O Manejo Florestal Sustentável é a utilização sensata e sustentada dos recursos florestais. O objetivo fundamental da prática é maximizar a produção florestal e minimizar os danos da floresta explorada. Para o setor madeireiro, o Manejo Florestal Sustentável apresenta diversas vantagens, a principal delas consiste na continuidade da produção madeireira.
Manejo Florestal Sustentável: Conceito
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) define o Manejo Florestal Sustentável como “a administração da floresta para obtenção de benefícios econômicos, sociais e ambientais, respeitando os mecanismos de sustentação do ecossistema objeto do manejo“, somado a utilização de múltiplas espécies madeireiras, de múltiplos produtos e subprodutos não madeireiros, bem como a utilização de outros bens e serviços florestais.
Enquanto para Scolforo (1998), o Manejo Florestal é centrado no conceito da utilização de forma sensata e sustentada dos recursos florestais; de modo que as gerações futuras possam usufruir pelo menos os mesmos benefícios da geração presente.
Para o autor, aborda-se a terminologia segundo dois enfoques:
Enfoque 1
O Manejo Florestal é visto como uma prática em que o objetivo maior é aumentar a qualidade do produto final, sua dimensão e, se possível, a sua quantidade. Para tanto, deve-se observar em todas as fases a viabilidade sócio-econômica e ambiental do processo produtivo.
Enfoque 2
O Manejo Florestal é considerado um processo de tomada de decisão, em que se utiliza modelos matemáticos que possibilitam a previsão da produção. Também, permite gerenciar toda esta gama de informações por meio de planos de manejos, em que o objetivo principal é a otimização de todo o processo.
O Que é um Plano de Manejo Florestal Sustentável?
O Plano de Manejo Florestal Sustentável (PMFS), segundo o Decreto Estadual n.º 3325/2013, é um documento técnico básico que apresenta as diretrizes e procedimentos para administração da floresta, de acordo com os princípios do manejo florestal. Em outras palavras, o PMFS contém informações a respeito da área a ser manejada e o planejamento das atividades desenvolvidas ao longo do tempo.
Nesse sentido, o objetivo fundamental do PMFS é maximizar a produção florestal e minimizar os danos da floresta explorada. Dessa forma, a sua aplicabilidade está relacionada diretamente ao conhecimento da composição florística, da estrutura fitossociológica e das distribuições diamétrica e espacial das espécies.
Em suma, é o Plano de Manejo Florestal Sustentável que fornece as bases para o manejo da floresta.
Etapas Técnicas do Plano de Manejo Florestal Sustentável
Em síntese, o Plano de Manejo Florestal Sustentável divide-se em três etapas:
Pré-Exploratória
Consiste na etapa inicial do Plano de Manejo Florestal Sustentável, ou seja, ocorre antes do começo da execução das atividades na floresta.
Nessa etapa é feito todo o planejamento do manejo florestal sustentável, no qual são projetadas e construídas as infraestruturas. Além disso, quantificam-se as informações que possibilitam a exploração racional da área de manejo florestal.
Na etapa pré–exploratória são selecionadas as áreas aptas ao manejo florestal; quantificado o potencial da floresta para o manejo; avaliada a viabilidade econômica do empreendimento; dimensionadas e definidas as Unidades de Produção Anual (UPAS); dimensionadas e definidas as infraestruturas gerais; definidas as estratégias de gerenciamento; realizado o Inventário Florestal 100% da UPA; mapeados detalhadamente o terreno da UPA, incluindo as Áreas de Preservação Permanente (APP‘s); realizado os cortes de cipós presos às árvores com valor comercial; e identificados os recursos humanos necessários à operação florestal.
Logo, realizam-se tais atividades pelo menos um ano antes da etapa exploratória.
Exploratória
Na etapa exploratória pratica-se a Exploração de Impacto Reduzido (EIR).
Em suma, a EIR é um sistema que utiliza as melhores técnicas de extração disponíveis, visando a redução dos danos às florestas remanescentes, decorrentes da obtenção de madeira nativa.
Nessa etapa, as atividades exploratórias levam em conta o planejamento prévio para a redução de danos, custos e acidentes de trabalho durante a execução da colheita de madeira. Dessa forma, faz-se a abertura de estradas em direção aos pátios que vão receber as toras; realiza-se o teste do oco, de forma a determinar se as árvores terão um bom aproveitamento na indústria e poderão ou não ser derrubadas; faz-se o arraste das toras para os pátios de estocagem com o mínimo de impacto possível ao solo e a vegetação remanescente; e identifica-se as toras, para garantir a rastreabilidade por meio da Cadeia de Custódia.
Pós-Exploratória
As atividades pós-exploratórias objetivam viabilizar os próximos ciclos de corte, a partir de levantamentos dos danos provocados pela exploração, do crescimento da floresta e de medidas para catalisar esse crescimento.
Sobretudo, nessa etapa é feita a reparação das estradas utilizadas nas atividades de exploração; o implante de placas de proibição de caça e pesca nas áreas exploradas; o monitoramento das áreas exploradas contra invasões e mau uso da terra. Também, realiza-se a avaliação dos danos e desperdícios causados durante a exploração e o monitoramento do crescimento e regeneração da área explorada.
A Importância do Plano de Manejo Florestal Sustentável para o Setor Madeireiro
Dentre as vantagens do Plano de Manejo Florestal Sustentável para o setor madeireiro, o principal deles consiste na continuidade da produção madeireira. O projeto garante a produção de madeira na área indefinidamente e requer a metade do tempo necessário na colheita não–manejada.
Por meio da adoção das técnicas de manejo, que busca a redução dos impactos da exploração e a garantia de que a sustentabilidade da produção florestal, seja feita por meio do planejamento da colheita e do monitoramento do crescimento da floresta, a madeira proveniente do manejo é extraída de forma responsável.
Nas indústrias madeireiras é feita a rotatividade produtiva. Em outras palavras, as árvores adultas são cortadas, enquanto que as mais jovens crescem para serem utilizadas futuramente em um ciclo contínuo de extração e preservação.
Além da garantia da produção de madeira por tempo indefinido, o Plano de Manejo Florestal Sustentável possibilita a redução do desperdício dos recursos naturais; o aumento da produtividade; a diminuição dos acidentes de trabalho; uma maior rentabilidade, pois os benefícios econômicos do manejo superam os custos.
Ademais, o PMFS propicia a adoção das técnicas de manejo florestal sustentável; cria novas oportunidades de mercado, através da certificação da madeira. Também, promove a conservação florestal, uma vez que, o manejo da floresta garante a cobertura vegetal da área, retendo a maior parte da diversidade da flora original e tendo menor impacto sobre a fauna presente.
Certificação no Manejo Florestal Sustentável
A Certificação Florestal é um processo voluntário que garante que os produtos florestais certificados são provenientes de manejo sustentável da floresta, e atendem os três pilares da sustentabilidade: produto ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável.
Além disso, os processos de certificação atestam o cumprimento da legislação vigente no país. Porém, a certificação é um processo voluntário, em que se realiza a avaliação de um empreendimento por uma organização independente, a certificadora.
As certificadoras, no entanto, desenvolvem um método para certificação baseados nos Princípios e Critérios do FSC, adaptando-os à realidade de cada região ou sistema de produção.
O FSC é o selo verde mais reconhecido em todo mundo. A sigla em inglês significa, Forest Stewardship Council, ou Conselho de Manejo Florestal, para o português.
O selo possui diferentes modalidades de certificação florestal, sendo elas: Manejo Florestal (FM), Cadeia de Custódia (CoC) e Madeira Controlada (CW).
- Manejo Florestal (FM): atesta que empresas manejam a floresta de maneira responsável, de acordo com os princípios e critérios de certificação FSC;
- Cadeia de Custódia (CoC): atesta a rastreabilidade da matéria–prima que sai da floresta, uma vez que, os produtos que levam o selo da cadeia de custódia foram de fato produzidos a partir de matérias-primas florestais certificadas pela modalidade “manejo florestal”;
- Madeira Controlada (CW): atesta que produtos florestais provenientes de florestas não certificadas evitam fontes controversas.
Vantagens
Dentre as vantagens da certificação da madeira, destacam-se:
- Melhores preços: a procura por madeira certificada é grande e aumenta a acessibilidade ao mercado internacional, especialmente europeu;
- Credibilidade da empresa com consumidores: o certificado florestal traduz a responsabilidade socioambiental com o manejo da floresta;
- Garantia de origem: produtos certificados garantem que a madeira provém de uma floresta bem manejada, onde se aplicaram localmente as leis ambientais e trabalhistas;
- Reconhecimento do mercado: consumidores conscientes dão preferência aos produtos com selo verde. Para empresas exportadoras, o selo aumenta a acessibilidade ao mercado externo;
- Responsabilidade social: empresas que possuem certificação e aquelas que compram produtos com selo, cumprem com as leis trabalhistas e bonificam o prestador de serviço.
Links relacionados:
- Ministério do Meio Ambiente;
- Decreto Estadual n.° 3325/2013;
- Instituto Floresta Tropical;
- Instituto Brasileiro de Florestas.
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