O processamento de um inventário florestal pode ser considerado uma tarefa complicada, visto que envolve uma série de cálculos e estimativas que irão compor os resultados de um estudo. No entanto, deve-se realizar o processamento com muita precisão e confiabilidade. A partir dessas informações, pode-se gerar os relatórios que irão subsidiar as decisões de manejo florestal, supressão da vegetação, licenciamento ambiental, entre outras. No entanto, demanda-se uma série de planilhas e cálculos, quando se realiza os cálculos no Excel. Principalmente quando se trata dos parâmetros fitossociológicos da floresta, como o cálculo da estrutura horizontal da floresta, uma vez que essas análises não são simples, exigindo cuidado e atenção para não gerar resultados equivocados. Dessa forma, a utilização de um software confiável permite a obtenção de estimativas precisas e de forma rápida. No Mata Nativa é possível realizar os cálculos da estrutura horizontal da floresta, bem como realizar interpretação dos dados.
Estrutura Horizontal
A análise da estrutura horizontal abrange os diversos parâmetros que buscam entender o comportamento do crescimento e o grau de ocupação da floresta. Por meio das informações geradas pela análise pode-se compreender aspectos da distribuição das árvores, a quantidade das espécies, as características ecológicas, entre outros. Assim, emprega-se muitos estudos para conhecer a estrutura da floresta e dessa forma subsidiar as decisões no manejo e conservação dos recursos florestais. Os parâmetros mais utilizados para a análise da estrutura horizontal é a densidade, dominância, frequência, tanto relativa como absoluta, bem como o valor de cobertura e o valor de importância.
Densidade ou Abundância
A densidade, também chamada abundância, é o número de indivíduos por hectare de cada espécie na composição da floresta. Estima-se este parâmetro em termos de densidade absoluta e relativa, para cada espécie encontrada no levantamento. Calcula-se o parâmetro da seguinte forma:
Em que:
DAi = Densidade absoluta pela i-ésima espécie;
ni= Número de indivíduos pela i-ésima espécie;
A= área amostrada em hectares;
DRi = Densidade relativa pela i-ésima espécie;
N = Número total de indivíduos amostrado.
Dominância
A dominância pode ser definida como o somatório da área basal por hectare, de cada espécie. Dessa forma, o parâmetro é expresso em termos de área basal, sendo assim a projeção da área seccional do tronco da árvore a 1,30 m do solo. Além disso, a dominância pode ser expressa por meio de valores absolutos e relativos. Assim, para obter essa estimativa do parâmetro, usa-se as seguintes expressões:
Em que:
DoAi = Dominância absoluta pela i-ésima espécie;
Gi= Área basal da i-ésima espécie em metros quadrados;
A= área amostrada em hectares;
DoRi = Dominância relativa pela i-ésima espécie;
DoT = Dominância total de todas as espécies amostradas, em metros quadrados por hectare.
Frequência
A frequência, mede a distribuição de cada espécie, em termos percentuais sobre a área. Dessa forma, calcula-se a frequência de cada espécie pela ocorrência de cada uma, nas unidades amostrais. A saber, a frequência absoluta é o número de parcelas que uma espécie ocorre em relação ao número total de parcelas. Em relação à frequência relativa, define-se como a porcentagem da frequência absoluta em relação ao somatório das frequências absolutas. Calculam-se tais expressões da seguinte forma:
Em que:
FAi = Frequência absoluta pela i-ésima espécie;
Ui= Número de unidades amostrais em que estão presentes a i-ésima espécie;
Ut = Número total de unidades amostrais;
FRi = Frequência relativa pela i-ésima espécie;
S= número de espécies amostradas.
Valor de Cobertura
Estima-se a importância de uma espécie dentro da floresta pelo número de árvores por hectare (densidade) e a área basal por hectare (dominância). Dessa forma, calcula-se o valor de cobertura (VC) pelo somatório da densidade relativa e da dominância relativa, sendo assim, nunca superior à 200. Geralmente, apresenta-se o valor de cobertura em termos percentuais (VC%). Para obter o valor percentual é necessário dividir o VC por dois.
Valor de Importância
A importância ecológica da espécie na comunidade vegetal é expressa por meio do valor de importância (VI). Estima-se este parâmetro fitossociológico, por espécie, pela soma dos valores relativos da densidade, da dominância e da frequência, sendo assim, sempre inferior à 300. Geralmente, apresenta-se o valor de importância em termos percentuais (VI%), sendo que para obter o percentual divide-se o valor de importância por três.
Mata Nativa
Apesar de parecer difícil os cálculos dos parâmetros da análise da estrutura horizontal, toda a análise pode ser realizada de forma rápida e fácil com o Mata Nativa, sem ter que ficar ajustando colunas e linhas em planilhas cheias de números. Muitas vezes, incorre no erro de deixar uma ou outra linha de fora e assim impactar em todo resultado do cálculo. No software todos os dados podem ser revisados e preenchidos a qualquer momento, assim como os cálculos podem ser realizados por quantas vezes o responsável desejar. Para a realização da análise da estrutura horizontal, iremos mostrar o passo a passo.
Cálculo da análise da estrutura horizontal no Mata Nativa
No Mata Nativa, após realizar a importação dos dados, basta ir para o “Módulo Cálculos”, na aba “Estruturas” e sub-aba “Estrutura Horizontal”. Realizado esses passos, basta clicar no ícone “Calcular” que abrirá seguinte tela para opção de cálculo. Observem que há a possibilidade de selecionar o cálculo para os valores máximos, médios, mínimos, variância, desvio padrão e mediana para as variáveis CAP (circunferência a altura do peito), DAP (diâmetro à altura do peito), HT (altura total) e HC (altura comercial) para cada espécie, gênero ou família, resultado exigido por grande parte das secretarias de meio ambiente. Além disso, pode-se selecionar a forma de apresentação dos resultados, sendo possível escolher mais de uma opção. A aba possui as seguintes opções: considerar cada fuste como indivíduo, apresentar sem indivíduos selecionados, exibir nome científico simplificado e ordenar por VI. Na Figura abaixo encontra-se a tela para realizar o cálculo no programa.
Uma outra observação importante, é selecionar a caixa “Ordenar por VI” para que o resultado seja apresentado com as espécies mais importantes ecologicamente, nas primeiras linhas da tabela. No quadro “Estatística” tem-se a opção de selecionar os valores máximos, médios e mínimos, supracitados, das variáveis. Assim, basta clicar no botão “Calcular para obter a tabela de resultados“.
Resultados do Mata Nativa
Após clicar em calcular, o Mata Nativa disponibiliza uma tabela de resultados, que pode ser exportada para uma tabela de Excel. Além disso, os dados podem ser recalculados, e feitos os gráficos de cada parâmetro ou de vários, em forma de histograma ou pizza.
Análise dos resultados
Após extrair os dados da análise da estrutura horizontal no Mata Nativa, para apresentar os resultados em relatórios, estes podem ser editados no Excel. Abaixo encontra-se um exemplo da tabela 1 de resultados, exportada e editada no Excel.
Tabela 1. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas ordenados por VI%. Em que N = número de indivíduos, U = unidades amostrais em que a espécie foi observada, AB = área basal, DA = densidade absoluta, DR = densidade relativa, FA = frequência absoluta, FR = frequência relativa, DoA = dominância absoluta, DoR = dominância relativa, VC = valor de cobertura e VI = valor de importância. Méd HT = média das alturas, Max HT = altura máxima, Min HT = altura mínima, Méd DAP = média dos DAP´s, Max DAP = diâmetro máximo, Min DAP = diâmetro mínimo.
Interpretação dos resultados
Nas primeiras posições do Valor de Importância (VI %) destacam-se as espécies Copaifera langsdorffii Desf. (18.95%), Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart (18.02%), Aspidosperma pyrifolium Mart. (9.63%), Coccoloba rosea Meisn. (9.10%) e Astronium fraxinifolium Schott (8.92%). Estas espécies apresentaram uma densidade absoluta de aproximadamente 325 indivíduos por hectare, representando cerca de 68% do total de indivíduos amostrados nesse estudo.
Essas cinco espécies somaram 0.1618 m²/ha da área basal, o que equivale a aproximadamente 75% da dominância absoluta total (DoA). A frequência relativa (FR) calculada para essas espécies foi de 50% de representatividade nas parcelas amostradas.
Em termos de dominância absoluta (DoA), sobressaíram as espécies Copaifera langsdorffii Desf. (1.67 m²/ha), Albizia niopoides (Spruce ex Benth.) Burkart (1.52 m²/ha), Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O.Berg (0.55 m²/ha), Coccoloba rosea Meisn. (0.36 m²/ha) e Cordiera sessilis (Vell.) Kuntze (0.35 m²/ha). Essas espécies se destacaram, principalmente, por possuírem elevados valores de diâmetro. Numa análise mais detalhada, podemos ver que seus valores de DR e FR também são elevados se comparados com os valores das outras espécies.
Histograma da estrutura horizontal
No Mata Nativa é possível gerar um gráfico da análise da estrutura horizontal, para isso basta clicar em gráficos. Nessa aba pode-se selecionar qualquer parâmetro da estrutura, inclusive selecionar vários. Além disso, é possível selecionar quais espécies aparecerão no gráfico, e selecionar o tipo de gráfico. Também é possível salvar o gráfico em formato jpeg, png, pdf, e baixar os dados do gráfico em csv ou xlsv.
Após selecionar as opções que melhor se encaixa ao relatório, basta salvar o gráfico no computador no melhor formato. A seguir um exemplo:
Com o Mata Nativa o cálculo da estrutura horizontal se torna uma tarefa simples e rápida. Dessa forma, ganha-se mais tempo para elaboração do relatório técnico, concentrando os esforços na discussão dos resultados. Se você ainda não realizou o acesso do software, faça agora e consulte os nossos consultores para saber mais detalhes sobre a licença do software.
Veja também:
- Cálculo e Interpretação da Estrutura Vertical da Floresta
- Cálculo e Interpretação da Estrutura Paramétrica por Espécie
- Interpretação dos índices de diversidade obtidos em levantamento fitossociológico.
Texto revisado por Kelly Marianne Guimarães Pereira em 27/06/2023.