O Brasil é um dos principais produtores mundiais de painéis, celulose e papel, com exportações que trazem relevante contribuição para a balança comercial e geram muitos empregos e renda em todas as regiões do País. Por sua relevância para o desenvolvimento ambiental, social e econômico nacional, o setor tem investido também para transformar subprodutos e resíduos dos processos industriais em produtos inovadores, renováveis e que contribuam para o fortalecimento de uma economia de baixo carbono.
Neste contexto, os produtos originários das árvores, ganham importância principalmente na substituição das matérias-primas fósseis. Um bom exemplo é a indústria siderúrgica a carvão vegetal de árvores plantadas ou o uso de biomassa para geração de energia, que evita fontes fósseis como carvão mineral e o óleo combustível. Nos parques fabris, o setor tem buscado inovar e aumentar a eficácia da tecnologia utilizada em todo o processo produtivo. Diversos ramos do setor já se aproximam da autossuficiência energética, com foco especial na substituição de fontes fósseis por renováveis, como o licor negro, subproduto da produção de celulose, e a biomassa florestal.
As florestas acumulam biomassa através da fotossíntese. O acúmulo é diferente em cada local onde ela é medida, refletindo uma variação causada por diversos fatores ambientais e por fatores inerentes à própria planta. Ele é influenciado por todos aqueles fatores que afetam a fotossíntese e a respiração, a exemplo luz, temperatura, concentração de CO₂ do ar, umidade e fertilidade do solo, fungicidas, inseticidas e doenças, além de fatores internos, que incluem a idade das folhas, sua estrutura e disposição; a distribuição e o comportamento dos estômatos; o teor de clorofila; e a acumulação de hidratos de carbono.
A avaliação do potencial produtivo de um sítio ou local, por meio da produção de biomassa, é fundamental no manejo e planejamento das indústrias de base florestal, especialmente quando se tem conhecimento da distribuição de biomassa nos componentes da árvore, em sequência de idade.
Quantificação da biomassa e carbono
As quantidades de biomassa e carbono presentes na parte aérea e sistema radicular de uma árvore podem ser obtidas através do método destrutivo ou do método indireto.
O método destrutivo implica, necessariamente, na seleção e derrubada de árvores-amostra para obtenção dos dados, já o método indireto é preferencialmente utilizado para facilitar o trabalho de campo e diminuir o custo de coleta de dados, utilizando modelos de regressão, lineares ou não-lineares, cujas variáveis independentes são as características diretamente mensuráveis das árvores-amostra (diâmetro, altura, etc) e as variáveis dependentes, a biomassa expressa pelo peso de matéria seco dos seus componentes e a quantidade de carbono.
A seleção de árvores-amostra para obtenção de dados para o estudo da biomassa da parte aérea e do sistema radicular baseia-se, fundamentalmente, em três procedimentos básicos: seleção de um número de árvores igualmente repartidas em classes ou categorias de tamanho relativo às características do povoamento; seleção de um número de árvores, proporcionalmente às respectivas frequências nas classes ou categorias de tamanho; e a seleção de árvores baseadas em parâmetros fitossociológicos, no caso de florestas tropicais naturais.
O livro Dendrometria e Inventário Florestal, explica que, embora existam diferentes metodologias para a determinação da biomassa do fuste, incluindo a madeira e a casca, a seguinte metodologia apresenta maior operacionalidade, bem como menor custo na coleta de dados. Assim, tem-se a seguinte sequência de operações:
- Cubar rigorosamente o fuste da árvore para obter o volume com casca, o volume sem casca e o volume de casca.
- Retirar discos de madeira de 2,5 cm de espessura a 0, 25, 50, 75 e 100% da altura comercial da árvore.
- Retirar, de cada disco, amostras (cunhas) contendo casca e madeira para a determinação, em laboratório, da densidade básica média da madeira e da casca em cada ponto de amostragem do fuste.
Uma vez realizadas a coleta dos dados de campo e as análises laboratoriais, a biomassa de folhas, galhos e raízes das árvores-amostra pode ser obtida pela seguinte expressão:
Em que: PS(c) = biomassa, em kg; PU(c) = peso de matéria úmida de folhas, galhos e raízes, em kg; PU(a) = peso de matéria úmida da amostra levada ao laboratório, em kg; e PS(a) = peso de matéria seca da amostra, em kg.
A biomassa da madeira e da casca dos fustes das árvores-amostra, por sua vez, pode ser obtida pela seguinte expressão:
Em que: PS(c) = biomassa da madeira ou da casca, em kg; V = volume de madeira ou da casca, em m3; DBMT = densidade básica média da madeira, em kg/m³; e DBC = densidade básica da casca, em kg/m³.
O teor de carbono de diferentes partes da árvore pode ser obtido através de análises químicas. No entanto, segundo a literatura, o teor de carbono elementar presente na constituição da matéria seca (biomassa) de diferentes partes da árvore está em torno de 50%, isto é, para cada tonelada de matéria seca, cerca de 0,5 tonelada é carbono.
Diante do potencial das nossas florestas, é importante que se faça uma revisão das políticas de incentivo ao consumo de produtos de fontes renováveis e de biomassa florestal, criando oportunidades de diversificação no mercado consumidor com foco na economia de baixo carbono, estimulando a demanda por madeira e por fibras.
Leia também: Dendrocronologia a História que as Árvores Contam
Referência Bibliográfica:
- SOARES, C.P.B.; PAULA NETO. F.; SOUZA, A.L. Dendrometria e inventário florestal. 2. Ed. Viçosa: Editora UFV. 2011. 272 p.
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