das mudanças climáticas.

Sobre as notícias mais marcantes durante o mês, destaca-se o iceberg de 1.550 quilômetros que se desprendeu na Antártica. E a retirada de mais de 600 quilos de óleo em praia no Espírito Santo. Tal praia é berçário de tartarugas marinhas e por isso a grande preocupação com a retirada do material. Os analistas ambientais fizeram a varredura em cerca de 32 quilômetros de praia.

Biomas do Brasil

Fevereiro

Infelizmente em fevereiro, aconteceu algumas tragédias ambientais. No dia 3 de fevereiro ocorreu um acidente químico em Ohio, nos Estados Unidos. Um trem que carregava materiais tóxicos saiu da linha e ocorreu uma explosão. Diversas pessoas tiveram que sair das suas casas. Além disso, o trem carregava cerca de 20 materiais perigosos, que poderiam impactar a saúde das pessoas, a qualidade do ar e da água. Não houve registros de mortos e feridos, e os moradores voltaram para a casa depois de cinco dias. Os moradores relataram que animais morreram nos córregos e sentiram cheiro de produtos químicos.

No Brasil, no Litoral norte de São Paulo ocorreu uma tragédia de grandes proporções. No dia 19 de fevereiro, ocorreu chuvas intensas na região que ocasionou deslizamentos de terra. Infelizmente, ocorreram mortes e destruição em toda região norte do Litoral de São Paulo. Dessa forma, a cidade mais afetada foi São Sebastião, em que ocorreu um cenário de grande destruição. A saber, o volume de chuva bateu recorde, em 24 horas.

Março

No dia 20 de março, o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) lançou seu Sexto Relatório de Avaliação (AR6). O relatório detalhou sobre as consequências do aumento dos gases de efeito estufa. Além disso, mostrou os riscos irreversíveis da falta de atitude para mudar o cenário climático atual. O relatório mostrou alguns caminhos de mitigação, como a remoção de carbono por meio da restauração, bem como mostrou a importância do aumento do financiamento climático.

Abril

Em abril ocorreram algumas ações mitigadoras das mudanças climáticas. No entanto, uma notícia triste foi o aumento do nível do mar duas vezes mais rápido do que a década anterior. Tal fato, foi atribuído ao derretimento extremo das geleiras e o aumento do calor nos oceanos. O aumento representou um valor de 4,62 mm entre os anos de 2013 e 2022. Diante do avanço das mudanças climáticas em todo o mundo, o parlamento europeu aprovou leis para lidar com as mudanças climáticas. Entre elas, empresas que os seus produtos excedem o limite de emissão de gases de efeito estufa deverão comprar licenças de emissão. Além disso, uma das medidas aprovadas foi o Fundo Social para o Clima (FSC), que é destinado para microempresas e famílias que estão em vulnerabilidade.

Ainda na temática de mudanças climáticas, o G7 reuniu no dia 16 de abril para discutir sobre o tema. Assim, o grupo é formado pelas sete principais economias do mundo: Estados Unidos, Japão, Alemanha, Reino unido, França e Itália e Canada. O G7 concordou em diminuir o uso de combustíveis fósseis, como o carvão. O objetivo era alcançar sistemas de energia sem a emissões de gases do efeito estufa. No entanto, o acordo não definiu um prazo.

Maio

Em maio, o mundo registou um aumento de dois décimos de graus Celsius na temperatura média global da superfície do mar. Apesar de parecer pouco, para os oceanos são números alarmantes. E uma das causas desse aumento é o desenvolvimento do El Niño. O El Niño representa um aquecimento das águas do Oceano Pacífico, e tem duração média de 12 meses. Em maio registrou o aumento térmico do oceano, e o evento vem persistindo até hoje, com previsão de durar até 2024. Consequentemente, durante o ano de 2023 foi registrado aumento da temperatura, o que pode tornar o 2023, o ano mais quente da história.

Em relação ao Brasil, no dia 25 foi sancionada a lei, pelo presidente da república, que ampliou atividades econômicas em florestas públicas, e entre elas a comercialização de créditos de carbono. Além disso, o primeiro-ministro do Reino Unido anunciou o financiamento de R$ 500 milhões para o Fundo Amazônia. Uma notícia marcante para o Brasil, foi o registro de gripe aviária no país, doença que ocorre em aves domésticas. Embora, tenha se registrado em 2023 no Brasil, a gripe aviária já tem mais de 20 anos. A gripe trata de um vírus, conhecido como influenza H5N1. De forma geral, a contaminação em humanos é rara, mas se ocorrer os casos de mortalidade pode chegar em 52%.

Junho

No dia 5 de junho, comemorou-se o Dia do Meio Ambiente, e o tema foi poluição plástica. Essa temática ganhou notoriedade devido aos níveis insustentáveis da utilização do material. Um dia depois da comemoração do Meio Ambiente, o governo lançou medidas para a proteção ao meio ambiente e ao clima. Entre as medidas criou-se um Conselho para a Conferência das Partes, a acontecer em 2025, em Belém, Pará. Além disso, foram aprovadas as medidas de criação do Comitê Técnico da Indústria de Baixo Carbono, Comissão Nacional para Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa, Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima, Parque Nacional da Serra do Teixeira, na Paraíba, ampliação da Reserva Extrativista Chocoaré-Mato Grosso, no Pará e aprovou mudanças no Fundo Nacional sobre Mudança do Clima.

Uma notícia marcante durante o mês, foi a maior apreensão de barbatanas de tubarão, sendo realizado pelo IBAMA. Portanto, a apreensão foi de 28,7 toneladas de barbatanas, que seriam exportadas para a Ásia.

Julho

O mundo registrou o julho de 2023 como o mais quente da história. A temperatura média global chegou em 16,95 °C, sendo a maior média, considerando todos os meses desde 1940. No Brasil, a média foi de 22,97ºC. Além disso, o Brasil registrou a formação de ciclones extratropicais. Esse tipo de evento surge devido à baixa pressão atmosférica e o encontro de diferentes temperaturas de massas de ar (quente e fria).

O Brasil obteve queda nas taxas de desmatamento na Mata Atlântica. A queda representou uma diminuição de 42% no desmatamento entre os meses de janeiro e maio 2023 quando comparado ao mesmo período de 2022. Além disso, os estados que tiveram maior queda de desmatamento foram Paraná (54%), Minas Gerais (47%), Santa Catarina (46%) e Bahia (43%). A diminuição se deve ao aumento da fiscalização nesses estados. Outro fato importante que aconteceu no Brasil, foi a doação de R$ 30 milhões para o Fundo Amazônia realizada pela Suíça.

Trabalhando com Árvores de Regeneração no Mata Nativa

Agosto

Nos dias 8 e 9 de agosto aconteceu em Belém, Pará, a Cúpula da Amazônia. O evento reuniu oito países do Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). Dessa forma, os países integrantes são Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. O acordo entre os países estabeleceu a concordância de evitar o ponto de não retorno da Amazônia. Além disso, ficou acordado a cobrança aos países desenvolvidos do uso dos recursos, bem como a criação de maiores medidas de fiscalização. Por fim, a necessidade de proteger os povos indígenas.

Setembro

Em setembro novamente registrou-se eventos de onda de calor. Tal fato, resultou em o setembro mais quente da história, com temperatura média global de 16,38°C. Além disso, o El Niño influenciou no aumento das temperaturas. Assim, a onda de calor extremo durou entre os dias 17 e 26 de setembro, com temperaturas acima de 7º C.

Outubro

O mês de outubro foi marcado por forte seca no Norte e Nordeste do país. Esse evento é atribuído a combinação do El Niño e calor no Atlântico Norte. Assim, os dados mostraram a pior seca desde 1980 em oito estados: Amazonas, Pará, Acre, Amapá, Maranhão, Piauí, Bahia e Sergipe. A situação gerou um aumento significativo nos focos de calor no Amapá. Tal fato, culminou em decreto pelo governo do Amapá, de situação de emergência, devido ao aumento de queimadas no estado. A saber, até o mês de outubro o estado já havia registrado 10 mil focos de fogo.

Novembro

Em novembro também se registou efeitos das mudanças climáticas. Como exemplo, o mundo teve um aumento de 2º C na temperatura média global em um dia. Dessa forma, pela primeira vez, superou-se os valores estabelecidos pela Meta do Acordo de Paris (1,5ºC da era pré-industrial). Esses dados causam ainda mais preocupação na agenda climática. No Brasil, teve-se recorde em incêndios no Pantanal. Nesse sentido, no Bioma foram registrados mais de 3000 focos de calor, destruindo a vegetação e a fauna. O evento foi atribuído as ondas de calor e o tempo seco. Além disso, o desmatamento no Cerrado aumentou, e da Amazônia diminuiu.

Dezembro

Nesse mês de dezembro aconteceu a Conferência das Partes (COP 28) em Dubai, durante os dias 30 de novembro e 12 de dezembro. Nesse sentido, a grande discussão foi a utilização de energias sustentáveis em substituição dos combustíveis fosseis para combater as mudanças climáticas. No Brasil, um evento de grande impacto ambiental chamou bastante atenção, foi o rompimento de parte de uma mina em Alagoas. Portanto, o desastre gerou o desalojamento das pessoas próximas, além de ter provocado grande impacto para o meio ambiente.

Para finalizar, o ano de 2023 ficou marcado pela acentuação dos efeitos das mudanças climáticas. O aumento dos eventos climáticos extremos gerou uma série de problemas para as pessoas e para o meio ambiente. Nesse sentido, urge a necessidade da utilização de fontes de energias mais sustentáveis, diminuição drástica do desmatamento em florestas e em outras formações vegetacionais como as savanas. As estratégias para mitigação das mudanças climáticas devem ser implementadas antes mesmo que o 2023 acabe.

Links relacionados

Acidente de Trem

Relatório IPCC

Medidas do Governo de proteção ao meio ambiente

Maior apreensão de barbatanas de tubarão

Julho mais quente da história

Cai o desmatamento na Mata Atlântica

Onda de calor em setembro

Seca no Norte e Nordeste

COP 28

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Autor(a)

Engenheira e Mestre em Engenharia Florestal, atualmente doutoranda em Ecologia Aplicada. Possui experiência em Florestas de Mogno, onde tive o prazer de conhecer desde o plantio até o manejo das florestas e o consórcio do Mogno com café em áreas áridas do Norte de Minas. Além disso, tenho conhecimento em inventários florestais em diversas fitosionomias de Cerrado e coleta de informações funcionais de espécies e do solo na Mata Atlântica em fitosionomias Mistas e alagadas. Atuo no mapeamento remoto por meio do geoprocessamento de áreas da Mata Atlântica. Tenho interesse, principalmente, nas temáticas de conservação da biodiversidade, dinâmica da vegetação, mapeamento do uso e cobertura do solo, modelagem ecológica e estocagem de carbono.
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