As florestas naturais e plantadas são consideradas hoje grandes sumidouros de carbono. Embora, as florestas naturais ainda sejam muito afetadas pelas mudanças no uso da terra, práticas de manejo não sustentáveis e sobretudo pelo desmatamento.
Estima-se que as florestas já estabelecidas compensem cerca de 30% das emissões globais dos combustíveis fósseis. E esse valor poderia aumentar significativamente com a expansão das áreas florestais (a partir dos plantios comerciais), implementação e incentivos a bioenergia e mediante a melhoria nas técnicas de gerenciamento e manejo sustentável.
Por isso, a importância de se monitorar e avaliar o crescimento das árvores nas florestas a partir da realização periódica de inventários florestais.
O que é o Inventário Florestal?
O inventário florestal é a base técnica utilizada para obter informações sobre as áreas florestais, geralmente com ênfase nos recursos madeireiros. O inventário é um pré-requisito para o planejamento e se desenvolveu em conjunto com as práticas silviculturais e o manejo florestal. Lembrando que, as decisões pautadas nos inventários também dependem da disponibilidade e confiabilidade dos dados coletados.
Os inventários florestais nacionais em geral, são os mais utilizados como base de dados para avaliar os elementos vitais da dinâmica florestal, volume da biomassa, o estoque de carbono e as emissões de gases do efeito estufa.
No entanto, a avaliação e estimativas destas variáveis mediante a realização de inventários se tornam um grande desafio para os países em desenvolvimento, pela falta de um sistema de coleta de dados no campo e indisponibilidade de imagens a fim de gerar seu histórico temporal.
Armazenamento de carbono
Para estimar o estoque e a taxa de sequestro de carbono pelos ecossistemas florestais, pode-se utilizar várias técnicas a qual podemos classificar de direta e indireta. A técnica de medição direta baseia-se na coleta, pesagem e análise de amostras da biomassa para estimar a biomassa total e o fluxo de CO₂. Sua grande vantagem é a imparcialidade e precisão, embora sejam análises consideradas destrutivas e onerosas. Essa técnica limita-se em escala, por isso requer base de dados adicionais para estimar a níveis paisagísticos e regional por exemplo, o que pode ser feito com o auxílio dos dados coletados nos inventários.
Além disso, os métodos para a realização do inventário florestal exigem esquemas de amostragem detalhados para reduzir as incertezas e fornecer dados imparciais, a fim de gerar estimativas de estoque de carbono presente na biomassa, condizentes com a realidade.
Os inventários são economicamente viáveis e fornecem resultados confiáveis. A maioria dos países desenvolvidos realizam inventários nacionais regulares, com o intuito de avaliar o desenvolvimento e crescimento das florestas. A base de dados deve ser consistente e confiável, afinal, a partir da estimativa da biomassa presente na área é que será obtido a quantidade de carbono daquela região.
Na tabela abaixo, verifica-se o resumo dos diferentes métodos para estimar o estoque de carbono nas florestas.
O inventário florestal é um dos principais métodos para estimar o estoque de carbono nas florestas e requer dados históricos e regionais. Sendo que, a melhor forma de se fornecer avaliações precisas e não tendenciosas a longo prazo, é a partir da realização do inventário florestal contínuo com parcelas permanentes. As parcelas permanentes são unidades amostrais, onde se efetua coleta periódica de dados quantitativos e qualitativos envolvendo alterações temporais na vegetação arbórea. Tais dados, reunidos a outras informações advindas de ensaios silviculturais e estudos fenológico/ecológicos, possibilitam a construção de modelos que refletem a estrutura e a dinâmica das florestas.
Em uma simulação realizada para o período de 1990 a 2004 por Higuchi (2004), para uma área equivalente a 18,2% da floresta Amazônica, verificou-se que essa região teria capacidade de sequestrar 120 milhões de toneladas de carbono por ano. Este valor corresponde ao dobro da emissão de carbono pela queima de combustíveis fósseis no Brasil, no período citado. Essas estimativas foram fantásticas, o problema é que, ao longo dos últimos anos, o cenário da degradação e desmatamento prevaleceram na Amazônia. Ou seja, devemos considerar que as florestas, embora sejam sumidouros de carbono e importantes meios de mitigar as mudanças climáticas, são ecossistemas florestais vulneráveis aos efeitos adversos causados pelas atividades antrópicas e pelas mudanças climáticas, afetando diretamente seu ciclo de vida e estoque de carbono.
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