Em tempos de escassez hídrica e racionamento do uso da água, a gestão integrada dos recursos naturais ganha importância para profissionais e tomadores de decisão. E o que seria esta gestão integrada? Quais são estes recursos naturais? Por que são indispensáveis à sobrevivência humana?
A gestão integrada de recursos naturais é composta por um conjunto de práticas fundamentais para o desenvolvimento de um cenário sustentável, minimizando os problemas ambientais. Estas práticas visam manter os recursos naturais em quantidade e qualidade adequadas para seus usos, pela geração atual e futura. A gestão integrada, apesar de toda complexidade, viabiliza a aproximação e o diálogo entre os setores socioeconômicos e ambientais em prol de um objetivo comum, a sustentabilidade. Desta forma, objetivos, metas e planos de ação são construídos de maneira participativa, possibilitando o atendimento de demandas diversas e o equilíbrio entre a produção/ desenvolvimento com a conservação dos recursos naturais.
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Os recursos naturais como a água, solo, biodiversidade nos oferecem serviços ambientais que são fundamentais para a sobrevivência humana. É impossível pensar em floresta, sem pensar em solo, ou em água. Estes recursos naturais estão intimamente relacionados. O manejo racional e utilização sustentável destes bens exige um bom entendimento das relações entre eles.
Em termos de legislação, destacam-se dois grandes marcos para a gestão dos recursos naturais: a Lei de Águas (Lei 9.433/1997) e o Novo Código Florestal (Lei 12.651/2012). A primeira instituiu um modelo inovador de gestão participativa dos recursos hídricos brasileiros considerando aspectos diversos como as questões hidrológicas, ambientais, socioeconômicas e político-institucionais. A segunda lei estabelece normas para proteção da vegetação nativa em áreas de preservação permanente, reserva legal, uso restrito, exploração florestal e assuntos relacionados. Além destas duas leis, existe todo um arcabouço de regulamentações que buscam, ao final, o desenvolvimento sustentável e a manutenção dos recursos naturais.
Não é difícil perceber que estes assuntos são complexos e estão intimamente relacionados, por isso dissociar água de florestas, de solo, de clima, de biodiversidade, de produção, é praticamente impossível. Por isso o desafio do profissional florestal ou ambiental é grande, e demanda um olhar global sobre a conservação e gerenciamento dos recursos naturais.
Uma ação integrada do profissional que atua na área ambiental pode ser determinante para a existência dos recursos naturais no futuro (Futuro que está cada vez mais próximo!). Aliando o conhecimento existente e as ferramentas inovadoras já disponíveis, é possível atuar assertivamente e minimizar os problemas ambientais.
Ao pensar na bacia hidrográfica como unidade de planejamento para gestão hídrica, é importante relembrar do ciclo hidrológico e das funções de cada componente na bacia. As florestas, neste contexto possuem funções de alta relevância, tanto nas áreas de infiltração e abastecimento dos lençóis freáticos, quanto nas áreas de filtragem de sedimentos e outros materiais para que estes não alcancem os recursos hídricos causando poluição e assoreamento. Além disso, as florestas são capazes de minimizar as ocorrências de erosão do solo em áreas com altos índices de declividade.
E quais são as características destas áreas de floresta na bacia hidrográfica que podem otimizar estas funções? Neste ponto, podemos citar o inventário florestal como uma ferramenta interessante para qualificar e quantificar as florestas existentes dentro de uma bacia hidrográfica. Se as áreas de florestas nativas foram desmatadas, os processos de restauração florestal podem auxiliar na recuperação ambiental de uma área, resgatando a dinâmica do ecossistema anterior e provendo os serviços ambientais esperados daquela área. Novamente o inventário florestal ou um levantamento fitossociológico poderão ser realizados a fim de identificar as espécies florestais existentes na região e que melhor se adaptarão a um processo de restauração.
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Diante da diversidade de técnicas de restauração florestal, é importante avaliar as condições da área e os objetivos da restauração para definir a metodologia a ser empregada. Em áreas onde existem fragmentos importantes de floresta nativa, as práticas de condução de regeneração podem ser suficientes. Já em ambientes onde não há fragmentos florestais nas proximidades e, portanto, não existem bancos de sementes disponíveis para a regeneração natural, são indicados os plantios de mudas de espécies florestais nativas. Uma das formas de escolher as espécies de mudas para um plantio de recuperação se baseia em listas de espécies levantadas por inventário florestal ou análise fitossociológica da região.
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O planejamento do uso do solo na bacia hidrográfica é uma etapa importante para garantir a sustentabilidade dos recursos naturais e o desenvolvimento das atividades produtivas. Áreas de florestas nativas podem exercer inúmeras funções dentro de uma bacia hidrográfica e, claro, poderão ainda ser manejadas de maneira sustentável, mantendo os serviços ambientais e gerando renda através da exploração direta de produtos florestais madeireiros ou não-madeireiros. Para que estas atividades sejam realmente compatíveis, o inventário florestal se constitui em etapa imprescindível para elaboração do plano de manejo da área. Áreas de florestas plantadas para fins comerciais também podem exercer funções importantes em uma bacia hidrográfica desde que estejam localizadas em áreas permitidas e manejadas conforme orientações técnicas e legais para o local e bioma onde se encontram. Novamente, o inventário florestal constitui-se em etapa indispensável para o sucesso do manejo destas áreas, garantindo a manutenção dos recursos naturais locais e a produtividade da floresta plantada com fins comerciais.
Veja também:
- Poluição em ambientes naturais, urbanos e rurais
- Sistemas de gestão ambiental
- O engenheiro florestal no manejo de bacias hidrográficas
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