Todo mundo já viu, conhece, e geralmente adora uma árvore. Seja pela beleza que ela tem, pela sombra que ela faz ou pelo fruto que ela produz. Quase todo mundo tem uma história de criança com uma árvore, e que maravilha seria se todos tivessem. Mas afinal…
O que é uma árvore?
Conceitualmente, definem-se as árvores como plantas terrestres lenhosas e perenes que crescem de forma monopodial nos estágios iniciais do desenvolvimento. Posteriormente, podem manter esse padrão até o fim do crescimento, ou ainda, assumir um padrão simpodial. Possuem um tronco (fuste), que ramificando-se na parte superior, a partir de diferentes alturas, forma uma copa, que pode ter diferentes formatos e intensidades de ramificação.
A saber, existem alguns questionamentos sobre quais organismos que pode se considerar como árvores. Por exemplo, alguns autores não consideram as palmeiras (de grande porte) como espécies arbóreas, por não constituírem madeira e não possuírem copa ramificada. Entretanto, uma grande parte da comunidade científica adota essas espécies como árvores, sobretudo do ponto de vista ecológico.
Outras indagações surgem justamente sobre o tamanho mínimo que uma planta precisaria ter para que a considere como uma árvore. Em outras palavras, o que as diferem de arbustos, por exemplo? Bem, esta é outra situação em que não se tem uma resposta tão clara, embora a maioria das espécies apresente crescimento distinto entre arbusto e árvore. No entanto, pode-se colocar esta questão em cheque quando pensamos na arte milenar bonsaísta, que visa cultivar miniaturas de árvores que, muitas vezes, não ultrapassam a marca de 1 metro.
Em se tratando de tamanho, pode não haver um consenso sobre a menor árvore, mas certamente há sobre a maior. Dessa forma, não poderíamos deixar de mencionar as colossais Sequoias Gigantes (Sequoiadendron giganteum (Lindl.) J.Buchholz – Cupressaceae Gray), nativas da Califórnia-EUA. A espécie compreende indivíduos que podem ultrapassar os 100 m de altura, e por isso inclui as maiores árvores do mundo, sendo sua maior representante uma planta nomeada “General Sherman Tree“, com mais de 115 m e localizada no Parque Nacional das Sequoias.
Qual a importância das árvores?
As espécies arbóreas são importantes para humanidade sob diferentes aspectos. Do ponto de vista ambiental, as árvores colaboram para a regulação climática, atuando como captadoras de gás carbônio; e microclimática, por meio das trocas gasosas e sombreamento. Além disso, contribuem para a estabilização do solo, evitando a erosão; e facilitam a infiltração da água, melhorando o reabastecimento dos reservatórios subterrâneos.
Observando pelo escopo ecológico, as árvores são responsáveis pela conservação da biodiversidade como um todo. Isso ocorre porque elas são a base de muitos ecossistemas, onde fazem interações ecológicas com outras espécies vegetais, além de animais, fungos e microrganismos, sustentando uma ampla parcela das cadeias tróficas.
Sob o aspecto econômico, as árvores são imprescindíveis para a humanidade, sendo fonte de inúmeros serviços ambientais, bem como produtos madeireiros e não madeireiros. Diferentes espécies de árvores compõem extensivos plantios que geram produtos como madeira, celulose/papel, resinas e gomas, látex, frutos, etc. Por outro lado, árvores nativas podem oferecer uma variedade ainda maior desses produtos. Contudo, há uma exploração, muitas vezes, de forma irracional destes recursos, o que implica em graves consequências. Porém, quando adequadamente extraídos, podem colaborar com as comunidades locais e com a economia nacional, sem que haja prejuízos ambientais.
As árvores e a humanidade
A relação do ser humano com as árvores remonta há milhares de anos. Entretanto, nos últimos séculos, o nosso desenvolvimento tem ameaçado substancialmente a conservação dessas espécies. O avanço da urbanização e da agropecuária tem comprometido vastas paisagens florestais ao longo do planeta. Tal fator implica na perda extensiva de muitas das cerca de 60.000 espécies de árvores, que estima-se existir em todo o mundo. Além da perda em biodiversidade (não só das espécies arbóreas), funções ecológicas como a captação de carbono da atmosfera é comprometida pela remoção da cobertura arbórea.
As maiores perdas se concentram em países tropicais como o Brasil, onde as formações de florestas tropicais sempre verdes (perenes), como a Amazônia e a Mata Atlântica, são biomas fortemente comprometidos. Por outro lado, países norte americano e europeus protagonizam a perda de florestas temperadas decíduas, florestas de coníferas perenes e decíduas. Uma formação florestal menos expressiva são os mangues, mas que são fortemente ameaçados em ambientes costeiros de países como Brasil, Bangladesh e Índia.
Mesmo com a crescente destruição dos ambientes florestais, acredita-se que existam aproximadamente 400 árvores por pessoa no mundo. Esse valor se torna ainda mais impressionante quando pensamos que, ao total, são mais de 3 trilhões de árvores no planeta. Então, certamente, se olhar pela janela ou sair pela rua, pelo menos algumas delas estará ao seu alcance.
Serviços prestados pelas árvores
Independente do tipo de floresta, a importância das árvores para as populações humanas assume infinitas possibilidades. Desde espécies alimentícias como a Tâmara (Phoenix dactylifera L.) e o Azeite de Oliva (Olea europaea L.) até frutas asiáticas que se disseminaram mundialmente a partir das expedições coloniais europeias, tais como a Manga (Mangifera indica L.), que é originária da Índia; a Laranja (Citrus sinensis (L.) Osbeck), que teve seu ponto de partida na Ásia Central; e a Cerejeira (Prunus avium (L.) L.), propagada a partir do Japão, onde é a árvore símbolo do país.
Embora a alimentação seja uma das maiores importâncias das árvores, algumas espécies exercem uma influência que transcende, se tornando símbolos. Sob o escopo da religiosidade temos, por exemplo, o Baobá (Adansonia digitata L.), que é celebrado e reverenciado por diversas comunidades africanas. Outras são símbolos culturais como o Sobreiro (Quercus suber L.), uma espécie
símbolo em Portugal, e o Algodão Americano (Populus deltoides W.Bartram ex Marshall), uma das espécies símbolo nos EUA. Algumas vão ainda além, fazem parte da história dos países e são postas como ícones patrióticos como é o caso do Bordo Canadense (Maple Tree) (Acer saccharinum L.), presente na bandeira do Canadá; e o Cedro-do-Líbano (Cedrus libani A.Rich.), que estampa a bandeira nacional deste país.
A história do Brasil contada pelas árvores
Diferentes espécies de árvores tiveram participação importante na construção histórica e econômica do Brasil. Vamos conhecer as principais:
Pau Brasil
A madeira dessa espécie foi a primeira matéria-prima oriunda do Brasil. Foi extraída pela Coroa Portuguesa a partir das florestas da Mata Atlântica, principalmente no Sudeste, tornando-se a árvore símbolo desta região. O auge da exploração ocorreu no período pré-colonial, entre os anos de 1500 e 1530, diminuindo gradativamente nos anos seguintes. O grande interesse dos comerciantes era o pigmento vermelho extraído da madeira (brasilina/brasileina), utilizado para tingir tecidos e outros materiais. Nesse sentido, tal produto foi a base do comércio nesse período, e certamente contribuiu para o processo de colonização. Porém, a exploração intensiva causou a degradação das florestas naturais.
A espécie é, morfologicamente, caracterizada por árvores armadas com acúleos; folhas biparipinadas, com até 20 pares de pinas alternas por folha; folíolos alternos; inflorescência terminal, ocasionalmente axilar, em racemo simples ou panículado; as flores são zigomorfas e pentâmeras, pétalas livres, amarelo brilhante, a pétala mediana, com uma mancha vermelho-sangue na face interna; fruto bivalvar, aculeado, deiscência elástica.
Historicamente, a espécie foi conhecida cientificamente como Caesalpinia echinata Lam., porém, recentemente, estudos filogenéticos determinaram que ela deve ser segregada em um novo gênero, sendo assim denominada Paubrasilia echinata (Lam.) Gagnon, H.C.Lima & G.P.Lewis (Fabaceae).
Cacau
Também foi uma espécie muito importante no Brasil colônia, sendo explorada a partir de populações naturais. Entretanto, por volta de 1655, começou-se a cultivar a planta, ampliando ainda mais seus usos, que datavam da Era pré-colombiana, período em que, provavelmente, foi domesticada na Amazônia. Atualmente, a espécie é amplamente cultivada e comercializada no Brasil, além de ocorrer espontaneamente em florestas pluviais da Mata Atlântica. Esta espécie é tão importante para nosso país, que mesmo havendo plantios em outros países, somos um dos maiores mercados de chocolate do mundo, com faturamentos na casa dos R$ 14 bilhões de reais.
A espécie se caracteriza por apresentar árvores de médio porte, e variedades domesticadas de pequeno porte, o que facilita a colheita dos frutos. Possui tronco, geralmente, curto, cilíndrico, com casca escura e lenticelada. As folhas são do tipo simples, com formato elíptico a estreito-obovado, base cuneada a obtusa e ápice acuminado; em ramos pendentes a filotaxia é oposta dística e, nos verticais, o padrão é alterna espiralada. Flores pequenas, pentâmeras (5 pétalas e 5 sépalas), hermafroditas, ou seja, possuem tanto os órgãos reprodutivos masculinos como os femininos; se organizam em inflorescências no tronco (caulifloria) ou nos ramos. O fruto é do tipo cápsula, com formato alongado e elipsoide, pentalocular, superfície com 10 sulcos longitudinais; a casca é dura e de coloração roxa ou esverdeada quando jovens; e amarela, alaranjada ou arroxeada quando maduros. Contém polpa mucilaginosa, branca ou rósea, envolvendo cinco fileiras de sementes de interior roxo-vivo.
Cientificamente, a espécie possui o binômio Theobroma cacao L. (Malvaceae), o que é inspirado na cultura das civilizações pré-colombianas, em que o gênero significa “alimento dos deuses”. Conforme as crenças divinas sobre cacaueiro, o epíteto específico (segundo termo do binômio) se refere ao produto extraído das suas amêndoas, utilizado na base do ancestral do nosso chocolate.
Castanha do Brasil
Trata-se da árvore símbolo da região Norte do Brasil. Conhecida internacionalmente como “noz do Brasil” (Brazil nut tree), também contribui para a visibilidade do país no exterior, com expressivo comércio internacional das sementes. O destaque foi principalmente para Amazônia, onde é nativa e contribui socioeconomicamente com as comunidades locais, sendo uma fonte de alimento e de renda através do extrativismo. O auge dessa atividade extrativista ocorreu durante o período de maior extração de látex, em que ambos os produtos eram exportados rapidamente, com o início da navegação a vapor nos rios amazônicos. Atualmente, já existem plantios comerciais da espécie. Entretanto, a pouca tecnificação e o longo período até a idade reprodutiva faz com que seu cultivo ainda seja pouco viável.
A espécie é denominada cientificamente como Bertholletia excelsa Bonpl. e caracteriza-se pelas árvores de grande porte, que podem atingir 50 metros de altura. Possui tronco reto e cilíndrico, recoberto por casca fissurada e acinzentada, com desprendimento em placas lenhosas. Folhas oblongas, menos frequentemente obovadas, de textura cartácea a coriácea, ápice arredondado a cuspidado, base arredondada e decurrente próxima ao pecíolo, discolores, margem ondulada, inteira a crenulada. As flores são zigomorfas, com 2 sépalas fusionadas, gibosas e mucronadas, e 6 pétalas; se arranjam em panículas espiciformes terminais ou axilares, com até duas ordens de ramificação, raque angulosa. Os frutos, conhecidos popularmente como ouriços, são do tipo pixídio, formato globoso, funcionalmente indeiscentes (sementes maiores que a abertura opercular) e pericarpo lenhoso.
Seringueira
Também originária da Amazônia, esta espécie produz um látex que foi um dos grandes produtos comercializados durante o Brasil colônia. No início, o extrativismo realizado pelas populações amazônicas sobre a seringueira nativa era a principal forma de obtenção desta matéria-prima. Neste período, grandes quantidades de sementes foram levadas para o Sudeste Asiático, onde, hoje, é o maior centro produtor de borracha natural do mundo. Enquanto no Brasil, plantios também foram implantados, porém, a baixa tecnificação e a concorrência com outros produtores internacionais fez com que esta não seja uma atividade economicamente tão relevante na atualidade. O estado de São Paulo é responsável por mais da metade da produção interna. Contudo, sem dúvidas esta árvore colaborou para a construção do país que conhecemos hoje.
Denominada pelo binômio Hevea brasiliensis (Willd. ex A.Juss.) Müll.Arg., é uma espécie monoica representada por plantas de até 30 metros de altura. Tronco cilíndrico com casca acinzentada e áspera e desprendimento pulverulento. Folhas trifolioladas, folíolos elípticos, membranáceos, glabros, ápice agudo, obtuso a acuminado. Flores minúsculas (< 8 mm), amarelas, monoclamídeas (possuem apenas sépalas, que formam o cálice); dispostas em uma inflorescência panicular ou racemosa, axilar, raro terminal. O fruto é do tipo cápsula lenhosa, verde quando imaturos e marrons na maturação, deiscência explosiva, liberando 3 sementes globosas e com manchas marrons.
Araucária
Ocorrendo nas formações de Floresta Ombrófila Mista da Mata Atlântica no Sul do Brasil, tornou-se a espécie símbolo desta região, pela sua exuberante beleza. Seu ciclo de vida lento e a exploração predatória de sua madeira levou à sua quase extinção. Atualmente, a espécie é legalmente protegida, sendo alvo de inúmeras iniciativas de restauração ecológica, que incluem a preservação da Gralha-Azul, ave que realiza a dispersão de suas sementes. Além da colaboração madeireira durante a história da região sul, a espécie é um dos componentes alimentares mais característicos da cultura sulista. O pinhão, a amêndoa branca que é constituída principalmente por amido, e rico em reservas energéticas, é consumido largamente pela população local, tendo conquistado o paladar de brasileiros de outras regiões.
Araucaria angustifolia (Bertol.) Kuntze é uma espécie dioica (indivíduos masculinos e femininos) de grande porte. Tronco cilíndrico e retilíneo, com casca espessa, marrom e rugosa; casca interna resinosa. A copa varia de cônica, quando jovem, em que os ramos são curvados para cima, até caliciforme, característico de indivíduos adultos. Os ramos primários são cilíndricos e verticilados, inserindo-se no tronco em um mesmo “nó”. Os secundários se inserem alternadamente, são caducos e agrupados no ápice dos ramos primários. Os órgãos reprodutivos são denominados cones polínicos (masculinos) ou ovulíferos (femininos). Os cones polínicos são isolados e possuem até 11 cm de comprimento, com ápice romboide, contendo até 12 microsporângios (órgão que contém os gametas). Os cones ovulíferos são globosos, eventualmente ovoides, aproximadamente com 9 cm de diâmetro, escama ovulífera marrom e concrescida ao óvulo. As sementes (pinhões) são obovoides e com ápice terminando com um espinho achatado.
E por que comemoramos essa data?
O Dia da Árvore surgiu a partir da iniciativa de Julius Sterling Morton (1832-1902), figura importante do cenário político norte-americano, que em 1872 realizou um evento ecológico, plantando muitas árvores no estado de Nebraska – EUA. Posteriormente, diversos países ao redor do mundo aderiram à data comemorativa, instituindo-a em diferentes dias do ano, sendo o Dia Mundial da Árvore comemorado em 21 de março.
No Brasil, oficializou-se a data por meio do Decreto 55.795, de 24 de fevereiro de 1965, sancionado durante o governo do Presidente Castelo Branco. A saber, no país, celebra-se o Dia da Árvore no dia 21 de setembro, data esta que coincide com o início da primavera no hemisfério sul.
A criação da data foi fundamentada na necessidade de conscientização da população a respeito da importância das árvores para o meio ambiente e para humanidade como um todo. Estes fatores incluem a preservação da biodiversidade vegetal, animal, fúngica e microbiana; redução da poluição aérea; produção de flores e frutos, além de outros produtos extrativistas, consumidos pelos humanos; bem como, a beleza paisagística e conforto térmico que podem proporcionar, sobretudo em ambientes urbanos.
Além dessa reflexão acerca da importância das árvores, esta data tem como objetivo colocar em pauta a discussão de práticas e políticas relacionadas à preservação ambiental de modo geral, principalmente no que se refere ao desmatamento.
Nesta data realizam-se atividades relacionadas à educação ambiental. Geralmente, tais ações apresentam-se em formatos variados, incluindo palestras, gincanas e outras atividades lúdicas; além do plantio e avaliação de espécies.
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