O mundo evolui a cada dia. A demanda por bens, produtos e serviços aumenta. Mas como suprir as necessidades humanas e preservar o planeta? Diante de um cenário em que a degradação ambiental está cada dia mais grave, o aquecimento global se intensificando e os recursos naturais se esgotando, faz-se necessário debater a sustentabilidade. É neste contexto que surge os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), trazendo a ideia de que é possível propor medidas sustentáveis para o uso dos recursos naturais e ainda assim obter êxito nos quesitos sociais, econômicos e ambientais. A saber, dentre os principais objetivos, tem-se a geração de energia limpa e acessível. Aqui, cita-se como exemplo a energia eólica offshore e onshore.
Mas, o que é energia e como é gerada?
Energia: “força, potência”. De forma simples e objetiva, o termo “energia” pode estar atrelado a diversas situações, uma vez que sua definição envolve a capacidade de produzir uma ação e/ou movimento. Assim, pode-se compreender a energia a partir do movimento do corpo, calor ou pela eletricidade.
No contexto de energia elétrica, esta que se faz presente em praticamente todas as atividades do nosso dia a dia, obtém-se a mesma por meio de fontes não renováveis ou renováveis.
A geração de energia por meio de fontes não renováveis é comumente realizada a partir de combustíveis fósseis, carvão mineral, petróleo e derivados, dentre outros. Contudo, sabe-se que estas fontes de energia são altamente prejudiciais ao meio ambiente, uma vez que os processos envolvem a emissão de gases poluentes. Assim, considerando o cenário de mudanças climáticas e aquecimento global, tem-se impulsionado a busca por alternativas mais sustentáveis também na geração de energia. A saber, muitos países estão migrando para as fontes renováveis, visto que estas propiciam a redução da emissão de gases do efeito estufa, principalmente do dióxido de carbono. Assim, pode se inferir que, a iniciativa contribui para a descarbonização.
O que é eólica onshore e offshore?
Os termos são originários da língua inglesa e podem ser empregados em diversas áreas, como no âmbito financeiro e no mundo esportivo. Contudo, as expressões também se fazem presente no contexto ambiental. Mais especificamente, tem-se que:
Onshore: Aqui, destacam-se as atividades realizadas distantes da costa, isto é, localizada em terra.
Offshore: São as atividades realizadas a partir da costa marítima de uma determinada região.
A energia eólica é uma das alternativas mais conhecidas quando se trata de geração de energia sustentável. Em síntese, o processo de geração de energia, neste caso, envolve a instalação de turbinas em terra, fazendo assim o uso do vento. Tal processo é conhecido como energia onshore. Mas, seria esta a única alternativa para o uso de turbinas? Bom, com a demanda de cada dia mais propor alternativas viáveis e sustentáveis, a geração de energia offshore vem ganhando notoriedade. Em suma, o processo possui o mesmo princípio da onshore, contudo, envolve a alocação das turbinas no mar.
Mas, qual a vantagem da eólica offshore?
A capacidade de gerar energia eólica em terra possui uma limitação de aproximadamente 5,60 megawatts (MW). Tal fato está atrelado, também, ao tamanho das pás das turbinas. Em suma, as estruturas precisam ter comprimentos que viabilizem o transporte em terra (rodoviário ou ferroviário). Assim, para alcançar um maior potencial na geração de energia usando o vento, surge a energia offshore. Aqui, o transporte das turbinas se dá pelo oceano. Visto que no mar, a presença de obstáculos no tocante de dissipar o vento é menor, projetos apontam um potencial de gerar energia com valores superiores a 12 MW.
No lado social e econômico, a instalação destes empreendimentos se converte na geração de empregos, rendas e desenvolvimento.
E as desvantagens?
Economicamente, para a instalação e manutenção do projeto de energia eólica offshore, o investimento pode ser considerado alto. Em suma, uma vez que a instalação está na água, são necessários diversos cuidados, por exemplo, com corrosão. Além disso, a iniciativa deve contar com uma estratégia bem estabelecida para a construção e instalação. Apesar da facilidade em locomoção das estruturas (turbinas), há de se destacar que, as obras, bem como a manutenção, no ambiente marinho são complexos e carecem de maior atenção. Assim, o planejamento deve ser minuciosamente elaborado, estabelecendo medidas de segurança.
Cenário no Brasil
O Brasil se destaca pela diversidade de recursos renováveis e, consequentemente, possibilidade de geração de energia. No âmbito da geração de energia offshore não é diferente, visto que o país apresenta mais de 7 mil quilômetros de extensão de costa. Assim, o Brasil pode ser visto como potencial referência na geração de energia em alto mar. A saber, optar pela produção de energia eólica offshore é mais uma possibilidade para alavancar a economia verde.
Aproveitar as possibilidades e incentivar a produção de energia limpa pode ser uma ótima estratégia para o país. Em outras palavras, é uma forma de atrair novos modelos de negócio e novos investidores, impulsionando assim o desenvolvimento econômico e social.
Em suma, o potencial que o país apresenta é um caminho para a promoção de avanços na diversificação da matriz energética brasileira. A saber, atualmente, a maior demanda para liberação de instalações dos projetos é em áreas do Ceará e Rio Grande do Norte.
Como implementar um projeto de eólica offshore?
Todo empreendimento e/ou atividade que constitui em intervenções humanas no meio ambiente, consideradas potencialmente prejudiciais, são passíveis de licenciamento para a sua construção, instalação e execução. Em outras palavras, o processo de licenciamento é uma exigência para as atividades que fazem uso dos recursos naturais e que podem ocasionar degradação ambiental. No caso de implantação de projetos eólicos offshore não é diferente. A saber, deve-se obter a licença para tais projetos junto ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (IBAMA). Ao seguir as diretrizes impostas, evita-se a ocorrência de danos ambientais na área de instalação. Ademais, o órgão é responsável pelo termo de referência que conduz a elaboração dos estudos ambientais, os quais as empresas precisam apresentar.
As principais análises realizadas devem estar centradas em mapear as áreas de reprodução, recifes naturais; identificação da sensibilidade do solo em relação à biota marinha; caracterização da fauna e flora, principalmente nas áreas costeiras que tendem a apresentar uma riqueza significativa; impactos nas rotas migratórias de animais como as aves e baleias.
Quais as principais regras para a instalação?
A idealização do projeto deve considerar algumas diretrizes. Primeiramente, no quesito ambiental, deve-se respeitar as áreas de interesse ecológico. Por outro lado, no âmbito social e econômico, a proposta do projeto deve avaliar a localização de forma cautelosa, evitando áreas próximas à costa, que atrapalhem as rotas de tráfego marinho, bem como as já existentes instalações no que diz respeito as estratégias navais. Por fim, a profundidade das águas também é um fator crucial. Usualmente, instalam-se os parques eólicos em águas com até 60 metros de calado.
Impactos do empreendimento
A energia eólica offshore, como supracitado, é uma fonte de energia sustentável. Em outras palavras, pode-se classificar esta modalidade como geração de energia de forma limpa e renovável. Assim, podemos inferir que, positivamente, este tipo de energia é ambientalmente viável, uma vez que é inesgotável e não poluente. Além disso, não há poluição visual e acústica, uma vez que se instala as estruturas mar adentro.
O uso estratégico desta fonte de energia é um importante avanço também no contexto das mudanças climáticas. Considerando que se faz o uso do vento para gerar a energia, podemos inferir que se minimiza a emissão de gases de efeito estufa.
Os projetos offshore são regulamentados?
A regulamentação do licenciamento ambiental para os empreendimentos de geração de energia eólica onshore (em terra) segue as diretrizes da Resolução 462, de 24 de julho de 2014. Já para os empreendimentos offshore, em janeiro de 2022, publicou-se o Decreto n.° 10.946. O documento “dispõe sobre a cessão de uso de espaços físicos e o aproveitamento dos recursos naturais em águas interiores de domínio da União, no mar territorial, na zona econômica exclusiva e na plataforma continental para a geração de energia elétrica a partir de empreendimento offshore”.
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