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Como Funciona o Fomento Florestal?

Em 12 de outubro de 2024

O fomento florestal foi desenvolvido para suprir as demandas de matéria-prima das empresas do setor de base florestal por meio de programas de fomento. O fomento florestal promove a integração dos produtores rurais à cadeia produtiva. Com isso, eles adquirem vantagens ambientais, sociais e econômica.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), o fomento florestal atua de maneira integrada às atividades do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e com outras esferas de governo, em nível federal, estadual e municipal, setor privado, academia e agentes da sociedade civil organizada. Ele busca viabilizar uma economia de base florestal, aliada ao conhecimento sobre os recursos florestais e sua valorização e conservação.

O que são os programas de fomento?

Os programas de fomento são parcerias, atreladas a contratos, entre as empresas do setor de base florestal e pequenos e médios produtores rurais. Essas parcerias podem envolver o fornecimento de insumos, assistência técnica para a implementação e manutenção do plantio e regularização de passivos ambientais. Também envolvem questões relacionadas à certificação ambiental.

De acordo com a necessidade de cada produtor, pode-se integrar o cultivo da madeira a outras atividades. Por exemplo, lavoura, pecuária, produção de mel ou até mesmo com a plantação de diferentes espécies florestais.

Aquisição de matéria-prima

As empresas de celulose e siderúrgicas utilizam a madeira como matéria-prima da sua produção. Para garantir o abastecimento dessa matéria-prima, as empresas podem ter a sua produção própria, podem estabelecer contratos com terceiros ou podem adquirir no mercado.

A grande maioria das indústrias florestais utilizam um produto diferenciado, que possuem características específicas para suprir as suas demandas. Muitas vezes os produtos do mercado são indiferenciados. Portanto, adquirir matéria-prima no mercado nem sempre é uma boa opção.

Além disso, as indústrias florestais encontram dificuldades para a formação de grandes maciços florestais homogêneos próprios. Um dos motivos disso é o custo da terra e de sua manutenção. Outro motivo são as severas críticas às indústrias florestais por demandarem grandes extensões de terra para produção de madeira.

Desse modo, atualmente, a melhor opção para essas indústrias tem sido terceirização no processo produtivo.

Benefícios para a empresa

Além de suprimir a demanda de madeira, um dos principais benefícios do fomento florestal para as indústrias florestais é a redução de custos de produção. Isto porque ocorre a redução da necessidade de imobilização de capital em terras. Ademais, a empresa consegue concentrar seus esforços e recursos na sua atividade principal.

Uma outra vantagem muito importante é criação de integração e relacionamento com a comunidade.

Benefícios para o produtor

Para o produtor rural, os benefícios do fomento florestal referem-se ao aumento da renda, além da garantia de venda de madeira. Outros benefícios são: apoio e assistência técnica para produção de madeira; diversificação da produção; regularização ambiental e uso múltiplo da floresta.

Benefícios para a sociedade

A possibilidade de criação de novos negócios florestais de base madeireira e a geração de empregos fazem com que o fomento florestal também traga benefícios para a sociedade. Além disso, ocorre um desenvolvimento rural e uma capacitação de agricultores para a produção florestal. Tudo isso proporciona benefícios econômicos aos municípios por meio do efeito renda.

Benefícios para o meio ambiente

O meio ambiente também é um grande beneficiário do fomento florestal. A adoção de plantios florestais nas propriedades rurais favorece o desenvolvimento da consciência ambiental. Também, diminui a pressão sobre os recursos naturais e cria um estoque natural de carbono de alta capacidade.

Com a diminuição da pressão sobre os recursos naturais, evita-se o desmatamento de ecossistemas naturais e protege-se a biodiversidade, os recursos hídricos e o solo.

Ademais, o fomento florestal viabiliza a recuperação e aproveitamento de áreas degradadas, improdutivas, subutilizadas e inadequadas à agropecuária.

Benefícios econômicos

Entre os benefícios econômicos do fomento florestal, pode-se citar: abastecimento dos setores de papel e celulose, painéis de madeira e pisos laminados; ocupação, em geral, de áreas previamente degradadas e sem fins econômicos; geração de emprego e renda para pequenos agricultores; e cooperação na construção de uma economia verde.

Tipos de contrato

Existem diversos tipos de contrato estabelecidos entre as empresas e os produtores rurais. Geralmente, é de responsabilidade das empresas o fornecimento dos insumos. Por exemplo, mudas, adubos e formicidas. Além disso, as empresas garantem assistência técnica permanente aos produtos rurais. As empresas também podem realizar o pagamento total ou financiar a mão-de-obra, o trator, os levantamentos topográficos, a elaboração do projeto de plantio e a exploração das florestas plantadas.

As responsabilidades dos produtores rurais são destinar parte das áreas não utilizadas pela agropecuária para o plantio das mudas, realizar a contratação da mão-de-obra para plantar as mudas e manter e explorar a floresta.

Em alguns contratos, os produtores rurais repassam, após o primeiro ciclo de corte, uma porcentagem do volume total da floresta como pagamento das despesas, ficando de posse do restante. Em outros contratos, pode existir o compromisso de venda e entrega da madeira, proveniente do primeiro corte, à empresa contratante. Já em outros, a empresa realiza a colheita da floresta, desde o corte até o transporte, ficando com uma porcentagem da produção como reembolso dessas despesas, e o restante da produção o produtor rural vende para a empresa, a preço de mercado, na época de cada corte.

Tipos de fomento florestal

1 – Fomento florestal público

 A iniciativa pública, em nível estadual ou federal, tem sido um importante agente no estabelecimento efetivo de programas de reflorestamento para pequenos e médios produtores rurais, tanto pela criação de programas específicos capitaneados pelas autarquias ambientais e de extensão, como pela liberação de créditos rurais específicos para a atividade florestal.

Esse tipo de fomento apresenta vantagens econômicas para o produtor, como: mercado garantido, incentivos de recursos (mudas, adubo, formicida e assistência técnica), recebimento de adiantamento financeiro, utilização da madeira na propriedade, alternativa de renda na propriedade, geração de emprego, consórcio com outras culturas.

2 – Fomento florestal privado

O fomento promovido pelas empresas apresenta inúmeras modalidades ou variações de contratos, embora todas sigam a mesma forma básica de fornecer mudas, adubo, assistência técnica, etc. Porém, alguns dos contratos são mais flexíveis e mais interessantes para o produtor. Dentre alguns aspectos que devem ser observados no contrato de fomento, citam-se: prazo de vigência do contrato (horizonte de planejamento, contemplando um, dois ou mais cortes), adiantamento financeiro e a forma de ressarcimento, as operações silviculturais exigidas, os recursos oferecidos sem ressarcimento, o percentual de madeira que se pode utilizar na propriedade, o mecanismo de seguro da floresta, a forma de colheita e transporte da madeira, os preços previstos e as multas pelo não cumprimento do contrato, dentre outros aspectos.

3 – Fomento florestal pela parceria público-privada

Existem programas de fomento envolvendo convênio entre o poder público e a iniciativa privada, particularmente em Minas Gerais, devido às diversas opções previstas para a destinação e aplicação de recursos oriundos da reposição florestal.

Dentre as variadas parcerias de fomento florestal atualmente em vigor, merecem destaque aquelas estabelecidas entre empresas privadas do setor florestal e produtores rurais localizados no seu entorno. Isto pela estruturação e representação econômica para os agentes diretamente envolvidos. Embora existam variações entre os tipos de contratos estabelecidos entre as empresas e os fomentados, basicamente estes programas são sustentados pelas garantias de venda da madeira produzida por parte do produtor, bem como o suprimento complementar do volume demandado pela empresa.

Fomento florestal em números

De acordo com a Indústria Brasileira de Árvores (IBÁ), em 2021, os investimentos socioambientais de companhias do setor de árvores cultivadas beneficiaram 5,9 milhões de pessoas. Do total de R$331milhões investidos, R$112,2 milhões foram destinados para o programa de fomento florestal, que impactou positivamente quase 2 milhões de pequenos produtores, diversificando o uso da terra e a renda. Além disso, ações voltadas para o desenvolvimento econômico, ambiental, de saúde, sociocultural, entre outros, impulsionam a capacitação de mão de obra, melhoram o desenvolvimento financeiro-econômico local, além de aumentar a qualidade de vida, a renda das famílias, e a oferta de emprego.

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Autor(a)

Engenheira Florestal pela Universidade Federal de Viçosa (UFV), com um período internacional na Universidad de Córdoba (UCO), na Espanha. Mestre em Ciência Florestal, com ênfase em Incêndios Florestais, pela UFV. Gosta de atuar na área de Conservação da Natureza, mas sempre com “um pezinho” no Manejo Florestal. Tem experiência em incêndios florestais, inventário florestal, inteligência artificial, Sistema de Informação Geográfica (SIG) e gestão.
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