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Os Desafios e Contradições do Manejo Florestal Sustentável na Amazônia

Por Marina Stygar Lopes

Em 4 de junho de 2019
Os Desafios e Contradições do Manejo Florestal Sustentável na Amazônia

A Amazônia, habitada por 25 milhões de brasileiros, abrange geograficamente 60% de todo o território nacional. A região convive com uma enorme contradição, visto que é riquíssima em recursos naturais – uma das mais cobiçadas do planeta – mas carece de soluções concretas de desenvolvimento à altura de sua importância ambiental, social e estratégica.

A nível mundial, temos que a Amazônia é tema de enorme centralidade e geradora de grande interesse devido ao contexto de grande exploração dos recursos naturais do planeta. Atualmente, a extração da madeira está entre as principais atividades econômicas da Amazônia, seguida pela mineração e agricultura. Assim, soluções de manejo florestal fazem parte de toda uma discussão para viabilizar um modelo de desenvolvimento mais adequado para a região, visando uma redução nos impactos ambientais.

Porém, o desafio de transformar o capital natural da Amazônia em ganhos econômicos e sociais de maneira ambientalmente sustentável é singular. Não existe um ‘modelo’ a ser copiado, pois não há sequer um país tropical desenvolvido com economia baseada em recursos naturais diversificados, principalmente de base florestal.

Mas o que define um manejo florestal sustentável? Vejamos a seguir mais sobre este assunto.

Interpretação de Cálculo do Inventário Florestal: Estrutura horizontal

O que é o manejo florestal sustentável???

Trata-se de um modelo que permite a exploração racional com técnicas de mínimo impacto ambiental sobre os elementos da natureza. Uma definição mais precisa de manejo se encontra no decreto que regulamentou a exploração das florestas da Bacia Amazônica. Neste documento, o termo manejo florestal sustentável é definido como a administração de florestas para a obtenção de benefícios econômicos e sociais, respeitando-se os mecanismos de sustentação do ecossistema. Esta definição deixa claro que para ser sustentável, o manejo deve ser economicamente viável, ecologicamente correto e socialmente justo.

Teoricamente, o manejo florestal sustentável prioriza a permanência da floresta em pé, já que sua existência é o que garante a sobrevivência econômica da atividade. Também possibilita que as populações nativas vivam dos recursos proporcionados pela própria floresta, evitando sua derrubada e contribuindo para que a floresta seja preservada ao lhe conferir valor econômico.

O manejo florestal sustentável vem sendo promovido em várias formas. Uma é por contratos que são concedidos às empresas com base em licitação competitiva em Florestas Nacionais (FLONAs), com planos de manejo, especificando uma rotação de 30 anos sendo exigida pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), do governo federal. As florestas equivalentes em nível estadual (FLOTAs) têm exigências similares feitas por órgãos estaduais análogos. Grandes empresas também podem obter licenças para explorar madeira em terras privadas, onde um plano de manejo é aprovado pelo órgão ambiental do governo estadual, exigindo também um ciclo de 30 anos.

Veja também: Medida Provisória 867, a preocupação dos ambientalistas

Em teoria, a área a ser manejada é dividida em 30 parcelas, e a colheita seletiva é realizada em uma parcela a cada ano, tal que no final do ciclo, a primeira parcela estará recuperada, até um estado de equilíbrio, e poderá ser explorada novamente.

O fluxo contínuo de renda pagará para o manejo de toda a área e, supostamente, garantirá uma continuação indefinida do sistema. Porém, nem tudo são flores. Apesar do modelo de manejo estar sendo melhorado ano após ano, na prática, no manejo florestal sustentável ainda existem diversos problemas que não garantem o tripé da sustentabilidade, gerando opiniões distintas acerca do assunto.

“Sustentável” em que sentido?

O manejo sustentável está sendo promovido em larga escala como uma alternativa ao desmatamento e como a fonte para madeiras tropicais para o Brasil e para os mercados de exportação. A maior parte da exploração madeireira na Amazônia ainda é praticada de forma destrutiva, focada numa visão comercial e imediatista. Hoje, 80% da exploração é feita de forma ilegal em áreas onde a retirada das árvores não foi previamente autorizada. Portanto, com relação a outras formas de manejo utilizadas temos que, realmente, o manejo florestal sustentável, reduz muito o impacto ambiental sobre a floresta amazônica.

Como já dito anteriormente, uma área leva 30 anos para ser novamente explorada. Como apenas as árvores com mais de 50 cm de diâmetro são extraídas, no máximo, seis árvores por hectare, neste modelo de manejo, serão derrubadas. Além disso, 5% da vegetação da área também é retirada para o transporte das toras e para a construção de pátios. Assim, a cobertura vegetal permanece, conservando os mananciais e as espécies.

Portanto, o manejo florestal sustentável implica em uma exploração cuidadosa, de impacto ambiental reduzido e faz com que esse tipo de manejo possua inúmeras vantagens. Dentre elas, pode-se destacar o aumento da matéria orgânica do solo, o controle de erosão, por reduzir impactos das chuvas e o escorrimento superficial, a diversificação na produção, a proteção de fontes e bacias hidrográficas e a redução de temperaturas extremas do ar e solo. A aplicação de tratamentos silviculturais potencializa a regeneração da floresta. O monitoramento controla a regeneração e ajuda o manejador na tomada de decisões técnicas e comerciais.

Para saber mais: O que é Manejo Florestal Sustentável

Por outro lado, é fácil apontar uma fragilidade nesse sistema visto que estamos falando de uma floresta heterogênea, onde cada espécie segue seu ritmo de crescimento, desenvolvimento e reprodução. Facilmente chegamos à conclusão que o período de 30 anos que TODAS as espécies exploráveis têm para se desenvolver não é suficiente.

Assim, para algumas pessoas o termo “sustentável”, universalmente enfatizado na nomeação e descrição destes planos, muito raramente é correspondido com uma probabilidade real do sistema de produção continuar em longo prazo.

O problema fundamental apontado aqui é a contradição entre a taxa nas quais as árvores amazônicas manejadas podem crescer e o tempo em que se leva para retornar a mesma região a fim de se realizar uma nova exploração de madeira. A taxa em que as árvores crescem (cerca de 2% ao ano) é limitada pela biologia, e não tem nenhuma conexão com as taxas de desconto (na ordem de 10% ao ano em termos reais) utilizadas na tomada de decisão financeira. Este desencontro entre taxas pode destruir um recurso natural potencialmente renovável, como uma floresta tropical.

Outra fragilidade é o fato de que estas árvores têm levado séculos para crescer sem nenhuma despesa para a empresa madeireira, e o primeiro ciclo de exploração madeireira, portanto, será mais rentável do que ciclos subsequentes, onde o volume de madeira que é colhido corresponde àquilo que cresceu enquanto o gestor investia na manutenção do sistema. As espécies ipê roxo, jatobá, freijó cinza e cedro vermelho – com maior valor no mercado – costumam ser aproveitadas no primeiro ciclo de cortes.

Além do mais, o período de 30 anos de retorno para a primeira faixa é dita como a fase de recuperação da mata, porém outras espécies de menor valor econômico e de crescimento mais rápido acabam ocupando o espaço daquelas de maior valor agregado, podendo levar a uma pressão maior para obtenção de novas áreas de manejo ou fazer com que a exploração se interiorize mais.

O grande desafio

Nesse contexto, os governos dos países amazônicos precisam ter inteligência e assumir, em definitivo, a importância estratégica da região para o seu próprio futuro e para o mundo. Este rico patrimônio natural representa um gigantesco potencial econômico. Portanto, o desafio brasileiro é tentar – com a contribuição crucial da ciência, da tecnologia e da inovação – a construção de bases sustentáveis e tecnologicamente avançadas, com oferta de soluções criativas e inovadoras para os crônicos problemas sociais e ambientais.

Portanto, a Amazônia segue o seu desafio de encontrar o modelo mais adequado para o desenvolvimento da região. É preciso conhecer melhor suas potencialidade e vulnerabilidades, privilegiar os conhecimentos tradicionais e científicos, ao mesmo tempo reunir forças para um desenvolvimento mais sustentável, onde o econômico, o social e ambiental possam efetivamente integrar o mesmo elo.

 

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Autor(a)

Marina Stygar Lopes

Engenheira Florestal pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Gestão Florestal, Mestra e Doutoranda em Engenharia Florestal também pela Universidade Federal do Paraná. Dedica sua pesquisa ao estudo da nanotecnologia aplicada aos recursos florestais. Anteriormente a carreira acadêmica trabalhou com inventários florestais em diversas regiões do Brasil. Atualmente, também atua como redatora do blog Mata Nativa.

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