No Inventário Florestal, a identificação de espécies botânicas é uma etapa de extrema importância, visto que a lista florística é a base para o inventário, e a partir dela é que serão tomadas as decisões ligadas à intervenção, quando for o caso, e também às técnicas para conservação e manejo florestal.
Muitas vezes, a identificação é realizada no campo mesmo, utilizando nomes vulgares de ocorrência local, porém, devido à grande extensão do território nacional um mesmo nome vulgar pode ser utilizado para espécies diferentes com ocorrência em diferentes regiões.
Diante disso, é recomendável que, durante a campanha de campo, sejam realizadas coletas de materiais botânicos, como ramos, frutos e flores (material fértil) para que seja feita a identificação ou, confirmação da identificação por especialistas da área ou, através de consultas em herbários físicos ou virtuais.
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Para coleta e identificação botânica, recomenda-se a coleta de material botânico de todas as espécies arbóreas que forem medidas e que sejam diferentes daquelas já coletadas em outras parcelas. Dessa forma, os indivíduos coletados no campo deverão ser etiquetados com fita crepe onde será escrito o nome de referência para posterior conferência. Uma forma muito comum de nomear é através da numeração crescente para indivíduos indeterminados e a referência do local de coleta. Como exemplo, uma árvore não identificada na parcela 03 do inventário, deverá ser coletada e etiquetada como: “Indeterminada 01 – Parcela 03”.
Como coletar
Conforme já mencionado, é recomendável a coleta de ramos adultos da árvore a ser identificada. Para ramos com baixo alcance, utiliza-se a tesoura de poda, para os ramos em locais de alto alcance, utiliza-se o podão para obtenção do material. Já para árvores muito altas, métodos alternativos como escalada e uso do estilingue, podem auxiliar na coleta.
Durante a coleta do material botânico, deve-se observar se as flores, frutos ou sementes pertencem de fato ao indivíduo onde foram coletados os ramos. Não é recomendável a coleta de material que esteja no chão, pois podem não pertencer ao mesmo indivíduo. Deve-se evitar a coleta de brotos (parte jovem da planta), material muito pequeno ou danificado, bem como amostras com vestígio de ataque por insetos, infestação por fungos e outros sintomas patológicos evidentes.
Dessa forma, ao definir a árvores onde será realizada a coleta do material botânico, o auxiliar de campo deverá etiquetar o ramo com fita crepe anotando o número da árvore, a parcela onde foi coletada, conforme mencionado anteriormente.
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Uma forma de enriquecer as informações para facilitar a identificação, é observar as características do indivíduo coletado, como hábito (arbóreo, arbusto ou subarbusto), presença ou não de exsudatos (tipo, cor e textura) e estrutura do fuste (presença de espinhos, sapopemas e estrutura de casca). Outra forma é uso de fotografia do troco, do ramo e da disposição das folhas no ramo, que, através do Mata Nativa Móvel é possível armazenar as fotos em uma pasta dentro do aplicativo que posteriormente será transferida para o software Mata Nativa 4, com a referência da parcela onde foi tirada a foto e feita a coleta do material.
Após coletados e etiquetados com a referência, os ramos devem ser acondicionados em sacos plásticos grandes, como exemplo, sacos de 50 litros de plástico mias grosso, para o transporte e posteriormente ser colocado na prensa entre papel jornal e papelão, com o objetivo de conservar características da planta por mais tempo e assim facilitar a identificação. Lembrando que frutos carnosos, quando coletados, devem ser armazenado em um frasco de vidro com álcool. As flores ou inflorescências, frutos secos e os que desprendem facilmente dos ramos devem ser armazenados em sacos de papel.
Armazenamento e transporte do material
Algumas regras são necessárias para que seja realizado o transporte até o herbário, quando for o caso, e armazenamento do material botânico de forma a conservar as características da espécie.
- Os procedimentos para acondicionar os ramos na prensa devem ser realizados o quanto antes, nunca deixar para o dia seguinte, pois a deterioração do material é inevitável;
- Retirar o material do saco plástico com cuidado, manipulando-o de forma cuidadosa para não danificar os ramos, evitando a perda de características da planta;
- Etiquetar o material com fita crepe e escrever as informações de forma legível para não gerar dúvidas na hora da identificação;
- Sempre tirar o excesso de folhas deixando os vestígios do pecíolo;
- Remover as folhas danificadas e ramos secundários;
- Em caso de materiais muito volumosos e de grandes dimensões, devem ser diminuídos para que possam ser enquadrados no tamanho da prensa. (A saber, as dimensões médias das prensas é de 40 cm X 30 cm);
- Caso as amostras sejam maiores que as dimensões da prensa, é recomendável que a amostra seja dobrada em forma de “N” ou “V”;
- Prensar as folhas de forma alternada, ou seja, algumas mostrando o lado dorsal e outras o lado ventral;
- Cada amostra deve ser prensada entre duas folhas de papel jornal, e entre cada amostra, recomenda-se o uso de folhas de papelão para maior absorção da umidade. Esse arranjo deve ser repetido entre as amostras para que seja feita a prensagem com prensas de madeira e elástico;
- Anotar no papel jornal as informações contidas na amostra e as informações observadas no campo;
- Em regiões de alta umidade é recomendável que as prensas com as amostras sejam acondicionadas em estufas de madeira para acelerar o processo de secagem do material, com o isso, reduzir a perda de características.
Diante do exposto, para realização de coletas de material botânico poderão ser útil os seguintes equipamentos: podão, tesoura de poda, canivete, estilingue, barbante, sacos plásticos, caneta nanquim, fita crepe, papel jornal, papelão, prensa de madeira e elásticos para prensagem.
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