No dia 16 de março, celebra-se o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Criada em 2011, a data tem como objetivo chamar atenção da população brasileira sobre a temática e mobilizar ações e debates para o desenvolvimento de práticas que não intensifiquem as mudanças no planeta. Atualmente, pode-se dizer que as mudanças climáticas representam um dos maiores desafios para a humanidade. Frente a isso, a instituição da data demonstra o comprometimento para minimizar a crise do clima.
Causas e Indicadores das Mudanças Climáticas
Conforme exposto, as mudanças climáticas são um dos principais desafios para a humanidade. E, por isso, tem se destacado como urgente em pautas científicas e políticas. Como consequências das mudanças climáticas, pontuam-se o aquecimento global e eventos climáticos extremos. A exemplo, secas, ondas de frio ou de calor, enchentes, elevação do nível do mar, derretimento de geleiras e explosões de raios em regiões polares. Ainda, pesquisas apontam que as mudanças climáticas favorecem o compartilhamento viral. Nesse sentido, pode-se afirmar que as alterações do clima ameaçam a qualidade de vida humana (e a própria existência da espécie), assim como o equilíbrio da biodiversidade.
Consideram-se as mudanças climáticas como processo natural do planeta devido à concentração de Gases do Efeito Estufa (GEE), sendo eles: dióxido de carbono (CO₂), ozônio (o3), óxido nitroso (N₂O), metano (CH₄) e vapor de água. No entanto, o principal alerta é a ação humana para a intensificação desse processo. Desde a Revolução Industrial, com a queima de combustíveis fósseis, junto ao desmatamento, queimadas e atividades agrícolas, os índices de emissão de CO₂ aumentaram. Dessa maneira, sua concentração na atmosfera também. Estudos indicam que esse gás permanece na atmosfera por, pelo menos, dez anos.
Relatórios do IPCC
De acordo com os relatórios do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC), a temperatura média global do planeta vem aumentando nos últimos 120 anos. Segundo António Guterres, secretário-geral da ONU, “o mundo está em um caminho rápido para o desastre”. Para realização do sexto relatório do IPCC (2021), selecionaram-se como indicadores de mudanças climáticas:
- Mudança da temperatura global da superfície terrestre em relação a 1850-1900;
- Área de gelo do Oceano Ártico;
- pH da superfície oceânica global (medida de acidez);
- Mudança global do nível médio do mar.
Projeta-se que até 2050, a temperatura média do planeta possa aumentar em torno de 2,5 °C e, até 2100, em 5°C. A partir disso, até 2050, estima-se que o Ártico esteja praticamente sem gelo, ao passo que a acidificação do oceano aumenta. Ainda, presume-se que, no pior cenário, até 2100, aumente 1 metro (m) do nível do mar. Além disso, no pior cenário, pode-se aumentar até 7 metros em 2300. Contudo, vale a ressalva de que não se pode descartar a probabilidade de atingir acima de 15 metros com altas emissões de GEE.
Instituição do Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas
Por meio da Lei n.° 12.533/2011, estabeleceu-se o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. A escolha do dia 16 de março representa o início do reconhecimento ao Protocolo de Kyoto durante a 3ª Conferência das Partes (COP3), em 1997. Este foi o primeiro acordo internacional para controlar a emissão de GEE. Ademais, preocupou-se em estimular o desenvolvimento sustentável para preservação da natureza. A exemplo, houve o fortalecimento do mercado de carbono, onde países que emitem GEE em valores menores aos estabelecidos, vendem para aqueles que tiveram emissões excedentes.
A Lei que institui a data comemorativa, em seu artigo 2º, aponta as escolas como responsáveis pela promoção de atos, eventos e debates acerca de medidas de proteção dos ecossistemas do Brasil. No entanto, tais esforços não devem se limitar aos muros escolares, visto a dimensão e complexidade do tema. Sabe-se que as mudanças climáticas atuais são relacionadas às ações antrópicas e ao modo de consumo. Por isso, a mobilização deve ser geral, tanto em espaços formais de educação, quanto informais. Além disso, para alcançar os objetivos propostos, um olhar crítico sob a situação se faz necessário.
Educação Ambiental e Mudanças Climáticas
Antes, cabe diferenciar dois termos importantes para a Educação Ambiental: sensibilização e conscientização. A ação de sensibilizar visa comover, tornar sensível a algo ou à alguma problemática. Portanto, demanda-se um mediador que direciona uma ação a um público (individual ou coletivo). Já a ação de conscientizar é individual e pessoal. Em outras palavras, cria-se consciência e age para a modificação. Nesse sentido, a Educação Ambiental sensibiliza, enquanto o indivíduo se conscientiza após ser sensibilizado. Ao final, o que se espera é a ação – reflexão para ser e modificar situações problemas.
Diante disso, a Educação Ambiental se firma como importante instrumento de sensibilização para frear as emissões de GEE e minimizar os impactos das mudanças climáticas. Por meio de sua prática, pode-se apresentar, por exemplo, os riscos das mudanças climáticas, além de questionar, discutir, rever e propor ações de melhoria. A partir de então, possibilita a real conscientização e a contribuição efetiva para conter as mudanças do clima.
Ademais, é fundamental ressaltar: as ações individuais são essenciais e necessárias, entretanto, as de maiores impactos são as coletivas. Assim, no Dia Nacional de Conscientização sobre as Mudanças Climáticas, deve-se unir forças para o enfrentamento da questão e cobrar aqueles que são capazes de realizar e regulamentar políticas efetivas. Afinal, nesse contexto, o “cada um que faça a sua parte” não será suficiente.
O que fazer no Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas?
Dentre as ações individuais, sugere-se promover ações de Educação Ambiental. A ideia inclui, por exemplo, desenvolver campanhas ou projetos e divulgar conteúdos sobre a temática. Além disso, cabe:
- Repensar os hábitos de consumo;
- Incentivar iniciativas de carbono neutro;
- Trocar produtos que usam os combustíveis fósseis por elétricos ou solares;
- Controlar o consumo de energia;
- Minimizar o consumo de carne;
- Priorizar produtos de origem local;
- Reduzir a geração de resíduos.
Estas são iniciativas práticas, possíveis e viáveis, capazes de fazer a diferença na emissão de GEE no planeta. Espera-se que o Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas seja a oportunidade para colocá-las em prática, mas que estas se tornem hábitos diários.
O que cobrar no Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas?
Para atender as demandas coletivas, deve-se pressionar os órgãos capazes de promover as ações em níveis regionais, nacionais e globais. Nesse sentido, também é importante cobrar no Dia Nacional da Conscientização sobre as Mudanças Climáticas. Sendo assim, necessita-se de ações para limitar a emissão de GEE, a partir de:
- Proteção da biodiversidade;
- Proteção dos povos originários e comunidades tradicionais;
- Conservação e uso sustentável de florestas;
- Promoção de áreas verdes em áreas urbanas;
- Mudanças no setor energético – abandono da energia fóssil;
- Fortalecimento da Educação Ambiental;
- Criação de políticas econômicas que valorizem os recursos naturais.
Além disso, deve-se cobrar investimento em segurança climática, uma vez que, com o passar dos anos, os eventos climáticos tornam-se mais extremos. Entretanto, é possível prevê-los e se atentar às vulnerabilidades locais e adaptações necessárias frente à tais eventos, como chuvas intensas e desmoronamentos.
Sobre o nosso futuro
Em entrevista, após seu protesto pelo clima, Greta Thunberg disse: “senti que não havia sentido em ir à escola se não houvesse futuro”. A fala é radical, porém compreensível. Fazer barulho e chamar a atenção sobre as mudanças climáticas tem se mostrado cada dia mais urgente. Na verdade, tais ações devem acontecer em todos os espaços: escolas, ruas, redes sociais, internet. Em consonância a fala da Greta, ignorar as mudanças climáticas é ignorar o nosso futuro. Assim, não fazer nada reverterá em consequências para nós mesmos.
Links relacionados
- Lei n.º 12.533 de 2 de dezembro de 2011 (Brasil, 2011).
- Lei n.º 9.795 de 27 de abril de 1999 (Brasil, 1999).
- Mudança do clima 2021 – Tradução do GT I Brasil. (IPCC, 2021).
- Relatório climático da ONU: estamos a caminho do desastre, alerta Guterres (Nações Unidas Brasil, 2022).
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