No dia 22 de maio se comemora o Dia Mundial da Biodiversidade. Essa data celebra a biodiversidade do nosso planeta e objetiva a conscientização sobre as ações necessárias para a sua conservação. Neste dia, o principal intuito é que nos atentemos para a importância da biodiversidade dos ecossistemas terrestres e aquáticos nas nossas vidas e de como a preservação desses recursos é necessária para o equilíbrio da Terra e a segurança do nosso futuro.
No Brasil, a comemoração se torna ainda mais importante. Isso se deve ao fato de que o Brasil possui dimensões continentais e abriga entre 15 e 20% das 1,5 milhão de espécies animais e vegetais conhecidas em todo o mundo.
As ações de conservação e preservação, estimuladas nessa data, são especialmente importantes quando observamos o fato de que dois terços de toda diversidade animal e vegetal estão sob algum risco de extinção. O que nos leva a refletir sobre nossas ações devastadoras sobre o meio ambiente.
Uma das principais causas dessa pressão, e a consequente perda de biodiversidade, é o uso excessivo dos recursos naturais. Como exemplo, podemos citar a pesca desregulada, que tem diminuído drasticamente a população de peixes comerciais marinhos, e perturbado a cadeia trófica das espécies envolvidas. O desmatamento de florestas como a Amazônia, que além da perda de biodiversidade, reduz a prestação de serviços ambientais, como regulação climática, captura e estocagem de carbono, recarga de rios e lençóis freáticos, e fornecimento de alimentos.
Além destes temas, uma questão que pode ser elencada para debate nesta comemoração é a subutilização dos recursos da biodiversidade. Uma pequena parcela de espécies vegetais e animais é utilizada para produção de alimentos para a humanidade. Se por um lado a proposição de utilização de novas espécies, principalmente animais, pode comprometer suas populações silvestres, por outro, o uso consciente e bem manejado destes recursos pode garantir a segurança alimentar e conservação dos ecossistemas naturais e seus recursos genéticos.
Quando e como surgiu o Dia Mundial da Biodiversidade?
A comemoração foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1992. A escolha da data foi em função do dia em que o texto final da Convenção da Diversidade Biológica foi aprovado, em 22 de maio de 1992. A versão final do acordo é denominada “Nairobi Final Act of the Conference for the Adoption of the Agreed Text of the Convention on Biological Diversity”.
Esta importante Convenção foi estabelecida na Rio-92 ou também conhecida como ECO-92 – a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (CNUMAD). Hoje é o principal fórum mundial para discussão das temáticas relacionadas à conservação da biodiversidade ao redor do mundo. Os debates são pautados em três objetivos principais: i) conservação da diversidade biológica, ii) uso sustentável da biodiversidade, e iii) repartição justa e equitativa dos benefícios provenientes da utilização dos recursos genéticos.
No Brasil a ratificação da Convenção da Diversidade Biológica se deu pelo Decreto Federal n.º 2.519 de 16 de março de 1998.
Afinal de contas, o que é biodiversidade?
A conceituação de biodiversidade é bastante variada. As definições variam desde as mais restritivas, que consideram a biodiversidade apenas como o conjunto de espécies de um ambiente. Entretanto, visões muito mais amplas postulam que biodiversidade é o conjunto de espécies de organismos de todos os reinos (Monera, Protista, Fungi, Plantae e Animalia) associado à sua respectiva diversidade gênica, e a variedade de ecossistemas e interações ecológicas existentes entre todos os membros dessa comunidade.
Com base nesse conceito mais amplo, estendemos a nossa percepção de ambientes diversos ou biodiversos. Isso acontece, pois mesmo em áreas onde a quantidade de espécies, isto é, a riqueza, possa não ser tão grande, a diversidade genética e de interações entre os organismos pode ser complexa. Entretanto, os denominados ambientes/ecossistemas/biomas “megadiversos” só ocorrem em locais onde o número de espécies é muito alto e a complexidade de interações é compatível com essa riqueza.
Assim, podemos entender que todos os ecossistemas mundiais, aquáticos ou terrestres, possuem peculiaridades que os tornam únicos e, certamente, merecedores de atenção e proteção.
O que há para comemorar no Dia Mundial da Biodiversidade?
As ações antrópicas têm levado o planeta a um ritmo alarmante de perturbação dos ecossistemas e extinção de espécies. Em contrapartida, populações de espécies invasoras têm se ampliado em diferentes ecossistemas e comprometendo as interações naturais entre as espécies nativas.
Embora a perda de espécies seja um prejuízo irreparável, algumas ações mundiais e nacionais podem renovar nossas esperanças sobre a conservação da biodiversidade para o futuro:
Em 2002, a ONU mediou um acordo internacional para estipular metas de conservação da biodiversidade. O acordo, discutido na África do Sul, determinou ações para alcançar objetivos como a proteção de pelo menos 10% das regiões ecológicas do planeta, o controle da disseminação de espécies invasivas e a prevenção de extinção de espécies devido ao comércio internacional.
No Brasil, iniciativas de instituições como Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) podem ser citadas como promotoras da conservação da biodiversidade nacional. Por exemplo, em 2016, o instituto desenvolveu diversos projetos nos seus centros de pesquisa. O mais notório é o renomado Projeto Tamar, que contribui para a preservação das Tartarugas marinhas.
Outro ponto a ser enfatizado, e que pode nos direcionar para a promoção da conservação ambiental e da biodiversidade, é a maior conscientização da sociedade civil para as questões ambientais. Por exemplo, durante a pandemia de Covid-19 houve um avanço exponencial no interesse das pessoas em consumir produtos e serviços de origem ecologicamente sustentável e/ou neutras em carbono. Esse novo posicionamento dos consumidores pressiona as empresas à se adequarem a um novo modelo de mercado baseado em processos cada vez mais ambientalmente adequados, o que culmina em práticas como a neutralização das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE). Essa neutralização ocorre pela captação do dióxido de carbono atmosférico pelas árvores de plantios estabelecidos para esta finalidade. Estas plantações, além de melhorarem a disponibilização dos principais serviços ambientais, também colaboram para a conservação e aumento da biodiversidade, quando os plantios são realizados com espécies florestais nativas.
E você? Quais iniciativas toma para que nossa biodiversidade seja conservada?
Compartilhe suas dicas nos comentários…