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Porque Ocorrem Tantos Rompimentos de Barragem em Minas Gerais?

Por Fernanda Carvalho

Em 31 de janeiro de 2019
Rompimento de barragem - Brumadinho após o crime

O rompimento da barragem de minérios em Brumadinho (MG) é o primeiro de grandes proporções desde o desastre que deixou 19 mortes em Mariana, também em Minas Gerais. O desastre ocorrido na sexta-feira (25/01/2019), no entanto, é o sétimo a atingir Minas Gerais em apenas 13 anos, uma média superior a um rompimento de barragem a cada dois anos.

[Para quem não se lembra, o rompimento da barragem do Fundão, em Mariana, ocorreu em 05 novembro de 2015, provocando uma enxurrada de lama que devastou o distrito de Bento Rodrigues e deixou um rastro de destruição pelo Rio Doce. O acidente liberou cerca de 62 milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração, que eram formados, principalmente, por óxido de ferro, água e lama.]
Veja no quadro a seguir, os rompimentos de barragens que ocorreram em Minas Gerais nos últimos anos.

Rompimento de barragens em Minas Gerais nos últimos anos
AnoEmpresaCidadeConsequências
2006Mineradora Rio Pomba CataguasesMiraíVazamento de 1,2 milhão de m³ de rejeitos, contaminando córregos, matando peixes e interrompendo o fornecimento de água.
2007Mineradora Rio Pomba CataguasesMiraíVazamento de 2,2 milhões de m³ de material que inundou as cidade de Miraí e Muriaé, desalojando mais de 4 mil pessoas.
2008Companhia Siderúrgica NacionalCongonhasRompimento da estrutura que ligava o vertedouro à represa da Mina Casa de Pedra, causando aumento do volume do Rio Maranhão e desalojando 40 famílias.
2008Empresa não informada pelo IbamaItabiraVazamento de rejeito químico de mineração de ouro.
2014Herculano MineraçãoItabiritoVazamento causou a morte de três pessoas e feriu uma.
2015Samarco MineraçãoMarianaO rompimento causou o derramamento de 62 milhões de m³ de rejeitos, causando 19 mortes, desalojando 600 famílias, interrompendo o abastecimento de água e afetando a fauna e a flora fluvial e marinha.
2019ValeBrumadinhoEstima-se o vazamento de 12,7 milhões m³ de rejeitos e centenas de mortos, feridos e desabrigados.

Podemos associar dois principais fatores que podem ser apontados como causa primária do rompimento de barragens: um fenômeno natural, intenso, responsável por abalar a estrutura da barragem; e/ou a falta de planejamento dessa estrutura que, independentemente de fatores externos, entra em colapso em razão dos erros de cálculos dos técnicos responsáveis.

Mas porque acontecem tantos rompimentos de barragens em Minas Gerais?

O minério extraído solo, precisa passar por um processo de separação de impurezas para aumentar o valor comercial e, para isso, normalmente usa-se água e substâncias químicas.
O que resta desse processo é chamado de rejeito, que é depositado em barragens, para evitar que os resíduos sigam para os rios. Todos começam com a construção de um dique e um tapete drenante, para eliminar a água armazenada no interior da barragem. O que muda é o método usado para aumentar a capacidade de armazenamento por meio de construção de alteamentos. O esquema a seguir, mostra os diferentes métodos utilizados na construção de barragens.

Rompimentos de Barragens
Fonte: G1

O método chamado de alteamento a montante, utilizado tanto no reservatório I da Mina Córrego do Feijão da Vale como na barragem de Fundão da Samarco, em Mariana, que rompeu em 2015, permite que o dique inicial seja ampliado para cima quando a barragem fica cheia, utilizando o próprio rejeito do processo de beneficiamento do minério como fundação da barreira de contenção. No sistema de alteamento a montante, a barragem vai sendo elevada na forma de degraus conforme vai aumentando o volume dos rejeitos. É o método mais simples e também o mais barato. O problema vem do fato de que o alteamento da barragem é construído em cima de rejeitos que já foram depositados.

licenciamento ambientel em minas gerais

Além disso, por mais que exista o monitoramento, ainda há pouco investimento das empresas na contratação de mão de obra capacitada para analisar esses dados e as empresas dificilmente compartilham os dados com pesquisadores, o que dificulta monitoramento externo das barragens.
Temos um passivo de 50 anos de construção de barragens deste tipo e hoje existem cerca de 130 delas no Brasil. Muitas delas estão desativadas, mas mesmo assim ainda representam risco. Isso é consequência da velocidade em que se desenvolveu a exploração mineral no Brasil. De certa forma, parece que as empresas, o poder público e os órgãos de fiscalização, não estavam preparados para tamanho desenvolvimento.

Mas diante de tudo que foi falado nos últimos dias, o que mais me deixou preocupada foi que a barragem de Brumadinho não foi classificada como “crítica’’ no levantamento divulgado, em novembro, pela Agência Nacional de Água (ANA). Segundo este relatório, o Brasil possui 24.092 barragens de usos múltiplos, das quais 45 foram apontadas como mais vulneráveis, com algum comprometimento estrutural importante. Por mais que ainda não tenha sido divulgado nada conclusivo sobre as causas do rompimento dessa barragem, fica bem claro que ela não estava em boas condições. Aí fica o pensamento: imagina a condição das barragens que foram apontadas como vulneráveis?

O que esperamos de tudo isso, é que medidas sejam tomadas com urgência, para que novos desastres não aconteçam.

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Autor(a)

Fernanda Carvalho

Engenheira Florestal formada pela Universidade Federal de Viçosa. Continuou seus estudos na Technische Universität München, Alemanha, onde cursou disciplinas do Mestrado em Manejo de Recursos Sustentáveis com ênfase em Silvicultura e Manejo da Vida Selvagem. Dedicou grande parte da sua carreira a projetos de Educação Ambiental e pesquisas relacionadas à Celulose e Papel. Trabalhou com Restauração Florestal e Formação Ambiental no Meio Ambiente Florestal da Fibria Celulose S/A e como consultora em projetos de Inventário Florestal, Averbação de Reserva Legal e Mapeamento de Áreas, na Florestal Jr. Atualmente é mestranda em Ambiente, Sociedade e Desenvolvimento pela UFRJ, Consultora de Comunicação da Ocyan e Gestora de Conteúdo do blog Mata Nativa.

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