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Dia Nacional da Silvicultura

Em 7 de dezembro de 2024

A data foi instituída pela Lei 12.643, de 2012, cujo objetivo da lei é promover a conscientização sobre a importância da silvicultura para o desenvolvimento sustentável do país. Ela também busca o incentivo ao manejo florestal responsável, o uso racional dos recursos naturais e o equilíbrio entre a produção econômica e a conservação ambiental.

Silvicultura comercial

No Brasil, a silvicultura é reconhecida por sua contribuição para a produção de madeira, papel, celulose e outros produtos florestais. O setor é responsável por gerar milhões de investimentos diretos e indiretos, impulsionando a economia de diversas regiões do país. Além disso, o manejo sustentável dessas florestas plantadas reduz a pressão sobre as florestas nativas, contribuindo para a preservação da biodiversidade.

De acordo com Oliveira e Artung: “O setor planta 1,8 milhão de árvores por dia, dando origem a uma crescente gama de produtos de fonte renovável, como livros, cadernos, roupas, celulose, papéis, embalagens, papel higiênico, fraldas, painéis de madeira, pisos laminados, entre muitos outros.
Esses produtos estão presentes na rotina de todos os brasileiros e substituem, com muitas vantagens, aqueles feitos a partir de fontes fósseis. Estamos falando não só dos artigos mais óbvios, como móveis de madeira, celulose, mas também de incontáveis novos usos na geração bioenergética, em aplicações na indústria têxtil, na farmacêutica, nos cosméticos e na alimentícia, dentre muitos outros segmentos” (IBA, 2024).

Em 2023, o Brasil ultrapassou os 10 milhões de hectares em áreas plantadas. Dentre as espécies mais plantadas está o eucalipto, seguido do pinus.

Histórico da distribuição de área plantada no Brasil por espécie (2015 – 2023)
[Milhões de hectares]

Fonte: Canopy Remote Sensing Solutions (CANOPY) www.canopyrss.tech (2023) | ESG Tech (2023) I IBA (2024)

Os estados que mais destacam-se com plantios comerciais são Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Santa Catarina. A região sudeste e centro-oeste predomina a espécie eucalipto, enquanto na região Sul com a espécie Pinus. Isso deve pelas características edafoclimáticas para cada uma. Os principais produtos relacionam-se a celulose, papel, painéis, pisos laminados, carvão e madeira serrada.

Isso representa uma importante participação da silvicultura comercial em relação à economia brasileira. A mesma está no 5° lugar no ranking de participação no PIB nacional. Da mesma forma, destaca-se na competitividade global como a maior exportadora de celulose do mundo e o segundo maior produtor, ficando abaixo apenas dos Estados Unidos (IBA, 2024).

Sustentabilidade e Inovação

O compromisso com a sustentabilidade é uma marca registrada da silvicultura brasileira. O setor tem implementado tecnologias avançadas para o manejo das florestas plantadas, incluindo o uso de drones para monitoramento, melhoramento genético de mudanças e sistemas de supervisão mais eficientes.

Outro aspecto significativo é o impacto positivo da silvicultura na mitigação das mudanças climáticas. A Lei 14.876, de 31 de maio de 2024, que exclui a silvicultura das atividades poluidoras, equiparando-se as práticas agropecuárias. Se por um lado, as florestas plantadas também contribuem na captura do dióxido de carbono (CO₂) da atmosfera, ajudando a reduzir os níveis de gases de efeito estufa e a combater o aquecimento global. Por outro lado, o setor de árvores cultivadas conserva 6,91 milhões de hectares de vegetação natural, uma área superior ao estado do Rio de Janeiro. Somando áreas conservadas e plantadas, o mesmo armazena 4,92 bilhões de toneladas de dióxido de carbono equivalente (tCO₂eq).

Além disso, muitas empresas do setor investem em bioenergia, utilizando resíduos florestais como biomassa para a geração de energia limpa e renovável. Iniciativas essas que envolve à eficiência energética e à substituição do uso de combustíveis fósseis por fontes renováveis.

O Papel das Florestas Plantadas

As florestas plantadas, compostas majoritariamente por espécies como eucalipto e pinus, são essenciais para o sucesso da silvicultura brasileira. O país possui cerca de 10 milhões de hectares destinados a essas plantações, representando menos de 1% do território nacional. Essas áreas são projetadas para combinar alta produtividade com conservação ambiental. Muitas empresas do setor adotam práticas como o plantio em mosaico, que intercalam áreas de produção com áreas de preservação, promovendo corredores ecológicos e protegendo a biodiversidade local.

Desafios e Oportunidades

Embora o setor apresente avanços significativos, ainda enfrenta desafios, como a necessidade de reforçar o desmatamento ilegal e melhorar a percepção pública sobre a silvicultura. Para isso, é essencial promover campanhas de conscientização e garantir maior fiscalização para coibir práticas ilegais.

O setor também tem grandes oportunidades, especialmente no mercado de produtos florestais inovadores, como biomateriais, bioplásticos e produtos farmacêuticos derivados de compostos florestais.

Destaca-se o crescimento da silvicultura brasileira como oportunidade de melhoria no setor. Principalmente, na região centro-oeste, onde o  Mato Grosso do Sul tem mostrado grande potencial para tornar-se o polo mundial da celulose. Lembrando que o Brasil é o maior exportador dessa matéria prima no mundo, representando 63% da base florestal enviada para fora do país.

Silvicultura conservacionista

A silvicultura de conservação é um conceito que vai além do simples manejo florestal. Trata-se de um conjunto de práticas que integra a produção sustentável de recursos florestais com a preservação das florestas nativas, buscando um equilíbrio entre a exploração econômica e a conservação da biodiversidade.

O que é uma silvicultura de conservação?

A silvicultura de conservação tem como objetivo principal o manejo sustentável das florestas para garantir sua regeneração e preservação a longo prazo. Diferentemente da silvicultura comercial, que foca na produtividade, uma abordagem de conservação tem como prioridade :

  • Proteção da biodiversidade : Inclui a preservação de espécies nativas, a manutenção de habitats e a criação de corredores ecológicos.
  • Uso responsável dos recursos naturais : Envolve o manejo planejado de madeira, sementes, óleos e outros produtos florestais sem comprometer a regeneração das florestas.
  • Serviços ecossistêmicos : Reconhece o valor das florestas na regulação do clima, proteção dos solos, da água e sequestro de carbono.
  • Geração de renda sustentável : Oferece oportunidades econômicas por meio do manejo responsável de produtos florestais e ecoturismo.

No Brasil, um país com rica biodiversidade e extensos biomas florestais, a silvicultura de conservação tem se tornado cada vez mais importante. Ela é essencial para reduzir os impactos das atividades humanas, ao mesmo tempo em que promove os benefícios ambientais, econômicos e sociais. Como exemplo, tem-se a menor taxa registrada nos últimos 15 anos de diminuição do desmatamento na Amazônia, a qual atingiu 30,6 %. Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA): “com o resultado, houve uma redução nas emissões de gases de efeito estufa de 400,8 milhões de toneladas de CO2  por desmatamento na Amazônia e Cerrado em relação ao ciclo 2021/22″.

Considerações finais

Celebrar essa data é uma oportunidade para reconhecer as conquistas do setor, fomentar a conscientização sobre sua relevância e incentivar práticas ainda mais inovadoras e sustentáveis. Ademais, ao promover o manejo responsável e o cultivo de florestas plantadas, equilibra o avanço econômico com a preservação ambiental, contribuindo para a proteção da biodiversidade, a mitigação das mudanças climáticas e o uso sustentável dos recursos naturais. Além disso, é garantir que as florestas continuem a desempenhar seu papel vital no planeta: proteger a biodiversidade, regular o clima e sustentar a vida humana e ambiental. É um passo fundamental para construir um futuro mais equilibrado.

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Autor(a)

Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade Federal de Santa Maria, mestrado em Engenharia Florestal na UDESC e Doutora na mesma área pela UFSM. Já atuou como fiscal do meio ambiente e professora na UTFPR. Atualmente, é professora de silvicultura no curso de Agronomia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). Trabalha com docência e com projetos de ensino, pesquisa e extensão. “Escrever é uma arte que nos acompanha em leituras diárias do conhecimento, que buscamos constantemente ao longo da profissão”
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