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Florestas Verticais: Proposta de Arquitetura Sustentável

Em 24 de setembro de 2024

As florestas verticais têm se destacado como uma proposta inovadora na arquitetura sustentável. A partir desta iniciativa, busca-se não apenas transformar o perfil estético das cidades, mas contribuir significativamente para a preservação ambiental e a qualidade de vida urbana. Desta forma, o verde se sobressai em meio às “selvas de pedra”.

Os grandes centros e a arquitetura sustentável

O crescimento acelerado das cidades tem levado a uma série de desafios ambientais e sociais. O aumento da poluição do ar, a degradação dos espaços verdes e a elevação das temperaturas urbanas são apenas algumas das questões que as metrópoles enfrentam atualmente. Com a expansão urbana, o espaço para áreas verdes diminui enquanto o desequilíbrio ambiental aumenta.  Por conseguinte, prejudica a saúde e o bem-estar da população.

Nesse sentido, a demanda por projetos de arquitetura mais sustentável desponta. Entre as estratégias adotadas estão o uso de materiais ecoeficientes, a implementação de sistemas de energia renovável e a integração de áreas verdes no projeto urbano. Martelli e Delbim (2022), apontam que a arborização de centros urbanos acarreta inúmeros benefícios para a população, como a redução de doenças cardiovasculares. Além disso, observa-se efeitos como redução da poluição sonora, elevação da umidade do ar e promoção de microclima mais agradável.

Segundo Tsuda (2010), o verde se tornou um elemento valorizado pelo mercado imobiliário. A autora ainda conclui que a busca por essas áreas é um produto da própria escassez encontrada em grandes centros urbanos. Frente a isso, as florestas verticais se destacam como uma inovação significativa dentro dessa abordagem, oferecendo uma nova forma de incorporar vegetação nas áreas urbanas.

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Benefícios das florestas verticais

A característica mais notável das florestas verticais talvez seja sua capacidade de enfrentamento à poluição. Outros exemplos são:

  • Melhoria da qualidade do ar: através da atividade fotossintética dos vegetais, filtram gás carbônico e liberam oxigênio. Ademais, as plantas têm a capacidade de filtrar poluentes e partículas suspensas no ar. Em ambientes urbanos, onde a poluição é intensa, a presença de vegetação vertical pode ajudar a mitigar os efeitos negativos da poluição atmosférica.
  • Redução das ilhas de calor: devido às construções e concentração de atividades antrópicas, além da redução de vegetais e corpos hídricos, as zonas urbanas apresentam temperatura maior comparadas às zonas rurais. As florestas verticais podem ajudar a reduzir esse efeito, proporcionando sombreamento e resfriamento natural através da evapotranspiração das plantas.
  • Conservação da biodiversidade: as florestas verticais criam novos habitats em ambientes urbanos, permitindo a presença de diversas espécies de plantas e animais que não seriam encontradas naturalmente nessas áreas. Isso contribui para a conservação da biodiversidade e oferece oportunidades para a observação da vida selvagem em contextos urbanos.
  • Benefícios psicológicos e sociais: a presença de vegetação nas cidades tem efeitos positivos sobre a saúde física, mental e o bem-estar geral dos habitantes. O contato com a natureza pode reduzir o estresse, melhorar o humor e aumentar a sensação de felicidade. Além disso, possibilita a conexão com a natureza com grande população. 

Isso tudo de maneira integrada à questão estética, a partir do projeto paisagístico

Importância das florestas verticais

Do ponto de vista estético, as florestas verticais oferecem uma nova perspectiva sobre o design urbano. Elas transformam a paisagem das cidades, trazendo um elemento natural que contrasta com o concreto e o aço. Além disso, as florestas verticais incentivam a pesquisa e o desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas de construção sustentável. Esses projetos também servem como recursos educacionais, mostrando ao público e aos profissionais da arquitetura as vantagens de integrar a natureza em ambientes urbanos. Também, podem ser referências para a Educação Ambiental em espaços não formais para crianças, jovens e adultos.

Diante o exposto, percebe-se que as florestas verticais desempenham um papel crucial na transformação das áreas urbanas. Considerando a urbanização crescente e espaços limitados, as florestas verticais são uma são vistas como solução eficaz para maximizar o uso do espaço e promover a sustentabilidade em um ambiente urbano. Dessa forma, também é capaz de reduzir a pegada de carbono e ajudar a enfrentar desafios climáticos globais. Ademais, pode-se afirmar que promovem a resiliência das cidades.

Exemplos pelo mundo

O maior exemplo é o Bosco Verticale, localizado em Milão, na Itália. Projetado por Stefano Boeri, o complexo de dois arranha-céus é revestido com mais de 9.000 árvores, 14.000 arbustos e 40.000 plantas de diversas espécies. Há também: Edifício Santalaia, Bogotá, Colômbia; Easyhome Huanggang Vertical Forest City Complex, Huanggang, China; One Central Park, Sydney, Austrália.

Considerações finais

Infere-se, então, que as florestas verticais representam uma abordagem inovadora e eficaz frente aos desafios ambientais atuais. Portanto, a importância dessas estruturas vai além da estética, refletindo um compromisso com um desenvolvimento mais sustentável e uma maior resiliência climática. À medida que as cidades continuam a crescer, as florestas verticais podem desempenhar um papel crucial na construção de um futuro mais verde.

Links relacionados:

Martelli e Delbim. Arborização favorece redução de doenças cardiovasculares em moradores dos centros urbanos. 2022.

Tsudo. A apropriação das áreas verdes pelos condomínios residenciais verticais no município de São Paulo. 2010

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Autor(a)

Licenciada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Itajubá (UNIFEI), professora de Ciências da rede pública e redatora do Mata Nativa. Guiada pelos pilares da sustentabilidade, acredito que a Educação Ambiental seja a chave para a transformação e formação de cidadãos mais críticos e engajados com as pautas ambientais. Atuei com o desenvolvimento de planos setoriais urbanos e criação de cursos para comunidades tradicionais. Também participei de projetos de extensão, organizações não governamentais e dediquei-me a realizar pesquisas sobre Unidades de Conservação e Educação Ambiental.
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